Petrobras (PETR4): Corte no preço do diesel é inviável, diz analista

Governo quer reduzir preço em R$ 0,25 via canetada na Petrobras (PETR4)

Pixabay
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Por Bruno Andrade

O corte no preço do diesel desejado pelo governo Lula é inviável, afirmou Gabriel Meira, especialista e sócio da Valor Investimentos, ao Faria Lima Journal (FLJ) nesta quarta-feira (05). De acordo com ele, o diesel atualmente é negociado com um prêmio de 2%.

“Ou seja, só seria permitido um corte de apenas R$ 0,07 no valor. A quantia está distante do valor pedido pelo ministro de Lula, que é de R$ 0,25”, afirmou Meira.

Sendo assim, o analista comenta que uma mudança no valor combustível além do permitido seria muito ruim para a companhia. “Quase 60% da composição do preço do diesel hoje é a fatia da Petrobras. A diminuição teria que vir diretamente de uma interferência na empresa, prejudicando seu acionista sendo este, hoje, a própria União”, explicou.

Outro ponto é que o preço da gasolina está fora da Política de Paridade do preço Internacional (PPI). “Para a gasolina a conta difere, visto uma defasagem de quase 12% ou R$ 0,40 no preço”, comentou. Sendo assim, Meira acredita que o combustível teria que aumentar.

Mais cedo, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), disse a jornalistas em Brasília, que, como acionista majoritária, a União irá “o tempo todo” intervir em como “está sendo construída tanto a política de preços quanto a política de investimentos” da Petrobras.

Silveira subiu o tom após falas durante entrevista à GloboNews, derrubando as ações da companhia. Ele disse que a estatal já foi orientada a discutir sua política de reajuste de combustíveis e que essa mudança deve levar à redução no preço do diesel entre R$ 0,22 e R$ 0,25.

No início da tarde, após a entrevista de Silveira, a Petrobras enviou um comunicado ao mercado reafirmando o compromisso com a prática de preços competitivos e informou que não recebeu nenhuma proposta do Ministério de Minas e Energia de mudança na política de reajuste de combustíveis. Após a divulgação do comunicado, as ações da estatal viraram e passaram a subir.

O ministro afirmou que respeita a governança da Petrobras, e que qualquer mudança que for propor ocorrerá de forma legal, dentro das regras da estatal.

Política de preços da Petrobras (PETR4) está correta?

Para os especialistas, manter a política de preços da Petrobras é essencial para a sociedade brasileira. Isso porque, se a companhia não tiver lucros, o governo, sendo o maior acionista, irá repassar a conta para a população.

“No curto prazo pode haver um favorecimento para a população, mas os custos chegam e vão diretamente para a conta de luz e até mesmo para a bomba de gasolina”, explicou Gabriel Meira.

Ou seja, se a companhia não repassar os preços, ficará no prejuízo, e quem deverá pagar a conta será o próprio contribuinte. Segundo Vitório Galindo, analista de investimentos CNPI e head de análise fundamentalista da Quantzed, se a Petrobras deixar de lucrar e pagar bons dividendos, as próprias políticas sociais do governo correm risco.

“O governo é o maior acionista e recebe os maiores dividendos, ou seja, se a companhia deixar de dar lucro, a arrecadação federal tende a diminuir drasticamente, o que pode atrapalhar os projetos sociais do governo”, concluiu.