Por Fabricio Julião
Investidores digerem os dados divulgados nesta manhã referentes à atividade econômica nos Estados Unidos, que podem influenciar a condução da política monetária pelo Federal Reserve. Os principais índices acionários americanos subiam em meio às expectativas de paralisação no ciclo de alta dos juros por lá.
Perto das 12h10, o Dow Jones tinha alta de 0,28%, aos 34.653 pontos, enquanto o S&P 500 avançava 0,77%, aos 4.466 pontos, e o Nasdaq 100 subia 1,26%, aos 13.878 pontos.
A hipótese de fim do ciclo de altas na taxa de juros americana foi reforçada após os dados de atividade econômica do país saírem abaixo do esperado pelo mercado, o que aponta para uma economia menos resiliente que o estimado.
Os dados de oferta de empregos medidos pela Jolts atingiram 8,83 milhões em julho, ante expectativa de 9,46 milhões. Já o índice de confiança do consumidor da Conference Board atingiu 106,1 pontos em agosto, abaixo da projeção de 116 pontos.
As apostas para manutenção da taxa americana entre 5,25% e 5,50% foram de 78% ontem para 82,5% hoje, segundo as negociações de derivativos na Chicago Mercantile Exchange (CME).
Na Europa, agentes financeiros voltaram-se para o índice GFK de confiança do consumidor na Alemanha, que teve retração de 25,50 pontos em setembro, bem abaixo da expectativa do mercado de 24,30 pontos. O resultado ressalta que não há otimismo com a maior economia europeia, em meio aos dados recentes decepcionantes de atividade econômica no continente.
O bom humor do mercado, no entanto, foi alavancado com as novas medidas de estímulos da China, que visam reduzir pela metade o imposto sobre as transações no mercado de ações, que atualmente é de 0,1%. O objetivo é restaurar a confiança dos investidores na segunda maior bolsa de valores do mundo, a de Xangai. Hoje, os mercados asiáticos fecharam em alta, com destaque para o Índice Hang Seng, de Hong Kong, que subiu 1,95%.
IBOVESPA
O Ibovespa operavam em alta nesta terça-feira, com melhor humor do mercado devido aos estímulos à economia chinesa. O principal índice da B3 era impulsionado pelas ações da Vale e de bancos, enquanto os papéis da Petrobras tinham o maior peso nas contribuições negativas.
Perto das 12h10, o Ibovespa acelerava 0,91%, aos 118.188 pontos.
O destaque do pregão são as ações de frigoríficos, que operavam em pontas opostas após a Minerva informar o pagamento de R$7,5 bilhões por 16 unidades de abate da Marfrig no Brasil, Argentina, Uruguai e Chile. A operação levou ao ajuste de preço dos papéis ON da Minerva, que tinham a maior queda do Ibovespa, de 15,78%. As ON da Marfrig disparavam 9,06%, liderando as altas.
Entre as ações mais líquidas e com maior contribuição positiva por pontos para o Ibovespa, destaque para Vale ON, Itaú PN e Bradesco PN, que avançam 2,29%, 2,05% e 1,76%, respectivamente. Na outra ponta, os papéis de Petrobras são os maiores detratores do índice em pontos, com as PN em baixa de 0,22%.
Na cena local, os investidores seguem de olho nos desdobramentos do avanço da agenda econômica em Brasília. Ontem, o governo enviou ao Congresso uma medida provisória para tributar os fundos exclusivos, os chamados fundos dos “super-ricos”. No Senado, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, pautou para amanhã a votação do projeto de lei (PL) do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf).
Além disso, o mercado aguarda a publicação do relatório mensal da dívida pública de agosto, que será divulgado pelo Tesouro às 14h30. O documento dará novos sinais sobre a situação fiscal do país, uma semana após a aprovação do arcabouço no Congresso Nacional.
JUROS
As taxas de contratos dos juros futuros operavam em baixa, refletindo a expectativa do fim do ciclo de alta nos juros dos Estados Unidos. Os indicadores de atividade econômica norte-americana abaixo do esperado levaram os DIs a uma queda mais firme, que iniciaram o dia sem direção definida.
Perto das 12h20, os DIs com vencimentos em Jan/24 e Jan/25 recuavam 1,5 ponto-base e 4,5 pbs, respectivamente, a 12,39% e 10,48%. Já os vértices para jan/27 e jan/31 caíam 7,0 pbs e 9,0 pbs, na mesma ordem, a 10,14% e 10,86%.
Com um possível fim do ciclo de altas na taxa americana pelo Federal Reserve, o diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos não diminuiria mais pelo lado americano, o que mantém certa atratividade por aqui. Desta forma, o Banco Central pode seguir com o ciclo de cortes por aqui, sem se preocupar com um descompasso com a política monetária praticada nos EUA.
O cenário projetado acima já precifica a trajetória de cortes da Selic em 50 pontos-base até o fim do ano. Na semana passada, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sinalizou que a autarquia não pretende acelerar o ritmo de cortes da taxa básica de juros.
Hoje, o Tesouro realizou o tradicional leilão de títulos pós-fixados de terça-feira, que não tem estimulado o apetite dos investidores justamente pela precificação de quedas na Selic. Foram ofertadas 650 mil Letras Financeiras do Tesouro (LFTs) e 1,2 milhão de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-B). O Tesouro não conseguiu vender todos os títulos ofertados pela terceira semana consecutiva.
CÂMBIO
O dólar rondava perto da estabilidade ante o real nesta terça-feira. A moeda americana tinha novo desempenho positivo na sessão frente a seus pares, mas a divisa brasileira ganhava força com a hipótese de fim das altas nos juros dos EUA, o que mantém a atratividade para investimentos no Brasil.
Por volta de 12h10, o dólar à vista operava estável, a R$4,8743, enquanto o dólar futuro caía 0,02%, a R$4,876.
A moeda americana iniciou o dia ganhando terreno frente à brasileira, mas mudou o movimento depois das 11h, com a divulgação dos dados de emprego e confiança do consumidor nos EUA. Desde então, a taxa de câmbio alterna entre leves quedas e altas.
No exterior, o dólar apresentava desempenho misto. Em uma cesta de 22 moedas acompanhadas pela Mover, o dólar cedia terreno perante 13. O Índice DXY, que outrora nesta terça-feira subiu mais de 0,30%, tinha queda de 0,12%, aos 103.858 pontos.