Mercados operam sem direção única após ata do Fed

Campos Neto e indicadores macroeconômicos seguem no radar do mercado

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Por: Leandro Tavares

Os mercados internacionais operam sem direção única nesta quinta-feira, refletindo a ata do Federal Reserve divulgada ontem, no qual os membros não descartaram um aperto adicional para reduzir a inflação. No Brasil, destaque para a divulgação do Índice Geral de Preços – 10 (IGP-10) e uma entrevista do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Na zona do euro, a balança comercial registrou um superávit de 23 bilhões de euros em junho, valor acima do consenso, que esperava 18,3 bilhões de euros. No entanto, exportações e importações fracas, que caíram 0,5% e 5,6% na base mensal, respectivamente, indicam uma difícil recuperação econômica no bloco. 

Na Ásia, os mercados fecharam mistos, após a ata do Fed mostrar uma preocupação com a inflação americana, o que pode levar o banco central dos Estados Unidos a continuar o movimento de alta dos juros. 

No Japão, a balança comercial teve déficit de 78,7 bilhões de ienes em julho, frustrando a projeção de analistas, que estimavam um superávit de 24,6 bilhões de ienes. O que chama mais a atenção, no entanto, é que as exportações caíram 0,30% em julho na base anual, enquanto as importações tiveram recuo de 13,5% no mês passado.

Com isso, os dados japoneses evidenciam as dificuldades que a China vem enfrentando, já que o gigante asiatico é seu maior parceiro comercial ao lado dos EUA, maior economia do mundo.

Nos Estados Unidos, um dia depois da divulgação da ata da última reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc), que elevou os juros para o intervalo entre 5,25% e 5,50%, os investidores digerem o comunicado.

No documento, os membros do Fed citam que ainda veem a inflação nos EUA “inaceitavelmente alta” e, diante disso, observam a possibilidade de realizar novos aumentos de juros no país. Para o Comitê, serão necessárias novas evidências para ter confiança de que os preços da economia estão em direção à meta de 2%. Além disso, a ata cita o mercado de trabalho resiliente como elemento para uma possível alta adicional de juros.

Num dia de agenda fraca economicamente, o destaque é a divulgação dos pedidos de seguro-desemprego da semana, às 9h30, no qual os analistas esperam 240 mil novos pedidos. No mesmo horário, será divulgado o índice de atividade industrial do Fed de Filadélfia, que tem estimativa de retração de 10 em agosto.

No Brasil, a Fundação Getulio Vargas (FGV) divulga, às 8h, o IGP-10, que mede a inflação desde matérias-primas até bens e serviços. Às 11h30, Campos Neto concederá entrevista para o portal Poder360. Essa é a quarta aparição seguida do presidente do BC esta semana.

No âmbito político, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, se reuniram ontem à noite para tratar da reforma ministerial. Podem acontecer mudanças em ministérios do governo nos próximos dias, para contemplar o chamado centrão.

Ontem, o Ibovespa encerrou em queda, pressionado pelo exterior após a ata do Fed e pelas ações da Eletrobras. No mercado de câmbio, o dólar fechou praticamente estável, reverberando possíveis altas de juros nos EUA.

No mercado de commodities, os futuros do minério de ferro negociados em Dalian, na China, subiram 4,34%, a 768,50 iuanes, ou US$104,67 por tonelada, recuperando parte das perdas dos últimos dias, apesar das preocupações sobre corte de produção de aço e temor com o cenário imobiliário chinês. Já o petróleo tipo Brent operava em alta de 0,49%, a US$83,86.

Para mais informações, acesse os Panoramas Corporativo e Político no pré-abertura.

MERCADOS GLOBAIS

Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 operavam em alta de 0,20%, 0,20% e 0,21%, nesta ordem. 

O Índice Stoxx Europe 600 caía 0,30%, enquanto o índice alemão DAX tinha baixa de 0,11% e o britânico FTSE-100 operava em queda de 0,24%. Entre os setores, o destaque negativo é o segmento de energia, que cai 0,25%.  

O dólar americano opera estável em comparação aos pares. O DXY operava a 103,450 pontos. No geral, as moedas operam em alta, com destaque para a lira turca, que sobe 0,36%. 

Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, ou T-Notes, operam em alta de 3 pontos-bases, a 4.290%. 

Na Ásia, o índice HSI de Hong Kong caiu 0,01%, enquanto o Xangai Composto teve alta de 0,43%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, caiu 0,44%.

O Bitcoin tinha queda de 2,01% nas últimas 24 horas, a US$29.540,10; o Ethereum caía 1,76% no mesmo período. 

