Por: Leandro Tavares
Os mercados internacionais operam em alta nesta terça-feira, ampliando o movimento de correção iniciado ontem, após uma sequência de quedas, de olho em notícias corporativas e à espera de indicadores e membros do Federal Reserve. No Brasil, os investidores aguardam os dados de arrecadação e a participação de Roberto Campos Neto em evento do Santander Brasil.
Na zona do euro, o saldo da conta corrente atingiu um superávit de 36,77 bilhões de euros em junho, um alívio em relação ao déficit de 11,3 bilhões de euros de maio. O indicador também repercute nos mercados europeus, já que se mostra um alento em meio a tantos dados negativos recentes, diante de uma economia mais apertada.
Além disso, a iniciativa da Microsoft de submeter uma nova proposta para adquirir a fabricante de videogames Activision Blizzard à autoridade de concorrência no Reino Unido, ajuda a impulsionar o mercado de ações europeu.
Na Ásia, os mercados também corrigiram e encerraram em alta, seguindo os mercados americanos da véspera, um dia após o PBoC, banco central chinês, cortar a taxa de empréstimos de um ano para 3,45%, sendo que a taxa anterior estava em 3,55%, num movimento considerado tímido pelo mercado em meio à crise econômica na China.
Nos Estados Unidos, os mercados estão em compasso de espera pelo simpósio Jackson Hole, evento anual promovido pelo Fed de Kansas City, no qual reúne especialistas de todo o mundo para tratar de política monetária durante três dias e que começará na quinta-feira. O dia mais aguardado é a sexta-feira, quando está previsto um discurso de Jerome Powell.
Em meio à expectativa, os agentes vão acompanhar, a partir das 8h, o discurso do presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin. Às 11h, será a vez do indicador de venda de casas usadas de julho, assim como da sondagem industrial de Richmond.
A partir das 15h30, por sua vez, está previsto o discurso do presidente do Fed de Chicago, Austan Goolsbee, e de Michelle Bowman, diretora do Fed. Às 17h30, a API divulga os estoques semanais de petróleo da semana encerrada em 18 de agosto.
Ainda nos EUA, continua no radar dos agentes o mercado de juros, principalmente depois de o Treasuries de 10 anos, que é referência global, atingir ontem o nível mais alto de fechamento desde novembro de 2007.
No Brasil, a Receita Federal divulga, às 10h, os dados de arrecadação de julho. Às 9h, o presidente do Banco Central, Roberto Campos, participa de um evento do Santander Brasil, enquanto o diretor da entidade, Gabriel Galípolo, palestra em evento da Fiesp, às 10h.
No âmbito político, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa da Cúpula dos Brics, grupo formado por Brasil, China, Rússia, Índia e África do Sul. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, o evento deve debater temas como a guerra entre Rússia e Ucrânia, a adoção de um moeda única para transações dentro do grupo e a adesão de novos países. O evento acontece até o dia 24 de agosto, em Joanesburgo, na África do Sul.
Nesta madrugada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que acompanha o presidente Lula no evento, disse, segundo agências, que o Brics tem grande contribuição a dar ao mundo, sem antagonismo a outros fóruns.
Diante da viagem do presidente, a tão aguardada reforma ministerial, que tem como objetivo contemplar o chamado centrão, em troca de aprovação de reformas no Congresso, pode atrasar mais alguns dias.
Mesmo sem a reforma ministerial, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, discutiu na noite de ontem a votação do arcabouço fiscal. Segundo ele, o avanço das reformas não depende de acordos com o governo.
Em contato com a imprensa após a participação em evento da Fiesp na véspera, Lira defendeu o retorno da reforma Administrativa à agenda legislativa, após a Câmara enviar a Reforma Tributária ao Senado. “Não quero botar pressão sobre ninguém, mas vamos ter de cortar despesas. Se não podemos aumentar impostos, temos de cortar despesas”.
De acordo com o presidente da Câmara, caso haja acordo na reunião de líderes, agendada para às 11h, o arcabouço fiscal pode ser votado ainda hoje. Importante ressaltar que o avanço das pautas econômicas deve trazer previsibilidade às contas públicas e colaborar com o ciclo de quedas da taxa Selic.
Ontem, o Ibovespa encerrou em queda, refletindo uma maior aversão ao risco, depois de um corte de juros menor que o esperado na China. No mercado de câmbio, o dólar fechou em alta, diante das indefinições de pautas econômicas por aqui e avanço dos juros americanos.
