Reação ao balanço da Petrobras e ao anúncio de megadividendo pela petrolífera deve direcionar o mercado local

Por Patrícia Lara

A reação ao balanço da Petrobras, que teve o maior lucro anual da história para empresas brasileiras e anunciou um megadividendo a acionistas, acompanhado de proposta de retenção de parte do valor, deve direcionar o mercado local nesta quinta-feira, após a Bolsa brasileira amargar ontem a quarta queda consecutiva. O dia ainda será movimentado pelo dado do Produto Interno Bruto do quarto trimestre, que deve mostrar perda de tração da economia. No exterior, a taxa dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos segue em sua escalada diante do receio sobre um aumento acima do esperado da taxa de juros no país. Inflação na Zona do Euro fica acima do esperado.

A Petrobras marcou lucro recorde de R$188,3 bilhões em 2022. No quarto trimestre, a petrolífera registrou ganhos de R$43 bilhões, uma cifra 37,6% acima do mesmo intervalo de 2021, mas abaixo do consenso e com um recuo ante os três meses anteriores. O conselho de administração aprovou proposta de distribuição de megadividendos, mas com sugestão de que haja uma retenção de parte do valor para a criação da reserva estatutária, “dado que o montante proposto ultrapassa a aplicação da fórmula prevista”, segundo fato relevante da petroleira. O tema será levado para discussão em assembleia. Hoje, o novo presidente da empresa, Jean Paul Prates, deve falar em teleconferência em um momento de piora da percepção de risco que incluiu a medida de taxação de exportações de petróleo cru anunciada pelo governo na terça-feira.

No cenário macroeconômico, o PIB do Brasil será divulgado às 9h00 e deve mostrar contração de 0,2% no quarto trimestre, segundo o consenso de projeções levantadas pela Mover, após crescimento de 0,4% no terceiro trimestre. Após a divulgação do dado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fará, às 11h00, o lançamento do novo Bolsa Família. Dentre as novidades, o governo vai prever R$50 para cada integrante da família com idade entre 7 a 18 anos, segundo O Estado de S. Paulo.

E a quinta-feira traz ainda leilão de títulos prefixados do Tesouro, após as taxas de juro longas fecharem em alta ontem, enquanto os curtos recuaram, com sinais de interferência do governo sobre a taxa básica de juros, piora da percepção de risco com medidas na área de combustíveis e com o impulso das taxas externas.

Hoje, a taxa do título do Tesouro dos EUA segue em alta, avançando 2,4 pontos-base, a 4,02%, perto das 7h49. A taxa de 2 anos chegou a marcar mais cedo o maior nível desde meados de 2006, a 4,937%. Investidores passaram a ampliar as apostas na chance de a taxa-alvo Fed Funds nos Estados Unidos aproximar-se do patamar de 6,0% ao fim deste ano, em meio à persistência de uma inflação alta no país.

O receio com o patamar de juros elevados no exterior ganhou o reforço do dado de inflação de fevereiro na Zona do Euro, que desacelerou menos do que o esperado, evidenciando os desafios dos bancos centrais em colocar os preços de volta à rota de convergência para metas. A inflação teve alta de 8,5% em fevereiro, no comparativo anual, ante o consenso de 8,2%, após avanço de 8,6% no mês anterior.

As bolsas europeias ampliaram as perdas após os dados na Europa e os futuros de Nova York operava mistos.

No mercado de câmbio, o Índice Dólar DXY, que mede a variação da moeda americana ante divisas pares, volta a subir, para um patamar de 104,74 pontos. Em meio a sinais de atividade econômica resiliente, os EUA divulgam hoje dados de seguro-desemprego, enquanto outro integrante do banco central americano, Christopher Waller, faz discurso no fim do dia.

Nas commodities, o minério de ferro prolongou alta na Bolsa chinesa de Dalian nesta quinta-feira, após o movimento altista de ontem ter amparado a elevação de 4,55% da ação da Vale na Bolsa brasileira. A cotação do metal foi impulsionado pela suspensão de restrições à produção em Handan e Tangshan, os principais centros de produção de aço da China, depois que a qualidade do ar na região melhorou.

No mercado local, a apresentação pelo controlador da EDP Brasil de proposta para fechar o capital da empresa com prêmio de 22,26% sobre os valores das ações e novo pedido de recuperação judicial da Oi também movem os ativos.

MERCADOS GLOBAIS

O futuro do petróleo Brent para entrega em maio subia 0,50%, a US$84,74 o barril.

O minério de ferro encerrou a sessão na China em alta de 1,56% na Bolsa de Dalian, a 912,5 iuanes, ou o equivalente a US$132,19, a tonelada.

O Bitcoin subia 1,93% nas últimas 24 horas, a US$23.724,40; o Ethereum avançava 1,90% no mesmo período.

MERCADOS LOCAIS

O índice EWZ, que replica ações brasileiras no exterior, subia 0,22% no pré-mercado americano, com os recibos de ações da Petrobras em alta de 3,34%.

Os contratos de juros futuros na B3 devem acompanhar as taxas externas e ainda repercutirem os desdobramentos sobre o megadividendo da Petrobras, que pode ajudar no resultado fiscal do governo. O leilão do Tesouro também baliza os movimentos.

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