Por: Patricia Lara, Luca Boni e Clara Guimarães
Segue o resumo dos mercados e os principais fatos e notícias que motivaram investidores na manhã desta sexta-feira.
EXTERIOR
As bolsas americanas operavam em queda na manhã desta sexta-feira com investidores repercutindo dado muito acima do esperado do Payroll (criação de vagas), indicando que o mercado de trabalho está extremamente forte, sem sinais de desaceleração, o que pode ser um empecilho para o Federal Reserve declarar vitória no controle inflacionário.
O Payroll mostrou reaceleração da criação de empregos em janeiro. Os EUA criaram 517 mil vagas no mês passado, muito acima das 185 mil projetadas, segundo consenso Mover. A taxa de desemprego caiu para 3,4%, ante o consenso das projeções, que era de 3,6%. A taxa de desemprego atingiu o menor patamar desde 1969. Houve também revisão sobre a criação de emprego em dezembro, com aumento de 71 mil vagas.
O ganho médio por hora trabalhada subiu 0,3% na base mensal, em linha com o consenso de 0,3%, após avanço de 0,4% em dezembro. Já na base anual, os reajustes desaceleraram para 4,4%, de 4,9% no mês anterior e acima do consenso de 4,3%.
Próximo do meio dia, investidores projetavam 97,4% de chances de alta de 25 pontos-base da taxa de juros pelo Comitê Federal de Mercado Aberto em março, de acordo com derivativos negociados na Chicago Mercantile Exchange.
Por volta das 12h30 os índices S&P500, Dow Jones e Nasdaq 100 registravam quedas de 0,33%, 0,06% e 0,35% respectivamente. No mesmo horário, o rendimento dos títulos do Tesouro dos EUA de dois anos -mais sensíveis a política monetária – disparavam 18,9 pontos-base a 4,291%.
As ações da Apple aceleravam 2,67% perto das 12h35, impulsionadas por um relatório do Morgan Stanley defendendo o valor de longo prazo da gigante tecnológica, mesmo diante de indicadores financeiros do quarto trimestre abaixo das expectativas do mercado, divulgados ontem. O banco reiterou recomendação equivalente a compra para os papéis da Apple, com preço-alvo de US$175,00, que representaria uma valorização de quase 16% sobre o fechamento de ontem.
JUROS
Os sinais de mercado de trabalho americano robusto trouxeram pressão adicional para as taxas dos contratos futuros de juros domésticos, que já abriram em forte alta após novas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com críticas ao Banco Central.
Perto das 12h22, o DI com vencimento em Jan/25 subia 11 pontos, após ter avançado 28 pontos-base no fim da quinta-feira, acelerando uma alta de 18,5 pontos-base até o encerramento da sessão regular ontem. A taxa do contrato Jan/27 avançava 19 pontos-base, a 13,14%; o de Jan/29, 18 pontos-base, a 13,25%; e o de Jan/31, 17 pontos-base, a 13,33%.
Lula disse, em entrevista ontem à RedeTV!, não haver razão para a manutenção da taxa de juros em 13,75%. “Quero saber do que serviu a independência. Eu vou esperar esse cidadão (Campos Neto) terminar o mandato dele para a gente fazer uma avaliação do que significou o banco central independente”, disse Lula. O presidente afirmou que inflação de 4,5% e 4% está de bom tamanho se a economia crescer. Lula ressaltou que não está na sua pauta uma mudança na autonomia do BC, mas sim da taxa de juros.
“Estratégia do presidente está atrapalhando os objetivos do governo”, disse Rogério Braga, sócio gestor da Quantitas, atribuindo a reação dos juros aos comentários de Lula.
Dois dados divulgados hoje indicaram economia fraca. O índice dos gerentes de compras, o PMI, na sigla em inglês, composto do Brasil acelerou de 49,1 em dezembro para 49,9 em janeiro, informou a S&P Global. Mas o indicador seguiu abaixo do nível de 50 pontos, o que sinaliza contração.
O setor industrial brasileiro apresentou estabilidade, em linha com o projetado pelo consenso em dezembro, após resultado negativo de novembro.
CÂMBIO
O dólar futuro disparava nesta sexta-feira ante o real, acompanhando o movimento global da moeda americana em reação ao Payroll.
Perto das 12h30, o dólar futuro subia 1,30%, a R$5,139, em linha com o Índice Dólar DXY, que se apreciava 0,79%, a 102,52 pontos.
BOLSA
O Ibovespa oscilava perto da estabilidade com a alta das ações da mineradora Vale e da Petrobras, em meio à pressão do exterior após o Payroll acima do esperado e ainda refletindo o tom mais duro do Comitê de Política Monetária do BC.
Perto das 12h30, o principal índice da Bolsa operava sem direção definida, com alta de 0,14%, aos 110.293 pontos, com as ordinárias da Locaweb e do Grupo Soma liderando as perdas percentuais a 5,46% e 5,23%, respectivamente.
Do lado positivo, as ações ordinárias da Vale e preferenciais da Petrobras adicionavam ao índice mais de 200 pontos.
No cenário corporativo, o presidente da petroleira, Jean Paul Prates, indicou cinco novos membros para a composição da diretoria executiva da empresa. Para o Bradesco BBI, os nomes indicados para a petrolífera são bastante técnicos, mas o banco reduziu de 60% para 40% a chance de a empresa pagar dividendos de US$5 bilhões a US$6 bilhões.