Minerva (BEEF3) deve reduzir distribuição de dividendos após aquisição de plantas da Marfrig, diz CFO

Gestor do frigorífico disse que empresa pagará somente 25% do lucro em proventos

Minerva/Site oficial
Minerva/Site oficial

Por: Bruno Andrade

A Minerva (BEEF3), que nos anos recentes encheu o bolso de acionistas com dividendos gordos, deve reduzir o percentual do lucro destinado à distribuição de proventos para manter o endividamento em nível que considera adequado, disse à Mover o gestor financeiro do frigorífico, Edison Ticle, em entrevista exclusiva nesta terça-feira.

A potencial mudança no chamado “payout” – a relação entre os dividendos e o lucro líquido – pode ocorrer em função da aquisição de 16 plantas de abate da Marfrig no fim de agosto por R$7,5 bilhões. Após a transação, a Minerva emitiu títulos de dívida no valor de US$1 bilhão, com juros de 8,875% ao ano.

“A gente vai focar em um primeiro momento em reduzir a dívida e vamos pagar só o que a lei obriga, que é de 25% do lucro líquido”, afirmou Ticle.

Nos últimos anos, a Minerva acostumou seus acionistas com dividendos relevantes. Em 2020, a empresa lucrou R$697,1 milhões e o payout foi de 77%, com a distribuição de R$542,1 milhões. Em 2021, o percentual foi de 66,78% e, no ano passado, de 51,39%, conforme levantamento da Mover baseado nos balanços da companhia.

“Temos uma política definida de dividendos; sempre que a alavancagem está maior ou igual a 2,6 vezes a gente volta a pagar o mínimo”, disse o CFO.

A maior exportadora de carne bovina da América do Sul encerrou o segundo trimestre com a alavancagem, ou seja a relação dívida líquida sobre o EBITDA (sigla em inglês para lucros antes de juros, taxas, depreciação e amortização) ajustado, de 2,7 vezes.

No fim de agosto, em uma entrevista ao Valor Econômico, Ticle afirmou que a aquisição das plantas da Marfrig levaria a alavancagem para cerca de 3,2 vezes no terceiro trimestre. No entanto, a companhia disse à Mover que a emissão dos bonds não impacta a alavancagem, já que os recursos captados entram no caixa e na dívida ao mesmo tempo. O resultado de julho a setembro está previsto para ser divulgado em 8 de novembro.

Essa reportagem foi publicada com exclusividade para os assinantes do TC no dia 10 de outubro às 16h45min. Para ler o conteúdo sempre com exclusividade, assine um dos planos do TC.