MERCADOS LOCAIS

Bolsa: O Ibovespa futuro deve abrir em alta, acompanhando os futuros americanos e a alta das commodities, que deve beneficiar empresas como a Vale, por exemplo. O índice tem suporte mínimo em 114 mil pontos e resistência em 119 mil pontos, de acordo com o BB Investimentos.

Câmbio: O dólar futuro deve abrir em alta, de olho no exterior após a ata do Fed sinalizar a possibilidade de novos aumentos de juros nos EUA. 

Juros: Os contratos de juros futuros na B3 devem continuar o movimento de alta. Os juros futuros nos EUA operam em alta, com investidores ainda digerindo a ata do Fed.  

DESTAQUES

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou ontem que a empresa irá atender a “absolutamente todos os pleitos” exigidos pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para perfurar a Foz do Amazonas. Ele elogiou a seriedade do Ibama – “não culpo o instituto”. Segundo ele, ainda está analisando a possibilidade de perfuração e deverá fazer mais exigências. (Mover) 

Prates defendeu ainda a produção de petróleo para sustentar a transição energética brasileira. “As empresas de petróleo têm que produzir petróleo para faturar e pagar a transição energética”, afirmou durante audiência pública das Comissões de Serviços de Infraestrutura e de Desenvolvimento Regional realizada nesta quarta-feira no Senado Federal. (Mover) 

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado Federal sinalizou nesta quarta-feira que a Reforma Tributária está prevista para ser votada em plenário até 4 de outubro. A apresentação do relatório está prevista para 27 de setembro. O estabelecimento do cronograma representa um passo significativo em direção à aprovação da Proposta de Emenda à Constituição nº 45, de 2019, que altera significativamente o sistema tributário brasileiro. (Mover) 

O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) ainda vê a inflação dos Estados Unidos “inaceitavelmente alta” e, diante disso, observa a probabilidade de realizar novos aumentos dos juros no país. de acordo com a ata do mais recente encontro, divulgado na quarta. O Staff do Fed também deixou de projetar o risco de uma “recessão moderada” ao fim deste ano, após uma série de dados que apontam para a resiliência da atividade econômica. (Mover)

Os papéis de bancos americanos estenderam as perdas na véspera, ainda repercutindo os apontamentos de um analista da Fitch Ratings na terça-feira, que apontou que várias instituições financeiras podem enfrentar um rebaixamento de rating, diante de uma situação de estresse do ambiente operacional do setor. (Mover)

O líder na corrida presidencial da Argentina, Javier Milei, prometeu fechar o banco central do país, se eleito, e também apontou que fará todos os esforços para evitar um calote da dívida soberana. No que diz respeito à autoridade monetária, Milei afirmou que a instituição não possui “razão para existir”. Ele também pretende dolarizar a economia de US$640 bilhões. (Agências)

O Procurador-Geral da República, Augusto Aras, sugeriu que o Supremo Tribunal Federal tente um processo de mediação para buscar algum tipo de acordo entre a Eletrobras e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em torno de uma ação da União que questiona trechos da lei de privatização da companhia, segundo documento ao qual a Mover teve acesso. “O ideal é que os próprios interessados (União e demais acionistas) cheguem a uma solução de consenso. Solução que contemple, de um lado, as legítimas expectativas dos acionistas e, de outro, a preservação do patrimônio público”, escreveu Aras em manifestação no processo. (Mover)

O diretor de Planejamento e Estruturação de Projetos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Nelson Barbosa, afirmou nesta quarta-feira esperar que o início do ciclo de corte da taxa de juros brasileira abra uma janela para gerar aprovações e desembolsos a projetos apresentados ao banco de fomento. Em coletiva de apresentação dos resultados do BNDES deste ano, Barbosa disse que o Conselho Monetário Nacional (CMN) deve aprovar, ainda neste mês, a redução do custo de crédito voltado a projetos de inovação. (Mover)

A Restaurant Brands International Inc. (RBI) divulgou um comunicado ontem anunciando o plano de uma subsidiária da 3G Capital de vender ações da empresa equivalentes a US$500 milhões na bolsa de Nova York. A RBI, uma das maiores empresas de restaurantes de serviço rápido do mundo, é proprietária de marcas renomadas como Tim Hortons, Burger King, Popeyes e Firehouse Subs. (Mover)

Conselhos inflam salários de ministros de Lula; Itaipu esconde valor de jetons. O presidente nomeia, em seis meses, pelo menos 25 representantes na administração de estatais. No caso da empresa binacional, a remuneração para uma reunião a cada 2 meses é de R$34 mil. (Estadão) 

Cresce temor sobre sistema financeiro na China. Zhongrong International, que tem US$138 bilhões na carteira, deixa de honrar vencimento de alguns papéis. Empresas que formam o ‘setor bancário paralelo’ movimentam US$2,9 trilhões no país, e uma crise nelas poderia contaminar a economia. (O Globo)