Indústria tem potencial para ter dias melhores em 2024, enxerga economista

Natália Cotarelli, do Itaú, detalha projeções do banco

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Por Erick Matheus Nery 

Um dos maiores desafios do Brasil na economia é deixar de ser um país exportador de commodities, que têm baixo valor agregado, e elevar a produção industrial, que embute tecnologia e preços crescentes. A boa notícia é que, quando questionados sobre quem deverá ser o protagonista da economia brasileira em 2024, os especialistas são praticamente unânimes na resposta: a indústria.

Para Natália Cotarelli, economista do Itaú (ITUB4), o segmento tem potencial para vivenciar dias melhores em breve. “A indústria, com os juros caindo e o cenário econômico, tem potencial para ter um 2024 melhor do que foi em 2023″, destaca Cotarelli em entrevista exclusiva ao Faria Lima Journal (FLJ).

Nas projeções do Itaú, o agronegócio deve crescer 12,1% neste ano, enquanto o setor de serviços expande 1,8%. Já a indústria, fica com uma variação positiva de apenas 0,3%. Agora, em 2024, o banco projeta uma certa estabilidade do setor de serviços (1,7%), um crescimento bem menor do agronegócio (2,5%) e um avanço relevante na indústria (1,3%).

“No setor de serviços, estamos vendo o próximo ano de uma forma bem similar a este. Com a taxa de desemprego continuando em 8%, não vejo muito espaço para os serviços caírem”, alerta a economista.

Em linhas gerais, a perspectiva do banco é de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresça 2,3% em 2023 e 1,4% em 2024. Nas contas do PIB, o setor de serviços é o principal motor da economia nacional. A indústria ocupa o segundo lugar e, por último, aparece o agronegócio. Contudo, com o forte crescimento do agro neste ano, versus um recuo de 1,7% do setor no ano passado, é a força do campo e seus derivados que estão fazendo o País avançar nos últimos meses.

Carro popular vai ajudar a indústria?

De olho nos dois principais braços da economia, o ministério responsável por estes setores encontra-se nas mãos do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB). Uma das iniciativas da gestão Lula 3 para aquecer a economia industrial foi o programa de incentivo às montadoras de veículos. Questionada pelo FLJ, a economista afirma que aguarda os números da iniciativa para rever as projeções do banco. 

“Por enquanto, não estamos vendo impacto nem em termos de produção nem de vendas, mas acho que vale a pena esperar um tempo para ver se terá algum impacto”.

“Talvez, nesse ponto, a indústria tenha algum número positivo para o terceiro trimestre. Mas, de maneira geral, enxergo a indústria um pouco mais fraca, de zero para negativo; serviços, mais do zero para positivo, e o agro, como o destaque do ano”, resume a especialista ao reforçar o panorama deste ano.