O que é mais importante? ‘Top down’ ou ‘bottom up’?

Não adianta o setor entrar em um momento extremamente favorável do ciclo se a empresa que você investe estiver atolada em dívidas

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Por: Artur Losnak

No final do dia, o importante é ganhar dinheiro. Não importa se você joga dados, faz estudos profundos ou copia a estratégia do colega.

Obviamente, se você perder dinheiro você vai ter de entender o motivo da sua perda e tentar não repetir os erros. Por isso, entendo que preparar uma boa tese de investimento antes de fazer qualquer alocação é muito importante.

Entre os fatores de construção de teses de investimento estão as estratégias “top down” e “bottom up”.

“Top down” olha mais para o macro: qual será a dinâmica da taxa de juros, quais setores serão prejudicados/beneficiados com eventuais medidas do governo, quais teses terão boa performance estrutural (como farmácias em relação ao envelhecimento populacional).

Por outro lado, o “bottom up” olha mais para o específico das companhias: quem tem alavancagem controlada, quem consegue manter ou aumentar margens, quem ganhará “market share” de maneira sustentável.

Em um cenário ideal, seria ótimo tanto o top down quanto o bottom up serem favoráveis à sua tese de investimento, mas se for para escolher apenas um, ficaria com o bottom up. Não adianta o setor entrar em um momento extremamente favorável do ciclo se a empresa que você investe estiver atolada em dívidas, por exemplo.

Uma coisa que gosto muito de fazer é achar uma empresa boa em um setor cujo macro é desfavorável ao setor. Se ela sobreviveu em um ciclo negativo de mercado, é muito positivo. E o melhor: quando o macro virar, certamente terá uma boa performance e mercado se lembrará dela.

Eu utilizo a “técnica da cadeira”: o assento da cadeira é a tese de investimento (comprar ou vender determinado ativo) e os pés da cadeira são os argumentos para defender a tese de investimento.

Quanto mais “pés”, mais fácil a cadeira não cair.

Se meu único argumento, ou pé, de uma tese de investimento é o político ou aposta na queda de juros, caso esse argumento seja quebrado você não mais como defender a sua tese de investimento e a cadeira “cai”.

O ideal seria ter pelo menos quatro argumentos independentes já que, caso um ou outro seja quebrado, a sua tese ainda consegue ficar de pé.

Eu não vejo problema algum em apostar em algum evento político, mas esta não pode ser a única tese.

E como criamos os nossos “pés”? Tanto dos fatores macro quanto dos fatores micro. Se você conseguir encontrar argumentos positivos tanto no top down quanto no bottom up para comprar um ativo, você certamente terá uma boa tese de investimento.

*O conteúdo da coluna é de responsabilidade do colunista e não reflete o posicionamento do FLJ.