Mercados sobem em dia de liquidez reduzida e de olho em China

Campos Neto e Focus seguem no radar do mercado brasileiro

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Por: Leandro Tavares

Em dia de feriado do Dia do Trabalho nos Estados Unidos, os mercados ao redor do globo operam em alta, mas com liquidez reduzida, já que as bolsas americanas ficarão fechadas nesta segunda-feira. Do outro lado do mundo, a China permanece no radar, após mais uma rodada de estímulos. No Brasil, os agentes vão acompanhar a divulgação do Boletim Focus e palestra de Roberto Campos Neto.

Na Alemanha, a balança comercial registrou um superávit de 15,9 bilhões de euros em julho, enquanto o consenso esperava 18 bilhões de euros. No período, as exportações tiveram uma retração de 0,9% na base mensal, menos que a projeção de analistas, enquanto as importações subiram 1,5% em julho, sendo que a estimativa era de uma alta de 0,5%. 

Os indicadores mistos na maior economia da Europa são um alento, já que dados recentes mostraram preços apertados de modo geral, diante de uma inflação elevada. A partir das 10h30 , a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, fará um discurso e poderá dar sinalizações sobre os próximos passos da política monetária.  

Na Ásia, os mercados fecharam em alta, reverberando ainda as medidas de estímulos na China anunciadas na semana passada, como a redução das taxas hipotecárias no mercado imobiliário, além da redução das taxas de depósitos. 

No entanto, para ajudar ainda mais a economia em dificuldades, o governo chinês anunciou novas medidas. Na sexta-feira, segundo a Bloomberg, o Banco Popular da China flexibilizou algumas regras de endividamento e reduziu as reservas obrigatórias para moeda estrangeira, de 6% para 4% a partir do dia 15 de setembro. 

Além disso, a incorporadora Country Garden obteve no fim de semana a aprovação de seus credores para estender os pagamentos de um título privado de offshore no valor de US$540 milhões, de acordo com a Bloomberg. Outra medida tomada pela empresa foi a transferência de pagamento de um título malaio no valor de US$631 mil. 

Nos EUA, devido ao feriado do Dia do Trabalho, não há previsão de divulgação de nenhum indicador. Na sexta-feira, os mercados encerraram sem direção única, de olho nos dados do Payroll e digerindo estímulos na China. 

No Brasil, a expectativa é pela divulgação do Boletim Focus, a partir das 8h25. Diante de uma alta do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre que surpreendeu a todos na última sexta-feira, pode ser que as projeções do mercado para o crescimento da economia brasileira em 2023 possam ter mudado. Atualmente, a previsão é de uma alta de 2,31%. 

Logo após o dado, o governo disse que a alta de 0,9% do PIB no segundo trimestre na comparação com os três meses anteriores surpreendeu positivamente e superou as estimativas feitas pelo Ministério da Fazenda, apontando para um crescimento de 3% da economia brasileira este ano. 

Diante disso, na visão do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se o Congresso aprovar medidas econômicas que o governo tem enviado ao Legislativo, o país seguirá colhendo os frutos. 

Mais cedo, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) divulgou o Índice de Preços ao Consumidor, que mede o custo de vida das famílias em São Paulo, maior centro consumidor do país, com uma queda de 0,2% em agosto.

Às 14h, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, fará uma palestra num evento do JP Morgan, em São Paulo. 

No âmbito político, os investidores devem reagir ao balde de água fria que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, jogou nas ambições do governo, caso queira elevar os impostos para aumentar a arrecadação. 

Segundo ele, é improvável que o governo consiga aprovar aumento de impostos no Congresso, independentemente de ampliar o apoio legislativo com a reforma ministerial, segundo o jornal O Estado de S.Paulo. “Se não for possível aumentar as receitas, a discussão principal será sobre onde cortar despesas”, afirmou na sexta-feira. 

Com isso, a expectativa agora é pelo anúncio da reforma ministerial. Segundo o jornal Valor Econômico, este anúncio deve acontecer até a próxima quinta-feira, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viaja para Nova Déli, na Índia, onde participará da cúpula do G-20. 

O que se sabe até o momento é que os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) entrarão no governo.

Na sexta-feira, o Ibovespa encerrou em alta, reverberando o PIB do segundo trimestre e Payroll nos EUA. No mercado de câmbio, o dólar fechou em baixa, de olho em dados importantes no Brasil e nos EUA. 

