Azul prevê lucro operacional recorde em 2023, apoiado por demanda e maior malha

A Azul também espera um recorde de receita de R$20 bilhões em 2023

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Por Gustavo Boldrini

O diretor-presidente da Azul, John Rodgerson, disse nesta segunda-feira que a companhia prevê atingir um lucro operacional medido pelo EBITDA em nível recorde neste ano, acima de R$5 bilhões, embalada por um “forte ambiente de demanda” e pelo aumento da malha de voos.

Em comunicado de resultados do quarto trimestre de 2022 divulgado na manhã de hoje, Rodgerson disse ainda que a Azul espera um recorde de receita de R$20 bilhões em 2023, acima dos R$16 bilhões também recordes atingidos no ano passado.

Além da forte demanda, Rodgerson destacou que os números devem ser sustentados pelo início da operação da companhia no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e pela ampliação dos voos diários para 84, mais que dobrando ante 2022. A Azul também prevê um crescimento nos voos internacionais, incluindo novos destinos como Paris e Curaçao, além de voos para os Estados Unidos saindo de Belo Horizonte, Recife, Manaus e Belém.

Entre outubro e dezembro, a empresa aérea reportou prejuízo líquido ajustado de R$610,5 milhões, perda 40% maior que reportada no mesmo período de 2021. O resultado foi pressionado por uma despesa financeira de R$1,25 bilhão, 22,8% maior na base anual, decorrente da alta de juros e do dólar americano ante o real no período, além de um aumento de 22,6% nas despesas e custos operacionais.

O lucro operacional aferido pelo EBITDA ajustado atingiu R$1,10 bilhão, acima do consenso de R$1,06 bilhão. O resultado representa um crescimento de 6,8% na base anual e uma margem EBITDA de 24,6%, queda de 2,9 pontos percentuais ano a ano.

A receita líquida da Azul saltou 19,4% na base anual no quarto trimestre, a R$4,45 bilhões, praticamente em linha com o consenso de R$4,51 bilhões, refletindo o aumento no preço das tarifas cobradas. O yield líquido da companhia aérea, que representa o valor médio pago por um passageiro para voar um quilômetro, subiu 15,8% ano a ano, para R$0,5060.

O recibo de ações (ADR) da Azul negociado nos Estados Unidos disparava mais de 20% no pré-mercado de Nova York, após a companhia anunciar ontem uma série de acordos com arrendadores de aeronaves para renegociar e alongar cerca de 90% das suas dívidas desta modalidade.

No ano, o papel preferencial da Azul acumula queda de mais de 34%, refletindo os receios de investidores em relação à trajetória de endividamento da companhia ao longo deste ano, com juros elevados e inflação de custos prejudicando a geração de caixa.

No mês passado, a Azul chegou a ter sua nota de crédito rebaixada pela agência de classificação de risco Fitch, justamente devido às dificuldades que a companhia enfrentaria para renegociar suas dívidas e a pressão de acordos de arrendamento sobre seu fluxo de caixa.

A Azul finalizou 2022 com um índice de alavancagem de 5,7 vezes, levando em conta o indicador dívida líquida/EBITDA. O número representa um forte recuo em relação às 11,2 vezes reportadas pela companhia ao final de 2021.

A diretoria da Azul comenta os resultados e deve dar mais detalhes do acordo com os arrendadores em teleconferência com analistas às 12h00.