Mercados sobem de olho em juros e com China no radar

No Brasil, Campos Neto é destaque

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Por: Leandro Tavares

Diante de um início de semana com agenda esvaziada ao redor do globo, as bolsas internacionais operam em alta nesta segunda-feira, reverberando os discursos de presidentes de bancos centrais na última sexta-feira, entre eles do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, e da presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde. Por aqui, o destaque é a divulgação do Boletim Focus e a participação de Roberto Campos Neto em evento.

No discurso, Powell disse que o Fed está preparado para elevar os juros e ou mantê-los em níveis restritivos caso seja necessário para controlar a inflação. Lagarde, por sua vez, reafirmou a dependência dos próximos indicadores para decidir sobre a taxa de juros na Europa.

Na visão do mercado, o discurso mostrou que o Fed está cauteloso, ou seja, que continuará monitorando os indicadores para os próximos passos, apesar de números recentes, principalmente de bens duráveis, terem apresentado queda.

Na Europa, o dia deve ser influenciado por um feriado local no Reino Unido, com a bolsa de Londres fechada, esvaziando os negócios no bloco. 

Na Ásia, os mercados fecharam em alta, após a China anunciar medidas de estímulos para impulsionar a economia. Neste domingo, o gigante asiático disse que vai reduzir pela metade o imposto sobre as transações no mercado de ações, que atualmente é de 0,1%, com o objetivo de restaurar a confiança dos investidores na segunda maior bolsa de valores do mundo, a de Xangai. 

Segundo agências, a redução de impostos, válida também para os papéis negociados em Shenzhen, é a primeira desde 2008 e entrou em vigor nesta segunda-feira.  

Ainda do outro lado do mundo, as ações da chinesa Evergrande, uma das maiores incorporadoras da Ásia, voltaram a ser negociadas após um hiato de 17 meses, recuando 87%. Recentemente, a empresa entrou com pedido de proteção judicial nos Estados Unidos, por meio do Capítulo 15 do Código de Falências, com o objetivo de proteger-se contra eventuais ações de acesso ou bloqueio de bens pelos credores estrangeiros, caso tentem liquidar as dívidas que tenham dela. 

Nos EUA, após o discurso do presidente do Fed, os investidores precificam na curva de Treasuries a possibilidade de novos aumentos na taxa de juros por lá, o que faz com o que os juros americanos iniciem a semana sem direção única.

Na agenda econômica, será divulgado às 11h30 o índice da atividade industrial do Fed de Dallas de agosto, no qual o consenso espera uma retração de 21,6 pontos. Às 14h, o governo vai divulgar dois leilões de Treasuries, sendo um com vencimento de dois anos e outro de cinco anos.

No Brasil, a expectativa é pela divulgação do Boletim Focus, a partir das 8h25. Como a prévia da inflação brasileira, medida pelo IPCA-15, veio acima das projeções na sexta-feira, pode ser que tenha alguma mudança nas estimativas, embora o dado ainda não tenha considerado o reajuste de combustíveis feito pela Petrobras. 

Às 8h30, o Banco Central divulga as operações de crédito de julho. Antes disso, às 8h, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulga o Índice Nacional de Custo de Construção (INCC-M) de agosto, que tem como objetivo acompanhar os preços do setor de construção.

Já às 14h o presidente do BC, Roberto Campos Neto, palestra em evento da Warren em São Paulo. 

No âmbito político, a tão esperada reforma ministerial deve acontecer em breve. Isso porque, na sexta-feira, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve resolver essa questão depois de viagem à África, ainda mais agora que as pautas econômicas avançaram na Câmara e no Senado. 

De acordo com Padilha, a reforma vai contemplar dois ministérios, com as entradas de Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) e André Fufuca (PP-MA), embora o desenho ainda não esteja definido. 

Por outro lado, a expectativa do governo é que nesta semana seja colocada para votação as taxações de fundos exclusivos e de investimentos em offshore, pautas que foram retiradas da MP do salário mínimo, mas que têm grande importância para o governo. Na semana passada, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, disse que essas pautas serão enviadas à Casa em outra MP.

Na sexta-feira, o Ibovespa encerrou em queda, acima dos 115 mil pontos, impactado pela aversão ao risco após a fala de Powell no simpósio de Jackson Hole. No mercado de câmbio, o dólar fechou estável, de olho na redução do diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos. 

Para mais informações, acesse os Panoramas Corporativo e Político no pré-abertura.

MERCADOS GLOBAIS

Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 operavam em alta de 0,24%, 0,17% e 0,23%, respectivamente. 