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MERCADOS GLOBAIS

Nos EUA, os índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 não operam devido ao feriado local. 

O Índice Stoxx Europe 600 subia 0,72%, enquanto o índice alemão DAX tinha alta de 0,61% e o britânico FTSE-100 tinha elevação de 0,60%. Entre os setores, destaque para o segmento de energia, que subia 2,37%. 

O dólar americano operava em queda em comparação aos pares. O DXY tinha baixa de 0,15%, a 104,106 pontos. No geral, as moedas operam sem direção única, com destaque para a lira turca, que sobe 0,47%.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, ou T-Notes, operam em alta de 7 pontos-base, a 4,181%. 

Na Ásia, o índice HSI de Hong Kong teve alta de 2,51%, enquanto o Xangai Composto subiu 1,40%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, teve alta de 0,70%.

O minério de ferro com teor de concentração de 62%, negociado na bolsa de Dalian, subia 0,06%, às 6h00, cotado a US$116,09.

O petróleo tipo Brent, que serve como referência para a Petrobras, oscila próximo da estabilidade, a US$88,62. 

O Bitcoin tinha alta de 0,13% nas últimas 24 horas, a US$25.944,70; o Ethereum subia 0,22% no mesmo período. 

MERCADOS LOCAIS

Bolsa: O Ibovespa futuro deve abrir instável, diante da baixa liquidez com feriado nos EUA e de olho na cena política local. Segundo o BB Investimentos, o índice tem suporte mínimo em 113.100 pontos e resistência máxima em 122.600 pontos. 

Câmbio: O dólar futuro deve abrir em queda, mesmo movimento visto na sexta-feira, refletindo dados da economia brasileira e com China no radar. 

Juros: Os contratos de juros futuros na B3 devem continuar o movimento de alta. Os juros futuros nos EUA operam sem direção única, em dia de feriado no país. 

DESTAQUES

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar, na sexta-feira, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a quem chamou de “o cidadão do BC”, por conta dos juros altos. “Ele precisa baixar os juros, vamos continuar brigando”, afirmou, durante cerimônia do Banco do Nordeste, em Fortaleza (CE). (Mover) 

A rede de academias BlueFit informou neste domingo, via fato relevante, a realização de um acordo de venda de 51% do capital social da empresa para a MC Brazil Fitness Holding, controlada pela Mubadala Capital. Segundo o diretor financeiro e de relação com investidores da empresa, Guilherme Pereira Alves, a operação envolverá R$114,1 milhões pagos pela MC em contrapartida à compra e venda de ações, e R$350 milhões aportados pela empresa, em contrapartida à subscrição de novas ações a serem emitidas em aumento de capital. (Mover) 

O presidente da Bolívia, Luis Arce, afirmou na sexta-feira que o país não tem mais capacidade de produzir gás no momento e que as reservas chegaram ao limite. A imprensa local destaca que pode haver suspensão dos acordos de exportações para Brasil e Argentina. “Há um declínio na produção desde 2014 mais ou menos, um declínio que lamentavelmente foi caindo até tocar o fundo. Fomos perdendo muitas reservas de gás esse tempo todo, não as repusemos e, portanto, o país não tem capacidade de produzir mais. Para produzir mais, tem que ter capacidade, tem que identificar o poço, tem que saber onde há gás para extraí-lo”, disse o presidente. (Mover) 

Início do ciclo de corte de juro eleva busca por fundos de renda fixa ‘turbinados’. A captação começa a refletir interesse por risco um pouco maior; bancos e gestoras lançam produtos. (Valor)

‘Nearshoring’ devolve vigor à bolsa mexicana. O fenômeno que ganhou força desde a pandemia tem empurrado mais empresas ao país vizinho dos Estados Unidos e uma fila começa a se formar rumo a uma oferta de ações. (Valor) 

Biden tenta blitz diplomática, mas Xi resiste em se aproximar dos EUA. Nos últimos três meses, Pequim recebeu uma procissão de funcionários de alto escalão do governo americano, mas o diálogo ainda é marcado por cautela e desconfiança. (Estadão)

Lira obriga deputados a estarem presentes hoje. Ato do presidente da Câmara visa ‘permitir a deliberação de pautas de alta relevância’. Haddad afirma que o Congresso terá papel-chave para a agenda econômica se ‘afastar pautas-bomba’ até o fim do ano. (O Globo).