Por Patricia Lara
A expectativa do mercado de manutenção da taxa básica Selic no próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) segue majoritária, segundo a negociação de contratos de opção do Copom na B3. Porém, o desfecho da reunião de agosto do Copom é imprevisível, com apostas emboladas, em meio ao cenário doméstico que mescla medidas de estímulos fiscais, um mercado de trabalho ainda robusto e o desempenho forte do agronegócio, em contraponto à desaceleração da inflação, a repercussão defasada do ciclo de aumento da taxa de juros no crédito e na demanda. A queda dos preços das commodities e o contexto econômico externo desafiador são outros vetores que justificam a divisão de expectativas do mercado.
O contrato de opção de Copom, que permite a negociação da variação da taxa Selic Meta, decidida a cada reunião do comitê, mostrava uma aposta praticamente equilibrada de cerca de 30% para cada um dos cenários potenciais para a decisão de juros de agosto: o de manutenção, o de corte de 0,25 ponto percentual e o de 0,50 ponto percentual.
O sócio e gestor de fundos multimercados da XP Asset Management, Bruno Marques, está no grupo que acredita que o primeiro passo na desaceleração dos juros brasileiros ocorrerá em agosto, com um alívio de 0,25 ponto percentual.
Para Marques, que esteve entre os representantes da XP que se reuniram com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nesta semana, “o dado do varejo na margem um pouco mais fraco ajudava na queda dos juros futuros, além do ajuste da alta dos últimos dois dias”. O dado não o levou a respaldar a ideia de um corte mais intenso em agosto.
As opções de Copom precificavam uma chance em manutenção da Selic de 95% na semana que vem. A “zebra” do 0,25 ponto percentual de alívio era negociada a R$4,79, indicando probabilidade remota deste desfecho, segundo dados públicos disponíveis de hoje.
“O BC nessa reunião de junho vai abrir a porta para iniciar a queda de juros em agosto. Não faz sentido achar que os juros neutros têm que ser maior que 7%”, disse o operador da Terra Investimentos Paulo Nepomuceno. “Estamos com uma taxa básica muito alta e há muito tempo. Os efeitos dessa contratação já foram absorvidos”, afirmou.