Por Bruno Andrade
As vendas do Varejo avançaram 0,1% em abril na comparação com março. o número ficou levemente abaixo das expectativas do mercado, que eram de 0,3%. A informação foi divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com analistas ouvidos pelo Faria Lima Journal (FLJ), nesta quarta-feira (14), o resultado mostrou superação do setor, principalmente por causa do cenário macroeconômico.
Segundo Gabriel Costa, analista da Toro Investimentos, a Selic em patamar elevado, a 13,75% ao ano, e o endividamento das famílias nas alturas são dois motivos que pesaram para o setor em abril.
“Apesar do número abaixo da estimativa em abril, o valor permaneceu positivo, o que aponta para resiliência do varejo brasileiro. Vemos um ambiente de alto endividamento das famílias e encarecimento do crédito. Sendo assim, mesmo diante do cenário adverso o indicador se manteve positivo”, afirmou Costa.
Para Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, parte desse bom desempenho veio do setor alimentício por causa da Páscoa.
“É importante destacar que o desempenho do comércio varejista em abril foi impulsionado pelas vendas relacionadas à Páscoa, principalmente no setor de hiper e supermercados”, afirmou Gonçalvez.
O que esperar do futuro do varejo?
O futuro do setor no curto prazo ainda é de agonia e sofrimento. Para os analistas do Itaú, o desempenho de maio deve amargar retração por causa da queda nas vendas de automóveis.
“Entretanto, as vendas do varejo ampliado devem crescer no acumulado do segundo trimestre de 2023, com algum payback nas vendas de automóveis em junho e pelo carrego estatístico positivo”, disseram Natalia Cotarelli e Matheus Fuck, que assinam o relatório.
No médio prazo, as estimativas não são boas. Segundo Caroline Sanchez, analista da Levante, o segmento deve continuar passando por grandes desafios até o final de 2023, principalmente por causa da manutenção dos juros acima dos dois dígitos.
“O encarecimento do crédito, somado ao alto comprometimento da renda familiar, devem continuar pesando sobre os bens de maior valor agregado nos próximos meses”, disse Sanchez.
Ela possui essa tese pois acredita que o corte de juros, que deve começar no segundo semestre, teria pouco impacto até o final de 2023. “Acredito que inicialmente, o real impacto do início do ciclo de corte nos juros seja pequeno”, argumentou Sanchez.
Por outro lado, no longo prazo o cenário deve ser grande ânimo para o segmento. De acordo com Malek Padilha Zein, analista de ações do TC Matrix, o setor varejista tende a melhorar em 2024.
Um dos motivos para isso é o corte de juros já em agosto desse ano, que pode não ser tão impactante para 2023, mas fundamental para 2024.
“Em uma visão prospectiva temos o cenário inverso, inflação e juros em queda o que deve gerar uma inflexão no consumo (melhora nas vendas) a partir de 2024”, explicou Zein.