Ibovespa tem leve alta com IPCA, de olho em inflação ao produtor nos EUA; dólar e DIs recuam

Confira a movimentação dos mercados nesta sexta (11)

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Por Fabricio Julião e Juliana Machado

O Ibovespa perdia força na tarde desta sexta (11), mantendo-se em leve alta, com investidores repercutindo os dados levemente acima do esperado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), mas com núcleos mais benignos, além de uma sequência de balanços trimestrais. Por outro lado, o índice tem a alta limitada pelo exterior, após a inflação ao produtor americano diminuir o apetite ao risco global.

Perto das 12h00, o Ibovespa subia 0,20%, aos 118.586 pontos, com giro financeiro de R$6,11 bilhões. O volume projetado para a sessão, caso seja mantido o ritmo de negócios atual, ficará abaixo da média dos últimos 50 pregões.

O IPCA mostrou uma inflação de 0,12% em julho, ante 0,08% projetado por economistas. Apesar disso, o núcleo de serviços – que vinha sendo observado como um dos mais resilientes – mostrou menor inflação, em especial nos serviços subjacentes, medida muito observada pelo Banco Central para decisões de política monetária.

“A inflação tanto de serviços quanto dos serviços subjacentes foi bastante baixa para o histórico do período, o que é uma boa notícia e melhora nossa perspectiva para a desinflação no segmento”, afirmou o economista e integrante do time de estratégia macro da BGC Liquidez, Rafael Costa.

Apesar do suporte dos dados da inflação de serviços no IPCA por aqui, o Ibovespa é limitado pelo exterior, em linha com a situação dos índices americanos, após o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) de julho vir acima do esperado em todas as leituras.

O dado ajudou a diminuir a demanda pelo risco globalmente, já que contribui para a perspectiva de que o Federal Reserve precise seguir com uma política mais contracionista – diferentemente do indicado pela inflação ao consumidor americano, divulgada ontem, que mostrou um comportamento mais moderado.

Do lado corporativo, os balanços trimestrais seguem como catalisadores para os destaques do dia. Entre as maiores altas, YDUQS ON, Via ON, Sabesp ON são destaques, com avanço de 9,73%, 6,56% e 5,44%, respectivamente.

No caso de YDUQS, o lucro líquido do segundo trimestre veio levemente abaixo do esperado, mas com reversão de prejuízo, com números bem avaliados por alguns analistas pelo impulso do segmento EaD.

A Sabesp mostrou um balanço também acima do esperado na linha de lucro e EBITDA. Já a Via, com resultados bastante pressionados, procurou mandar uma mensagem melhor aos investidores a partir de um plano de reestruturação, que prevê o fechamento de até 100 lojas.

Na ponta negativa, o destaque era Locaweb ON, em queda de 9,49%, após a companhia reverter lucro para prejuízo no segundo trimestre. As ações ON do Grupo Soma também se destacam, com baixa de 4,91%.

JUROS

As taxas dos contratos de juros futuros operavam em queda. A ponta curta da curva dos DIs recuava com mais intensidade desde os primeiros negócios do dia, enquanto a ponta longa oscilava perto da estabilidade.

Por volta das 12h15, os DIs com vencimentos em Jan/24 e Jan/25 caíam 2,5 pontos-base e 9,5 pbs, respectivamente, a 12,40% e 10,29%. Já as taxas dos contratos para Jan/27 e Jan/31 recuavam 4,0 pbs e 2,0 pbs, nesta ordem, a 9,96% e 10,82%.

Os vértices iniciaram o dia em queda generalizada, em reflexo dos dados mais benignos dos núcleos e da inflação de serviços medidos pelo IPCA de julho.

A ponta longa reverteu o movimento minutos depois, com a divulgação do PPI nos EUA, que variou 0,30% na comparação mensal em julho, ante expectativa de alta de 0,20%. O resultado trouxe caldo às apostas na continuação do aperto monetário pelo Fed, um dia após o dado de inflação ao consumidor ter reforçado a pausa na alta de juros por lá.

Desde então, os vértices vêm estendendo as quedas, mesmo com o rendimento das Treasuries americanas em alta. Perto das 12h15, o rendimento dos títulos do Tesouro americano de dois anos subia 4,6 pbs, a 4,890%, enquanto o rendimento dos títulos com vencimento em dez anos tinha alta de 3,5 pbs, a 4,144%.

EXTERIOR

Após um começo de pregão ligeiramente mais positivo, os principais índices acionários dos EUA passaram a operar sem direção definida, repercutindo as informações do índice de preços ao produtor americano, que vieram acima do esperado em todas as leituras.

Perto das 12h00, o Dow Jones operava em alta de 0,25%, enquanto o S&P500 tinha leve baixa de 0,10%; o Nasdaq 100 operava em queda de 0,45%.

Apesar da melhora na aversão ao risco vista nos negócios globais ao longo das últimas semanas, as bolsas seguem com desempenho limitado, à espera de novos catalisadores, sobretudo depois que a inflação ao produtor não mostrou uma tendência mais consolidada de que esteja controlada, como se viu ontem nos dados da inflação ao consumidor.

Nesse contexto, os rendimentos dos títulos do governo dos EUA operam em leve avanço nesta tarde, impedindo que tanto a renda variável americana quanto ativos de mercados emergentes ganhem terreno. O movimento acontece tanto para as Treasuries de dez anos, quanto para as de dois anos – mais sensíveis à política monetária.

CÂMBIO

O dólar rondava perto da estabilidade ante o real, com inclinação para depreciação diante da divisa brasileira. A moeda americana abriu as negociações em baixa perante a maior parte de seus pares, mas chegou a ganhar fôlego após a divulgação do PPI americano.

Perto das 12h15, o dólar à vista caía 0,27%, a R$4,8798, enquanto o dólar futuro tinha queda de 0,33%, a R$4,899.

Após ganhar terreno ao longo da semana, a moeda americana perdia força diante de alguns pares, principalmente de países emergentes. Em uma cesta de 22 moedas acompanhada pela Mover, o dólar depreciava frente a 13. O Índice DXY recuava 0,03%, aos 102.602 pontos.

Em dia de menor aversão ao risco, o peso mexicano liderava o ranking da cesta de moedas. O dólar era beneficiado com a alta levemente acima do esperado do PPI, que trouxe novas perspectivas de mais altas de juros pelo Fed. Isso pode estimular investidores a manterem seu capital dolarizado.