Por que MRV (MRVE3) e Tenda (TEND3) dispararam nesta quinta?

Uma delas pode desabar 5,2% e a outra pode subir mais 102,9%, segundo analista

Pixabay
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Por Bruno Andrade

As ações das construtoras lideraram as altas da Bolsa de Valores paulista nesta quinta-feira (13). Os papéis da MRV (MRVE3) dispararam 6,56%, a R$ 7,64. Já as ações da Tenda (TEND3) saltaram 12,25%, a R$ 5,68.

A disparada acontece um dia após as duas companhias divulgarem as prévias operacionais. A MRV viu suas vendas crescerem 20% para R$ 1,8 bilhão no primeiro trimestre de 2023.

Para os analistas do Santander o resultado foi positivo. Eles comentam que a melhora nas vendas aconteceu em meio a um aumento da eficiência comercial da MRV, após ajustes em sua estratégia. Outro fator foi a saída de concorrentes do mercado, devido a fortes custos e pressões durante a pandemia de Covid-19.

“Por fim, a implementação de medidas para melhorar a acessibilidade ao crédito dos clientes, anunciadas pelo conselho curador do FGTS, também ajudou a empresa a ter um bom desempenho”, disseram Fanny Oreng, Antonio Castrucci e Matheus Meloni, que assinam o relatório.

Por outro lado, os analistas disseram que os números preliminares não foram perfeitos, principalmente após um maior consumo de caixa da Resia, uma incorporadora da MRV nos EUA.

A subsidiária queimou R$ 581 milhões em caixa no primeiro trimestre após registrar um baixo nível de vendas no período. No entanto, eles comentam que o impacto na MRV ainda não é forte. “Ressaltamos que este valor (R$ 581 milhões) não impacta a dívida da MRV”, afirmaram Oreng e sua equipe.

Os analistas do Santander mantiveram sua classificação de outperform para o ativo, desempenho acima da média do mercado, que é equivalente à compra. O preço-alvo estipulado é de R$ 15,50 para o final de 2023, potencial de alta de 102,9% na comparação com o fechamento desta quinta-feira (13).

Tenda também dispara, mas não tem o mesmo otimismo de MRV

A Tenda também saltou após a prévia. A companhia reportou R$ 611,1 milhões em vendas líquidas, alta de 2,3% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Para os analistas da Genial Investimentos, os números foram levemente positivos, principalmente porque a empresa ainda está com um regime restrito de lançamentos (máximo de 15 mil unidades por ano), o que levou a lançamentos de R$ 491 milhões no trimestre (2,6 mil unidades).

“Dado o patamar de lançamentos, o nível de vendas de R$ 611 milhões é realmente forte, implicando em uma VSO de 24%, dentro do nível que a Tenda deve manter após os estouros de orçamento de 2021 (antes a companhia rodava a uma VSO > 30%)”, disse Eduardo Nisho, que assina o relatório da Genial.

Para ele, o patamar atual é mais saudável para a estratégia da companhia, uma vez que diminui a sua exposição à inflação. “Além disso, o preço médio de vendas cresceu 2,4% no trimestre, o que deve ajudar na recuperação da rentabilidade”, explicou.

Ainda assim, Genial e Santander possuem uma visão mais cautelosa para a Tenda com recomendação neutra. Os analistas do Santander temem as incertezas associadas à magnitude da margem bruta de recuperação da Tenda.

“Outro ponto é que a construtora está com um fraco impulso de ganhos, com perdas líquidas e forte consumo de caixa projetado para os próximos 12 meses”, explicaram Fanny Oreng, Antonio Castrucci e Matheus Meloni, que assinam o relatório.

O Santander calcula um preço-alvo de R$ 5,40 para Tenda até o final de 2023, uma queda de 5,2% na comparação com o fechamento desta quinta-feira (13). A Genial não citou um preço-alvo específico.

* Esta reportagem não é uma recomendação de investimentos. O conteúdo divulgado pelo Faria Lima Journal (FLJ) tem apenas o objetivo de informar os leitores sobre as projeções financeiras de corretoras e demais casas de análises.