Ano dourado

Ouro sobe 40% em 2025 e caminha para maior alta em 46 anos

Ouro sobe 40% em 2025 e caminha para maior alta em 46 anos
Grok/X

São Paulo, 15/09/2025 – O ouro caminha para registrar o maior ganho anual desde 1979, acumulando valorização de quase 40% até o momento em 2025 e praticamente dobrando de preço nos últimos três anos, em meio à fraqueza do dólar e a forte compra do ativo por Bancos Centrais ao redor do mundo.

A cotação do metal precioso ultrapassou a marca de US$3.600 por onça-troy, cravando máxima histórica em US$3.674,78, no início de setembro, impulsionada por fatores econômicos e geopolíticos que reforçam a atratividade do ouro como ativo de proteção.

Entre os principais gatilhos dessa alta estão a fraqueza do dólar, a queda das taxas de juros e a redução dos rendimentos reais — aqueles que descontam a inflação, além de conflitos geopolíticos e temores pelas novas políticas tarifárias dos Estados Unidos.

O índice DXY, que mede a força do dólar frente a outras moedas, registrou no primeiro semestre sua maior queda desde 1973, favorecendo a busca por alternativas como o ouro. Em paralelo, empresas ligadas ao setor têm se beneficiado — BDRs da Aura Minerals negociados na B3 acumulam um salto de 133% em 2025, operando em patamares recorde.

A incerteza geopolítica, a inflação persistente e o movimento global para reduzir a dependência do dólar têm sustentado a demanda pelo ouro. Bancos Centrais e investidores de longo prazo figuram entre os principais compradores, reforçando a percepção do ouro como um porto seguro em tempos de instabilidade.

De acordo com uma pesquisa do Conselho Mundial do Ouro, os BCs de todo o mundo esperam que suas reservas de ouro aumentem em proporção nos próximos cinco anos, ao mesmo tempo em que projetam que suas reservas em dólares serão menores.

Os Bancos Centrais têm sido compradores líquidos de ouro nos últimos 15 anos, mas a velocidade das compras dobrou após a invasão da Ucrânia pela Rússia. Em 2024, os BCs compraram mais de mil toneladas de ouro em barras pelo terceiro ano consecutivo, de acordo com o Conselho Mundial.

O QUE PODE FREAR O OURO?

Após uma sequência quase ininterrupta de altas desde o início de 2024, o preço do ouro pode passar por um período de consolidação, à medida que investidores realizam lucros. Além disso, uma redução significativa nas tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e um eventual acordo de paz entre Rússia e Ucrânia poderiam pressionar as cotações para baixo.

Outro fator relevante é o papel dos Bancos Centrais, que têm sido o principal suporte para a tendência de alta. Caso essas instituições decidam reduzir suas reservas, o impacto no mercado pode ser expressivo.

Por outro lado, um cenário em que a credibilidade na independência do Banco Central americano, o Fed, poderia levar mais investidores a aplicar em ouro como forma de diversificação e proteção contra riscos inflacionários, disseram analistas do Goldman Sachs, projetando cenário-base em que o ouro poderia superar US$4 mil até meados de 2026.

“Diversifique em commodities, especialmente ouro”, escreveu o time do Goldman, em relatório de 3 de setembro. “Ouro segue nossa recomendação “long” (compra) de maior convicção”, acrescentaram os analistas.