O Índice Stoxx Europe 600 subia 0,54%, enquanto o índice alemão DAX tinha alta de 0,42%. Já britânico FTSE-100 está fechado devido a um feriado local. Entre os setores, destaque para o segmento de tecnologia, que sobe 0,60%. 

O dólar americano opera em queda em comparação aos pares. O DXY caía 0,05%, a 104,1138 pontos. No geral, as moedas operam sem direção definida, com destaque para a lira turca, que sobe 0,14%.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, ou T-Notes, operam estáveis, a 4,239%. 

Na Ásia, o índice HSI de Hong Kong teve alta de 0,97%, enquanto o Xangai Composto subiu 1,13%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, teve alta de 1,73%.

O minério de ferro com teor de concentração de 62%, negociado na bolsa de Dalian, subia 0,55%, às 6h00, cotado a US$112,84, de olho em novos estímulos na China. 

O petróleo tipo Brent, que serve como referência para a Petrobras, operava em alta de 0,33%, a US$84,76. 

O Bitcoin tinha queda de 0,55% nas últimas 24 horas, a US$25.915,00; o Ethereum caía 0,96% no mesmo período. 

MERCADOS LOCAIS

Bolsa: O Ibovespa futuro deve abrir em alta, com investidores de olho no exterior e na alta das commodities. De acordo com o BB Investimentos, o índice tem suporte mínimo em 114 mil pontos e resistência máxima em 121.600 pontos.

Câmbio: O dólar futuro deve abrir instável, de olho no diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos

Juros: Os contratos de juros futuros na B3 devem continuar o movimento de alta. Os juros futuros nos EUA operam sem direção definida, de olho na possibilidade da subida dos juros após fala de Powell. 

DESTAQUES

O mercado de fusões e aquisições no setor de petróleo do Brasil está voltando a esquentar, em um movimento que deve ser impulsionado principalmente por grupos privados, após a suspensão do plano de desinvestimentos da Petrobras, disse o gerente de Relações com Investidores da PetroReconcavo, Marcelo Cruvinel. As independentes do setor, conhecidas como “junior oils”, compraram diversos ativos nos últimos anos, e agora há expectativas de que alguns possam ser colocados à venda. A 3R Petroleum, por exemplo, quer desinvestir de certas operações ou fechar parcerias, e a PetroReconcavo estará de olho. (Mover) 

O mais recente conjunto de dados de inflação veio “um pouco pior”, mas impactado principalmente por itens “voláteis”, como alimentação fora de domicílio e automóveis, afirmou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento no sábado. 

De acordo com Campos, no caso de automóveis, a surpresa negativa está atrelada à concessão de estímulos pelo governo federal por meio de crédito tributário ao segmento. “Mas a gente não se comporta com dados em tempo real. Olhamos isso com uma tendência”, complementou. (Mover)

O presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, afirmou no sábado que a inflação subjacente do país asiático permanece “um pouco abaixo” da meta perseguida pelo país asiático, de 2,0%. Ueda, o último banqueiro a falar publicamente no simpósio econômico de Jackson Hole, também afirmou que a leitura de preços no país justifica a continuidade da abordagem ultrafrouxa pela autoridade monetária. (Reuters)

Os investidores se debruçarão sobre uma bateria de dados nesta semana nos EUA. Na quinta-feira, o indicador preferido de inflação do Fed, o PCE, será reportado, e na sexta-feira, o Departamento do Trabalho divulgará o relatório Payroll, que reportará a geração de empregos referente ao mês de agosto. Os dados são peça-chave para a decisão de juros de setembro do Fed. (Wall Street Journal)

Sem impulso do agro, PIB deve crescer cerca de 0,3% no segundo trimestre. A indústria e os serviços, por sua vez, devem subir 0,5% cada, ante queda de 0,1% e alta de 0,6%, pela ordem, no primeiro trimestre, estimam economistas. (Valor)

Pacote para elevar receitas ainda enfrenta resistências. As medidas que dependem do Congresso são a maioria para que o governo consiga arrecadar os R$130 bilhões estimados para fechar a conta no ano que vem. (Valor) 

Aposta em nichos leva 17 varejistas ao ‘clube do bilhão’. Mesmo com juros altos e crescimento baixo, 17 empresas romperam a barreira de R$1 bilhão em vendas no ano passado. O grupo já tem 172 varejistas (Estadão) 

Expansão acelerada de benefícios pressiona por nova reforma da Previdência, segundo estudo. A revisão das regras de acesso ao INSS terá de contornar envelhecimento e informalidade. (O Globo)