A diversificação como chave para balancear o risco/retorno do seu portfólio

Carteiras que abarcam investimentos do mercado de privados obtêm menos volatilidade em épocas de crise

Pixabay
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Por Oscar Decotelli

Historicamente, carteiras que abarcam investimentos do mercado de privados obtêm menos volatilidade em épocas de crise e chances maiores de retornos exponenciais. A fragilidade do mercado financeiro – ratificada pelas diversas crises, recessões e conflitos -, o aumento da oferta de produtos e de informação, e diferentes cases de sucesso foram apenas alguns fatores responsáveis pelo crescimento dessa modalidade.

Nos Estados Unidos, um dos grandes marcos responsáveis por evidenciar a necessidade de diversificação de carteiras em investimentos alternativos consistiu no sucesso da gestão do fundo de pensão de Yale, comandado por David Swensen. Em 1985, o criador do que ficou conhecido como “Modelo Yale” assumiu o fundo de 1,3 bilhões de dólares, numa época em que mais de 75% da carteira ainda estava alocada em títulos e ações. 

Ao longo dos anos, também inspirado na TMP – Teoria Moderna do Portfólio -, Swensen foi pioneiro em enfatizar a necessidade de distanciar as carteiras dos ativos tradicionais e da clássica combinação de títulos e ações. Ele cedo percebeu que a longa vida útil de um fundo de pensão lhe permitia concentrar-se em estratégias além do curto prazo, e que ele poderia tirar proveito da relação muitas vezes inversa entre liquidez e retornos. 

Neste cenário, David desviou o mix de ativos do fundo, designando uma grande parte da carteira para alternativos – que desde 2019 representavam cerca de 60% das alocações -, com o objetivo não só de aumentar o retorno esperado, mas também de reduzir os riscos. Assim, enquanto os títulos e ações representam hoje cerca de 10% da carteira do fundo de pensão de Yale, os ativos mais importantes consistem em private equity (17,5%), venture capital (23,5%) e hedge funds (23,5%).

O modelo tornou-se mais evidente para o público em 2020, quando a maioria das carteiras apresentou uma queda acentuada devido às consequências do coronavírus. O fundo de Yale, entretanto, apresentou um crescimento de cerca de 7% no final do ano fiscal e, em 2021, seus ativos atingiram o valor de USD 42,3 bilhões – o que representa um aumento de cerca de 40% quando comparado ao ano fiscal anterior e um retorno médio de 12,4% ao ano durante o período de 10 anos.

De acordo com a Universidade, a carteira atual tem um retorno esperado maior e menor volatilidade do que a observada em 1985, quando os investimentos alternativos representaram apenas 11%. Assim, com outros se apressando a replicar seu modelo ao longo dos anos,  Swensen teve um desempenho superior durante várias décadas e foi responsável pela remodelação da indústria de investimentos, influenciando toda uma geração de investidores.