Por Reuters
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira que o Mercosul enviará à União Europeia uma contraproposta sobre o acordo comercial há muito adiado entre os dois blocos nas próximas duas ou três semanas.
Em entrevista coletiva em Bruxelas, onde participou da reunião de cúpula entre a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a UE, Lula também disse acreditar que o bloco europeu concordará com a contraproposta a ser apresentada pelo Mercosul, bloco formado além do Brasil por Argentina, Paraguai e Uruguai.
A UE e o Mercosul concluíram as negociações em 2019, mas o acordo foi suspenso devido a preocupações com o desmatamento da Amazônia e o compromisso do Brasil com as ações de mudança climática.
“A Europa tinha feito uma carta agressiva. A carta que a Europa fez para o Mercosul era uma carta que ameaçava com punição se a gente não cumprisse determinados requisitos ambientais. E a gente disse para a União Europeia que dois parceiros estratégicos não discutem com ameaças, a gente discute com propostas”, disse Lula aos jornalistas.
“Nós fizemos a resposta brasileira, a resposta brasileira está sendo discutida com os quatro países e depois nós vamos, daqui a duas ou três semanas, entregar definitivamente a proposta para a União Europeia”, afirmou.
Lula voltou a afirmar que o bloco sul-americano não abre mão de manter o controle sobre as compras governamentais em um eventual acordo, e repetiu que as aquisições do governo são estratégicos para o processo de reindustrialização do Brasil.
Lula, que foi eleito no ano passado, prometeu reformular a política climática de seu país e zerar o desmatamento da Amazônia até 2030.
A Comissão Europeia propôs em uma carta adicional a inclusão de um anexo ao acordo para mostrar os compromissos com o desmatamento e outras áreas de sustentabilidade e está aguardando a resposta do Mercosul.
Lula voltou a afirmar que o Mercosul “não aceita” a carta adicional enviada pela UE, ao mesmo tempo que manifestou otimismo que o acordo possa ser concluído ainda neste ano, durante a presidência brasileira do Mercosul.
“Estou otimista, estou muito otimista. Pela primeira vez estou otimista de que a gente vai concluir este acordo ainda este ano”, afirmou.
“Nós fizemos uma carta-resposta e achamos que a União Europeia tranquilamente vai concordar com a nossa resposta.”
Embora a cúpula UE-Celac tenha marcado uma nova era de maior cooperação política e econômica entre os líderes europeus, latino-americanos e caribenhos, a reunião foi obscurecida por disputas sobre como lidar com a guerra da Rússia na Ucrânia.
Lula irritou os países ocidentais no início deste ano quando sugeriu que o Ocidente estava incentivando a guerra ao enviar armas para a Ucrânia.
Na entrevista após a cúpula UE-Celac, Lula voltou a defender a criação de um grupo de países para “no momento certo convencer a Rússia e a Ucrânia de que a paz é o melhor caminho”.