Política Monetária

Powell 'dovish' consolida apostas de corte de juro em setembro entre operadores

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Brasília, 10/7/2024 – O chair do Federal Reserve, Jerome Powell, encerrou testemunho de dois dias perante congressistas dos Estados Unidos nesta quarta-feira com um tom “dovish”, consolidando apostas, entre operadores, para um aguardado corte de juro em setembro caso os dados norte-americanos sigam apontando para a trajetória de desinflação observada ao longo do segundo trimestre.

Powell repetiu o racional, nos dois dias de testemunho, de que um corte de juro não seria apropriado até que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) obtenha maior confiança de que a inflação encontra-se em “trajetória sustentável” em direção à meta de 2,0%. No entanto, hoje, disse ter “alguma confiança” de que a inflação esteja nessa trajetória descendente, embora tenha alertado não estar preparado ainda para dizer estar “suficientemente confiante” de que ela recuará de forma sustentável.

Na visão do chefe do Fed, a política monetária tem restringido a atividade econômica, embora não a faça “intensivamente”, sugerindo que a taxa de juro neutra aparenta ter aumentado um pouco, ao menos no curto prazo. Em testemunhos que carregaram marcas das eleições presidenciais de novembro deste ano nos questionamentos de congressistas, Powell pontuou que o banco central agirá “quando e como” for necessário, com base em dados e independentemente das eleições.

MERCADO DE TRABALHO

Segundo Powell, a economia norte-americana tem apresentado “bons números”, com crescimento em torno de 2,0%. Reconheceu, porém, que os recentes dados de geração de postos de trabalho indicam um “esfriamento considerável” no mercado. Ainda assim, de acordo com ele, a taxa de desemprego em 4,1% em junho encontra-se “muito baixa” pelo padrão histórico.

O chair do Fed reconheceu, por outro lado, que a criação de postos de trabalho na economia norte-americana está se estreitando entre os segmentos, quando questionado na véspera acerca da geração de postos impulsionada pelo setor público. Em sua leitura, o mercado de trabalho parece estar “totalmente de volta ao equilíbrio”. Segundo ele, o Fed está “atento” a ambos os riscos que enfrenta pelo seu mandato, de estabilidade de preços e fomento do pleno emprego.

INDEPENDÊNCIA

Powell também foi questionado, nos dois dias de testemunho, acerca da independência do Fed. Pontuou que ela é essencial, melhor para promover a estabilidade de preços, e que deveria ser mantida. Segundo ele, nesta quarta, minar a independência da autarquia é o “caminho mais rápido” para uma inflação volátil e alta.

No início da tarde, derivativos negociados na Chicago Mercantile Exchange (CME) projetavam 71,8% de chances de corte de 25 pontos-base da taxa-alvo Fed Funds na reunião do FOMC de setembro, ante apostas de 45,1% há um mês. A próxima reunião do FOMC ocorrerá nos dias 30 e 31 de julho. As Fed Funds encontram-se no patamar entre 5,25% e 5,50%, maior nível nominal desde 2001.

Eis, a seguir, alguns destaques das falas de Powell nos dois dias de testemunho:

>> POWELL/FED: INFLAÇÃO ELEVADA NÃO É ÚNICO RISCO QUE ENFRENTAMOS;

>> POWELL/FED: CORTE DE JURO NÃO É APROPRIADO ATÉ FED TER MAIOR CONFIANÇA INFLAÇÃO;

>> POWELL/FED: FOMC CONTINUA A TOMAR DECISÕES ‘REUNIÃO POR REUNIÃO’;

>> POWELL/FED: LEITURAS MENSAIS RECENTES MOSTRAM ‘PROGRESSO ADICIONAL MODESTO’;

>> POWELL/FED: DADOS RECENTES MERCADO TRABALHO INDICAM SINAL DE ALÍVIO CONSIDERÁVEL;

>> POWELL/FED: HISTÓRIA É CLARA QUE BANCO CENTRAL INDEPENDENTE SERVE PÚBLICO BEM;

>> POWELL/FED: NÃO HAVERÁ ENVIO DE SINAL SOBRE ‘TIMING’ P/FUTURAS AÇÕES FED;

>> POWELL/FED: AINDA HÁ CAMINHO A SE PERCORRER EM REDUÇÃO DE BALANÇO PATRIMONIAL;

>> POWELL/FED: JURO NEUTRO DEVE TER AVANÇADO AO MENOS NO CURTO PRAZO;

>> POWELL/FED: HÁ ‘ALGUMA CONFIANÇA’ DE QUE INFLAÇÃO ESTEJA EM TRAJETÓRIA DE QUEDA.