Por Márcio Aith
O presidente do Conselho de Administração do Bradesco (BBDC4), Luiz Carlos Trabuco, disse hoje que o custo de capital no Brasil é elevadíssimo, e chega a ser proibitivo para a indústria, comércio, agronegócio e consumidores.
A declaração foi feita em discurso na primeira reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o chamado Conselhão. Além do presidente da República, estavam presentes lideranças empresariais, como Luiza Trajano, e sociais, como o blogueiro Felipe Neto.
Trabuco afirmou ainda que o Brasil vive um momento de “inflexão” e que a geração de emprego e renda é a unica forma de “transformar pobres em consumidores”.
Apesar da crítica que fez aos juros atuais,Trabuco pediu paciência aos críticos e observadores em relação às políticas fiscal (Governo) e monetária (Banco Central) do país, e disse que é necessária uma visão flexível e sem preconceitos.
Leia o discurso de Trabuco na íntegra:
A volta deste Conselho pela inciativa do presidente Lula é absolutamente salutar do ponto de vista democrático, abrindo portas para a manifestação de setores da sociedade aqui representados.
As instituições que formam nosso PIB podem neste quórum apontar caminhos e formar consensos contribuindo para a serenidade da gestão pública.
A história brasileira é uma história de crises, superações e sucesso. Este é um momento de superação. O novo arcabouço fiscal sinaliza equilíbrio e estabilidade da dívida interna; a dívida externa não é problema; as reservas internacionais são um bônus; e as dúvidas internas vão sendo superadas.
Já a dívida social é histórica e gritante. O resgate se fará com políticas públicas de inclusão e redução das desigualdades. Ela só será endereçada com crescimento.
Geração de emprego e renda é a única forma de transformar pobres em consumidores. Nesse sentido, não podemos ficar presos a preconceitos das políticas fiscal e monetária.
Apelamos para o bom senso e paciência dos observadores e críticos em relação as políticas fiscal e monetária, dentro de uma visão flexível, de modo a não sermos reféns, perdendo ponto de equilíbrio da natureza das coisas, do ambiente de negócios e do bom funcionamento da economia.
O custo de capital no país é elevadíssimo, chegando a ser proibitivo para a indústria, comércio e agronegócios. Estamos num ponto de inflexão. Peço uma reflexão. Não se trata de esperar pelas condições macroeconômicas ótimas, ideais para termos como ponto de partida. Não podemos ser reféns de dogmas, como mostra o histórico recente no enfrentamento das crises de 2008, a pandemia e a guerra.
Prioridade é o crescimento e inclusão social, e o mantra é fazer, fazendo.
O Brasil tem respostas, temos vantagens comparativas em relação a outros países e vamos trabalhar para que elas se tornem vantagens competitivas.
O agronegócio sustentável é competitivo e encanta o mundo. A indústria nacional tem na reindustrialização um espaço formidável. O comércio, o setor de serviços e a área financeira têm vantagens com o tamanho do mercado interno. A construção cível e a infraestrutura são alavancas rápidas para o crescimento do PIB, por isso precisamos ser ambiciosos nesse tema.
Ampliar e modernizar a infraestrutura ajuda na competitividade de outros setores.
Reforçamos aqui nossa esperança de que a busca do caminho do equilíbrio entre os pensamentos divergentes será aquela que nos abrirá as portas para o desenvolvimento econômico