Por Sheyla Santos
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), voltou a criticar, na tarde desta segunda-feira, em entrevista à Globonews, o atual patamar da taxa de juros e disse que o Banco Central terá que reagir à proposta de arcabouço fiscal.
“O espaço que temos hoje para garantir o crescimento econômico é a redução da taxa de juros”, disse. “Em primeiro lugar, a autoridade monetária vai ter que reagir à nova regra fiscal. Não é possível manter a taxa de juros indefinidamente com as taxas de inflação que hoje estão no mercado. Em segundo lugar, o Congresso vai ter que tomar decisões.”
Segundo Haddad, o texto do arcabouço ainda está sendo redigido por técnicos, que irão aproveitar a falta de sessão no Congresso nesta semana para deixar o texto “mais robusto”. A expectativa é que seja encaminhado ao parlamento, no máximo até 15 de abril – data limite para o envio do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias pelo Executivo.
O ministro comentou ainda sobre as fontes de arrecadação que o governo está mirando para atingir a meta proposta no arcabouço fiscal, apresentado na última quinta-feira. Segundo o chefe da pasta, além da redução da taxa de juros, há espaço para a economia crescer por meio da PEC da transição e das aprovações do arcabouço fiscal e da reforma tributária.
À jornalistas, após a entrevista, afirmou que há um trabalho para taxar empresas de comércio eletrônico consideradas contrabandistas, o que custaria ao país entre R$7 bilhões e R$8 bilhões por ano. Na semana passada, Haddad disse que busca medidas que tragam receitas entre R$100 bilhões e R$150 bilhões anuais.
Ainda à GloboNews, ele voltou a falar que, para aumentar a arrecadação prevista no arcabouço fiscal e zerar o déficit, irá trabalhar em medidas saneadoras, como por exemplo despatrimonializar o orçamento público e cobrar impostos de setores que hoje não pagam, como o de apostas online e de comércio eletrônico. “Há 10 anos, estamos só errando muito, então é preciso acertar agora”, finalizou.
Haddad defendeu também a importância do investimento privado sobre o investimento público. “A economia brasileira vai crescer com investimento público, mas a gente tem que contar com o investimento privado. Se ele cair, não vai ser o investimento público que vai compensar a queda”, afirmou.