Por: Eduardo Puccioni
A atual discussão sobre alterações na meta de inflação é algo que deve ser discutido tecnicamente, segundo Silvio Campos Neto, economista e sócio da Tendências Consultoria.
“A meta de inflação não deveria ser algo que se pode discutir. É uma questão técnica. O ponto é que está ocorrendo de forma equivocada, com o governo querendo forçar o Banco Central a reduzir a Selic. Essa interferência do governo no Banco Central pode trazer incertezas”, explicou.
Silvio Campos Neto afirmou ainda que há um risco relevante em uma eventual mudança da meta de inflação, mas que não vai surtir o efeito esperado pelo governo. “O Banco Central não reduzirá os juros apenas porque a meta de inflação foi alterada”.
Sobre a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária divulgada na manhã de hoje, o economista afirmou que o tom veio em linha com o comunicado do dia da decisão, quando o BC manteve a Selic em 13,75%. “A ata confirmou que a Selic deve permanecer em patamar elevado por um maior tempo, mas não acredito que tenha mais elevações”, disse.
Outro ponto destacado por Silvio Campos Neto é o trecho da ata em que o Banco Central destaca as medidas adotadas pelo Ministério da Fazenda. “A ata mencionou o pacote fiscal como forma de amenizar as pressões fiscais”, explicou.
Sobre a Selic, a Tendências Consultoria está revisando suas projeções para a taxa ao final de 2023, e deve apresentar mudanças ainda esta semana. “Estamos prevendo uma Selic em 12% ao final de 2023 e 10,5% em 2024, mas essa semana passaremos por uma revisão. Também ainda não definimos se o primeiro corte da Selic será no último trimestre deste ano ou no primeiro trimestre do ano que vem”, revelou.
O mesmo deve ocorrer com a inflação oficial medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O índice de janeiro será divulgado essa semana, na quinta-feira, e a previsão da Tendências é que apresente avanço de 0,60% no mês, com alta de 5,0% para 2023, porém, também passará por revisão nesta semana.