São Paulo, 20/05/2025 – As ações do setor educacional caem em bloco na B3 nesta terça-feira, após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assinar, na noite de ontem, um decreto com novas regras para a educação à distância (EAD). Segundo analistas do BTG Pactual, as medidas são relevantes e com impacto em geral negativo para as ações ligadas ao setor, embora com impactos diferentes para cada empresa.
O novo decreto extingue a possibilidade de cursos 100% EAD e estabelece a obrigatoriedade de provas presenciais, com o objetivo de elevar a qualidade do ensino superior nessa modalidade. De acordo com o texto, ao menos 20% da carga horária dos cursos deverá ser realizada presencialmente — seja na sede da instituição, polos externos, ou por meio de atividades síncronas mediadas por tecnologia, nas quais alunos e professores interagem em tempo real.
Para o BTG Pactual, o novo marco regulatório deve afetar mais intensamente as companhias com maior exposição ao ensino a distância, como Vitru, Cogna, Yduqs e Cruzeiro do Sul. Já empresas com foco predominante no ensino presencial, como a Ânima, tendem a sofrer impactos mais limitados, e podem até ver a medida “representar uma vantagem competitiva relativa”.
Embora esperadas, as alterações são vistas com viés negativo para o setor, devido ao aumento dos custos operacionais e à dificuldade de repassar esses custos aos clientes (alunos), na avaliação do banco.
Os analistas do BTG alertam que a nova regulação tende a exigir ajustes estratégicos e realocação de recursos, o que pode influenciar diretamente o desempenho das ações ligadas à educação nos próximos meses.
As instituições de ensino terão até dois anos para se adequar às novas regras, contados a partir da publicação do decreto. Alunos já matriculados em cursos EAD que serão descontinuados poderão concluí-los no formato originalmente contratado.
De acordo com levantamento do BTG, a Vitru tinha 24% de participação de mercado no segmento privado de EAD em 2023, seguida por Cogna, com 17%, YDUQS, comm 12%, e Cruzeiro do Sul, com 6%. Ânima e Ser Educacional estão entre as com menor fatia no segmento de EAD, com 3% do mercado cada.
Por volta das 11h30, as ações ON da Yduqs e da Cogna recuavam 5,77% e 5,19%, respectivamente, liderando as perdas percentuais do Ibovespa. Fora do índice, os papéis ON da Ser Educacional, Ânima e Cruzeiro do Sul caíam 2,55%, 5,44% e 2,98%, respectivamente.
Apesar da queda desta terça, as ações ON da Cogna e da Yduqs seguem como destaques positivos do Ibovespa no acumulado do ano, com altas de 173% e 80%, respectivamente, com analistas tendo avaliado a temporada de resultados do primeiro trimestre como positiva em geral para os grupos educacionais listados.