Proposta fiscal antecede Campos Neto; alívio externo continua

Por: Patrícia Lara

O mercado local abre esta quinta-feira à espera do anúncio do novo arcabouço fiscal, às 10h30, em um dia que também será movimentado pela divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, por uma entrevista coletiva do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, além da reunião do Conselho Monetário Nacional.

A proposta fiscal foi chancelada ontem pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e prevê zerar o déficit primário em 2024 e, a partir de 2025, produzir superávits primários, de acordo com informações da GloboNews, confirmadas pela Mover por uma fonte com conhecimento direto do assunto. O texto ainda contem mecanismo que prevê a estabilização da dívida pública bruta como proporção do Produto Interno Bruto a partir de 2026, segundo os jornais. A proposta será apresentada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e seguirá para análise do Congresso. Ontem, as taxas de juros futuros subiram em meio à apreensão dos investidores com o teor do texto e com as pressões inflacionárias.

Além de efeito nos ativos, o documento pode ter algum reflexo sobre a fala de Campos Neto, que debaterá o Relatório Trimestral de Inflação em coletiva às 11h00, antes de participar do encontro do CMN, fechado à imprensa, a partir das 15h00. A manhã traz ainda a divulgação do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de fevereiro e dados da produção industrial de janeiro, além de leilão de títulos prefixados pelo Tesouro Nacional.

Nos Estados Unidos, a leitura final do Produto Interno Bruto do quarto trimestre de 2022, com dados do Índice de Preços para Gastos com Consumo Pessoal do mesmo período, concentram as atenções mas não impedem que o clima de alívio com a situação dos bancos se prolongue. As bolsas europeias e dos futuros dos índices acionários americanos sobem neste penúltimo pregão do primeiro trimestre do ano.

Com a menor aversão ao risco no exterior, o Índice Dólar DXY, que mede a variação da moeda americana ante principais divisas pares, tem leve queda nesta manhã. Já os rendimentos dos títulos de dívida dos Estados Unidos sobem na maioria dos vencimentos.

No mercado de commodities, o barril do petróleo Brent é negociado em alta, com os preços recebendo o suporte da queda de estoques do produto nos Estados Unidos.

Os contratos futuros do minério de ferro tiveram a quarta sessão consecutiva de ganhos nos preços, apoiados pelas perspectivas de recuperação da demanda chinesa depois que o consumo de aço foi temporariamente limitado pelo tempo chuvoso em muitas regiões do país na semana passada. O minério de ferro fechou a sessão em alta de 0,39% na Bolsa chinesa de Dalian, para 892 iuanes, o equivalente a US$129,32 por tonelada.

O primeiro-ministro da China, Li Qiang, prometeu, em evento internacional nesta quinta-feira, que o país vai acelerar investimento e comércio com novas medidas de acesso ao mercado dentro do propósito de estimular a economia após a pandemia, segundo a Reuters.

MERCADOS GLOBAIS

O futuro do petróleo Brent para entrega em maio subia 0,83%, a US$78,95 o barril.

O Bitcoin avançava 0,94% nas últimas 24 horas, a US$28.662; o Ethereum subia 0,44% no mesmo período.

MERCADOS LOCAIS

O índice EWZ, que replica as ações brasileiras no exterior, subia 1,81% no pré-mercado americano. Ontem, o índice Ibovespa avançou 0,60%, aos 101.792 pontos, registrando a quarta alta consecutiva, porém em mais um pregão marcado pelo baixo volume de negociações.

Os contratos de juros futuros na B3 serão moldados pela leitura sobre o teor do arcabouço fiscal e fala de Campos Neto em dia de taxas externas em alta e leilão do Tesouro.

DESTAQUES‍

O Conselho Monetário Nacional (CNM) realiza, nesta quinta-feira, o segundo encontro em 2023. O conselho é composto pelos ministros da Fazenda, Fernando Haddad, do Planejamento, Simone Tebet (MDB), e pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Em evento do Goldman Sachs Brasil no último dia 28, o diretor de política econômica do BC, Diogo Guillen, reiterou que a meta de inflação definida pelo CMN precisa ter credibilidade e que decisões que reancorem as expectativas são importantes. (Mover/Valor)

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou ao Brasil após quase três meses nos Estados Unidos. Ele desembarcou no Aeroporto de Brasília, onde foi recebido por simpatizantes e policiais. (Mover)

A dívida pública federal avançou 1,51% em fevereiro na comparação mensal e atingiu R$5,856 trilhões, segundo dados reportados na véspera pelo Tesouro Nacional. O Tesouro informou que a reserva de liquidez avançou 4,43% em fevereiro sobre janeiro, a R$995,6 bilhões, um montante suficiente para honrar o equivalente a 6,87 meses de vencimentos adiante, ante 7,62 em janeiro. (Mover)

A Coreia do Sul aprovou um importante projeto de lei apelidado de “K-Chips Act” para aumentar o investimento em sua indústria de semicondutores, quase dobrando os incentivos fiscais para fabricantes de chips. Os créditos fiscais para grandes empresas que investem em instalações de fabricação de chips passarão de 8% para 15%, de acordo com a legislação aprovada pelo parlamento na quinta-feira. Para os produtores menores, o benefício tributário foi ajustado de 16% para 25%. (Financial Times)

A inflação na Espanha desacelerou para uma variação anual de 3,1% em março, ante 6% em fevereiro, sob impacto da queda dos custos de energia. O resultado ficou abaixo dos 4% previsto em consenso da Reuters. A expectativa também é de desaceleração dos preços na Alemanha, que divulga seu dado ainda nesta quinta-feira. Na Itália, os preços aos produtores caíram 9,6% em fevereiro, no comparativo anual, na maior queda em 2 anos. (Agências)

A Petrobras recebeu novo pedido do Ministério de Minas e Energia para suspensão de vendas de ativos e afirmou que poderá reavaliar algumas operações, mas “esta revisão não deverá incluir os desinvestimentos já em fase de assinatura e fechamento de contratos, de forma a cumprir plenamente os direitos e as obrigações já assumidas pela companhia”. (Mover)