Por Felipe Pontes
A Braiscompany é uma empresa que diz fazer investimentos no mercado de criptomoedas, especificamente Bitcoin, num modelo um pouco estranho, ou não convencional, para ser mais polido nas palavras.
A pessoa interessada compra um valor mínimo de Bitcoins que ficam sob custódia da Braiscompany por no mínimo 12 meses, de modo que eles possam fazer operações de compra e venda (“trade”) de Bitcoins, para, em troca da cessão da custódia, o investidor receber mensalmente um valor que, desde 2019, foi de no mínimo 6% ao mês!
Gênios do trading! (Será?)
Além de serem vendidos como gênios do trading de Bitcoin, eles são vendidos também como gênios dos negócios, porque criaram uma empresa que funciona como se fosse uma imobiliária (SIC!). As pessoas que têm seus Bitcoins, comprados com eles, podem alugar esses Bitcoins como se fossem imóveis. Veja que inovador.
Sem preocupação nenhuma, magicamente, o dinheiro cai todo mês na conta do investidor. No mínimo 6% ao mês, vale ressaltar.
Como alguém poderia desconfiar de que isso é uma armadilha, né?
Agora os investidores estão sem receber seu dinheiro, bem como alguns funcionários também estão sem receber seu dinheiro pela Braiscompany, conforme relatos nas redes sociais e em veículos de mídia.
Nem os donos dos imóveis que a Braiscompany alugou passaram ilesos deste calote.
Que ironia…
Sequestraram o Toin da Braiscompany?
O CEO da Braiscompany Antonio Neto Ais, que costumava ser muito ativo nas redes sociais, parecia ter sido sequestrado. Não aparecia no feed do Instagram havia uma semana.
Porém ontem o CEO que está sendo chamado de Toin da Braiscompany (apelido usado para os Antônios, lá no Nordeste, assim como Tonho ou Toinho) resolveu reaparecer com uma mensagem motivacional típica dos adeptos da prática do charlatanismo, mas com comentários fechados (por que será?).
Isso me lembra até uma música antiga do forrozão Arriba Saia (“Sequestraram o Toin, sequestraram o Toin. O Toin é meu amigo”).
Por que a Braiscompany não é uma empresa de investimento segura e séria?
Existiam todas as evidências possíveis para qualquer pessoa que saiba ler e interpretar textos pudesse entender que estava entrando numa armadilha.
Eu e diversas outras pessoas já fazíamos alertas públicos desde 2019 sobre a Braiscompany.
Infelizmente as autoridades não agiram e muita gente entrou no esquema.
Tem gente que só aprende na dor.
Faziam oferta de investimentos disfarçados para fugir da regulação do mercado financeiro.
Prometiam dinheiro rápido, fácil e garantido. Quando se fala em renda variável, se entende que ela varia e eles nunca entregaram um mês sequer negativo. Todos os retornos desde 2019 foram positivos e de pelo menos 6% ao mês.
Contrato de vários meses para fazer a pessoa ficar presa e não pedir o valor do investimento de volta.
Esquema muito agressivo de captação de novos “clientes”, para poder dar sustentação aos pagamentos dos mais antigos.
Mas o principal ponto de atenção que você deve observar é a ostentação.
Vejam. Antonio Neto Ais, o Toin da Braiscompany, e sua esposa não são de família rica. Têm envolvimento político, mas são políticos de cidades muito pequenas do interior da Paraíba. Sua esposa até recebia dinheiro do bolsa família.
Como que do nada eles apareceram com tanto dinheiro para ostentar nas redes sociais?
Esses anos de Faria Lima me fizeram conhecer muita gente com muito dinheiro – muitos milhões de reais. Pessoalmente. Não é de ouvir falar por terceiros. Alguns são até bilionários.
Uma coisa em comum entre esses ricaços é que eles não ficam ostentando. Gente rica de verdade dificilmente fica ostentando. Especialmente em um país tão inseguro quanto o nosso.
Repare no que Antonio Neto Ais era quando promovia outros esquemas que também deram calote nos clientes:
Agora repare no novo estilo de Antonio Neto Ais, quando se tornou o Toin da Braiscompany, buscando passar uma imagem de rico e bem sucedido homem de negócios:
Gente. Atenção. Isso é um clássico. Fujam de ostentadores. Especialmente aqueles que são bregas.
Como se proteger de casos como esse da Braiscompany?
Aqui estão algumas dicas para que você nunca mais caia em furadas como essa da Braiscompany. Compartilhe com o máximo de pessoas que puder (se você gostar delas, lógico):
1. Cheque se a empresa que está te oferecendo tais investimentos têm autorização do Banco Central, da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ou é certificada pela Ânbima para fazer essas ofertas;
Garantia de rentabilidade não existe nem na renda fixa, imagine em criptomoedas como Bitcoin;
Rentabilidade alta. Geralmente a pessoa que te oferece esses esquemas mostra um histórico de rentabilidade passada MUITO ALTA. Desconfie sempre; e
Garantia de contrato registrado em cartório. Esse contrato não te garante nada no final das contas, porque o teu dinheiro sumirá e você provavelmente nunca mais o terá de volta; e
Sempre desconfie, inclusive de instituições financeiras grandes e conhecidas. Procure saber melhor sobre toda e qualquer oportunidade de investimento que alguém te forneça. Pesquise bem. Procure na internet e busque pessoas que entendem realmente do assunto e tenham histórico de reputação ilibada para te auxiliar, caso tenha dúvida.
Espalhe isso entre os seus amigos. Especialmente aqueles que adoram uma chance de ganhar dinheiro fácil e sem risco.
Muito políticos, órgãos de classe, artistas, músicos, humoristas e jogadores de futebol também precisam dar explicações com o motivo pelo qual ajudaram a promover o esquema da Braiscompany. Até a OAB de Campina Grande-PB ajudou a promovê-los.
A pergunta que fica (ainda) sem resposta é: por que vocês fizeram isso com o seu povo, que já sofre tanto?
Ah, já ia esquecendo. Como poderia esquecer?
Braiscompany, libera o dinheiro da galera e dos imóveis alugados. Vocês vivem fazendo viagens, ostentando carrões e aviões.
Façamos coro ao forrozão Arriba Saia:
Libera o Toim que eu te dou dez conto
Libera o Toim que eu te dou dez conto
Libera o Toim que eu te dou dez conto
Libera o Toim que eu te dou dez conto
Meu amigo eu não tenho condição de pagar isso tudo
Dá seus pulo meu véio!
10 conto cara?
10 conto cara!
Tudo bem, tudo bem
*O conteúdo da coluna é de responsabilidade do colunista e não reflete o posicionamento do FLJ