Para mais informações, acesse os Panoramas Corporativo e Político no pré-abertura.
MERCADOS GLOBAIS
Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 operavam em alta de 0,24%, 0,42% e 0,58%, nesta ordem.
O Índice Stoxx Europe 600 subia 1,11%, enquanto o índice alemão DAX tinha alta de 1,09% e o britânico FTSE-100 operava em alta de 0,67%. No pregão, todos os setores operam em alta, com destaque para o segmento de tecnologia, que sobe 2,02%.
O dólar americano opera em queda em comparação aos pares. O DXY caía 0,20%, a 103,118 pontos. No geral, as moedas operam mistas, com destaque para a rand-sul africana, que sobe 0,96%.
Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, ou T-Notes, operam em queda de 3 pontos-bases, a 4,308%.
Na Ásia, o índice HSI de Hong Kong subiu 0,95%, enquanto o Xangai Composto teve alta de 0,88%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, subiu 0,92%.
O minério de ferro com teor de concentração de 62%, negociado na bolsa de Dalian, subia 4,47%, às 6h00, cotado a US$110,33, impactado pelo corte de juros na China e pela não implementação de corte de produção pelas siderúrgicas chinesas.
O petróleo tipo Brent, que serve como referência para a Petrobras, operava em baixa de 0,34%, a US$84,17.
O Bitcoin tinha alta de 0,14% nas últimas 24 horas, a US$26.053,00; o Ethereum caía 0,35% no mesmo período.
MERCADOS LOCAIS
Bolsa: O Ibovespa futuro deve abrir em alta, refletindo a alta do minério de ferro, que pode direcionar os negócios com Vale, além da expectativa pelo avanço das reformas. Em relatório enviado a clientes, o BB Investimentos disse que o índice tem suporte mínimo em 114 mil pontos e resistência em 117 mil pontos.
Câmbio: O dólar futuro deve abrir em queda, impactado pelos commodities e de olho em Brasília.
Juros: Os contratos de juros futuros na B3 devem continuar o movimento de alta. Os juros futuros nos EUA operam em queda, um dia após o título de 10 anos atingir a máxima desde novembro de 2007.
DESTAQUES
Os rendimentos dos títulos da dívida dos Estados Unidos de longo prazo têm enfrentado volatilidade crescente. De um lado, esse movimento é fruto de uma maior emissão de títulos por parte do governo americano para financiar seu crescente déficit fiscal. Por outro, os investidores vêm exigindo mais prêmio no mercado, de olho na inflação persistente e em juros elevados por mais tempo do que o previsto na economia americana. Ontem, os rendimentos dos Treasuries de dez anos subiram mais de 8 pontos-base e superaram o maior nível desde 2007, 4,467%. Com isso, os investidores já se preparam para uma economia em que os rendimentos tenham de oferecer retorno superior a 5%, segundo analistas. (Mover)
As ações da Nvidia tiveram a maior alta diária na sessão desta segunda-feira desde maio, com os investidores aguardando a divulgação do seu balanço referente ao segundo trimestre fiscal de 2024, previsto para ocorrer após o fechamento do pregão, na quarta-feira. Também ontem, o HSBC elevou o preço-alvo para o papel a US$780, representando um potencial de upside superior a 65% para a companhia. (Mover)
O Goldman Sachs está considerando a venda de uma parte de seu negócio de gestão de patrimônio, com o objetivo de reposicionar seu foco para atender clientes super-ricos. A medida é mais uma reformulação a ser eventualmente adotada pelo CEO da companhia, David Solomon, para reposicionar o foco da instituição no público de super-ricos. (Reuters)
Planalto teme ‘caos’ se MP das offshores não for votada. O ministro da Fazenda tem dito publicamente que “não há plano B” caso a medida, que perde efeito no dia 28 de agosto, não avance no Legislativo. (Valor)
Economistas já preveem desemprego abaixo de 8%. Entre as explicações estaria a menor procura por trabalho, em razão da antecipação de aposentadorias na pandemia e do reforço de benefícios sociais. (Valor)
Selic menor vai aliviar o peso da dívida. Daniel Leal, que foi do Tesouro, estima queda de R$310 bilhões nas despesas com juros se a taxa básica for reduzida dos atuais 13,25% para 9,5% até agosto de 2024. (Estadão)
Rodrigo Pacheco espera votar a reforma Tributária no Senado em outubro. A indústria defende teto de 25% para imposto único, e presidente do Congresso diz que será feito estudo sobre impacto das exceções. (O Globo)