Por Fabricio Julião e Luana Franzão
Os investidores esperam que o Banco Central mantenha a Selic em 13,75% ao ano pela sétima vez consecutiva na decisão de juros na quarta-feira (21), embora enxerguem espaços para sinalizações de corte de juros adiante, de acordo com o comunicado a ser divulgado pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
Segundo o TC Consenso, há, no entanto, uma divisão entre as apostas para o início da queda da taxa básica de juros, em 25 pontos-base. Um grupo ligeiramente maior de economistas aposta que o Copom iniciará seu alívio monetário a partir de agosto, enquanto outro prevê queda dos juros a partir de setembro.
De acordo com o economista-chefe do Banco Pine, Cristiano Oliveira, a Selic deve seguir inalterada na reunião desta semana, embora o colegiado possa realizar uma importante mudança em seu comunicado. “A primeira alteração deve ser a retirada da menção à retomada do ciclo de ajuste de alta”, diz.
Ainda segundo Oliveira, o Copom deve sinalizar que as condições macroeconômicas locais sugerem o início do afrouxamento monetário em breve, em decorrência da evolução da inflação local, além das expectativas para os preços e para a atividade econômica.
Na semana passada, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, já havia afirmado que o movimento recente de mercado, observado nos vértices longos da curva de juros, concedia espaço para atuação da autarquia em sua política monetária. “Significa que o mercado dá credibilidade ao que tem sido feito, abrindo espaço para uma atuação adiante.”
O TC Consenso apurou as estimativas com 20 economistas consultados pela Mover. Para 2023, a expectativa é de que o nível terminal da Selic fique em 12,25%. Já para 2024, os profissionais preveem que a taxa básica de juros seja reduzida ao nível terminal de 10,0%.
Caso as previsões se concretizem e o BC passe a reduzir a taxa básica de juros no segundo semestre deste ano, será a primeira mudança monetária em mais de um ano. Em agosto de 2022, a autarquia elevou a Selic pela última vez, em 0,50 ponto percentual, a 13,75%. Há, no entanto, quem acredite em um afrouxamento de maior magnitude, de até 50 pontos-base, em meio às reduções semanais das estimativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de acordo com o boletim Focus.
A decisão do Copom de quarta-feira será a última antes do encontro do Conselho Monetário Nacional (CMN), no dia 29, quando haverá discussão da meta de inflação para 2026 e possíveis mudanças no sistema de metas.