Por: Patricia Lara
A inflação ao consumidor no Brasil desacelerou em março, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e ficou abaixo das expectativas, mesmo após o impacto de alta da gasolina com o fim parcial da desoneração.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março teve alta de 0,71%, ante 0,84% na medição de fevereiro. A expectativa era de alta de 0,77% no mês passado, de acordo com a mediana das 20 projeções colhidas no Consenso TC. A estimativa de mercado era de 0,78%.
No acumulado dos últimos 12 meses até março, o IPCA subiu 4,65%, abaixo do consenso de mercado que estava em 4,70%. Nos 12 meses até fevereiro, a alta foi de 5,60%.
O grupo de Transportes foi o maior impacto no mês de março, com influência de 0,43 ponto e alta de 2,11%. O etanol subiu 3,20%, após queda no mês anterior.
Os resultados da gasolina e do etanol foram influenciados principalmente pelo retorno da cobrança de impostos federais no início do mês, estabelecido pela Medida Provisória 1157/2023.
“Havia, portanto, a previsão do retorno da cobrança de PIS/COFINS sobre esses combustíveis a partir de 1º de março”, explica o analista da pesquisa, André Almeida.
Em seguida vieram Saúde e cuidados pessoais (0,82%) e Habitação (0,57%), que desaceleraram em relação a fevereiro, contribuindo com 0,11 p.p. e 0,09 p.p., respectivamente. O grupo Saúde e cuidados pessoais, por sua vez, foi impactado principalmente pela alta de 1,20% do plano de saúde, que segue incorporando as frações mensais dos planos novos e antigos referentes ao ciclo de 2022-2023.
O IPCA sai um dia após o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), divulgado pela Fundação Getúlio Vargas, apontar queda de 0,34% em março, ante expectativa de recuo de 0,15%. No mês anterior a taxa havia sido de 0,04%.
O Banco Central brasileiro tem a tarefa de cumprir a meta de inflação, que foi fixada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 3,25% para este ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Na semana passada, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, voltou a defender também que, apesar dos efeitos de curto prazo do aperto monetário sobre a atividade, o custo de não combater a inflação é “muito maior”.