CBA (CBAV3) vende fatia na Mineração Rio do Norte para Rio Tinto

Veja os detalhes na apuração do Scoop by Mover

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Por Ana Luiza Serrão

A Companhia Brasileira de Alumínio (CBAV3) firmou um contrato para a alienação de sua participação na Mineração Rio do Norte (MRN), focada em bauxita, para a Rio Tinto do Brasil, em um momento altamente desafiador para o mercado de alumínio, segundo documentos aos quais a Mover teve acesso.

A CBA recebeu US$10 milhões pela participação de 10% na companhia. A equivalência patrimonial da MRN, calculada sobre seu patrimônio líquido, estava avaliada em R$1,04 bilhão, segundo consta no balanço do segundo trimestre, o último disponível, da companhia controlada pelo Grupo Votorantim.

Ainda que pendente do fechamento da operação, a alienação já foi aprovada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômico (Cade). Questionada, a CBA confirmou a operação.

“A CBA assinou com a Rio Tinto, em abril de 2023, um contrato para a venda das ações que possui na MRN. A decisão está alinhada à estratégia de longo prazo da empresa, uma vez que a operação é suprida pela bauxita de suas minas localizadas em Minas Gerais e Goiás”, disse a única produtora integrada de alumínio no Brasil, em nota enviada à Mover nesta quinta-feira.

A operação ocorre em um dos períodos mais desafiadores da indústria do alumínio, em meio à dificuldade de elevar preços e de uma substancial inflação de custos de matéria-prima como carvão e coque. O atual cenário, somado a alguns entraves operacionais e à queda de preços da energia, tem levado a CBA a seguidos prejuízos.

Com a operação, a Rio Tinto do Brasil, que já era acionista da MRN, ampliou sua participação de 11,75% para 20,5% nas ações preferenciais e de 12,5% para 25% nas ordinárias. Mesmo com a negociação, nenhum acionista deterá poder de controle sobre a firma individualmente.

Por ter aumentado sua posição na MRN, a anglo-australiana Rio Tinto vai receber a parcela da bauxita que era destinada à CBA, tendo direito a 10% da produção total da maior produtora e exportadora brasileira deste tipo de minério.

De acordo com os documentos analisados pela Mover, isso não deve interferir na produção atual da MRN. Localizada no distrito de Porto de Trombetas (Pará), a MRN somente fornece bauxita a seus acionistas de forma proporcional à participação deles na organização, e continuará atuando dessa maneira após o acordo.

Em abril, a Vale vendeu a sua fatia no negócio por US$67,9 milhões para a norueguesa Hydro, que passou a ser a principal acionista da MRN. A mineradora australiana South32 também é sócia no ativo.

O documento ao qual a Mover teve acesso mostra que a CBA não utilizava a bauxita que tinha direito na MRN devido à distância entre a mina e a fundição da companhia, bem como pelas características do minério de alumínio, e pela sua estratégia de negócio.

Além disso, a CBA já havia vendido a sua Unidade Niquelândia, que tem capacidade de produzir 20 mil toneladas de níquel. Em fato relevante divulgado em 12 de abril, a companhia afirmou buscar manter o foco no “core business” do negócio de alumínio.

Questionada, a MRN informou que não comenta ações estratégicas de seus acionistas, mas reiterou que sua administração segue focada no compromisso com a mineração sustentável de bauxita e pautada em iniciativas de responsabilidade social e ambiental que contribuam para o desenvolvimento na região.

A Mover também entrou em contato com a Rio Tinto, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria. Por volta das 14h15, as ON da CBA caíam 1,65%, a R$4,17, enquanto o Ibovespa operava em queda de 0,79%, a 117.20 mil pontos. Os papéis da siderúrgica acumulam desvalorização de 61,36% neste ano.

Esta reportagem foi publicada primeiro no Scoop, às 14H20, exclusivamente aos assinantes do TC. Para receber conteúdos como esse em primeira mão, assine um dos planos do TC.