Por Leandro Tavares
Os mercados internacionais operam sem direção definida no primeiro pregão da semana, após dados mais fracos de inflação na China levantarem dúvidas sobre a desaceleração da segunda maior economia do mundo.
Nesta madrugada, o índice de preços ao produtor chinês teve uma queda anual de 5,4% em junho, acima da baixa de 4,6% vista em maio. Já o índice de preços ao consumidor ficou estável em junho na comparação anual, depois de subir 0,2% em maio.
Os dados mais fracos mostram que a economia da China está perdendo força, o que pode levar o governo asiático a intensificar os estímulos que tem feito na atividade desde o começo do ano para incentivar os setores.
No Brasil, a expectativa é pela divulgação do Boletim Focus, a partir das 8h25, já que o mercado tem precificado a redução na taxa de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para o dia 2 de agosto.
Os investidores devem observar os dados de inflação no Focus enquanto esperam pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho, que será divulgado nesta terça-feira e deve ajudar a definir os rumos da política monetária brasileira.
Em Brasília, a semana antes do recesso deve ser fraca, tanto no âmbito Executivo quanto Legislativo, após uma semana passada conturbada, que culminou na aprovação da Reforma Tributária na Câmara dos Deputados. O texto ainda precisa ser aprovado pelo Senado, o que só deve acontecer em agosto.
Nos EUA, o dia é mais vazio, embora a semana tenha uma pauta mais cheia. Assim como no Brasil, serão divulgados dados da inflação americana de junho, medida pelo índice de preço ao consumidor, mais conhecido como CPI, na quarta-feira. Hoje, investidores acompanham discursos de membros do Federal Reserve, que podem dar pistas sobre a condução da política monetária daqui para frente.
Investidores também acompanham nesta semana a reunião da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que será realizada na Lituânia, em meio à possibilidade de discussão do ingresso da Ucrânia no bloco – algo já descartado pelo presidente dos EUA, Joe Biden, neste domingo, segundo agências.
Do lado das commodities, os futuros do minério de ferro negociados em Dalian, na China, caíram 3,5%, a 795,5 iuanes por tonelada (US$109,94), pressionados pelos dados mais fracos da inflação no gigante asiático. A baixa da commodity pode pressionar as negociações do Ibovespa, já que a principal empresa da bolsa, a Vale, é altamente dependente do preço do minério.
O petróleo tipo Brent, que registrou a sexta alta em sete pregões na última sexta-feira, cai 0,79%, a US$77,85 por barril.
Na sexta-feira, o mercado brasileiro de câmbio e a bolsa tiveram forte reação aos dados de emprego dos EUA e a aprovação da Reforma Tributária. O Ibovespa fechou em alta de 1,15%. Para analistas, a região de 116 mil pontos é vista como o suporte técnico do índice. O dólar, por sua vez, caiu 1,32%.
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MERCADOS GLOBAIS
Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 caíam 0,04%, 0,20% e 0,38%, respectivamente.
O Índice Stoxx Europe 600 subia 0,12%, com praticamente todas as ações do índice operando em alta. O índice alemão DAX subia 0,34% e o britânico FTSE100 tinha alta de 0,16%.
O dólar americano opera sem direção clara. O DXY subia 0,12%, a 102,388 pontos. No geral, as moedas asiáticas apresentavam alguma valorização, enquanto algumas moedas pares do real, como o peso mexicano, se desvalorizavam.
Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, ou T-Notes, operam estáveis após altas recentes.
Na Ásia, as bolsas fecharam mistas, com o índice HSI de Hong Kong cedendo 0,90%, e o Xangai Composto subindo 0,22%. O índice Nikkei 225 da bolsa de Tóquio caiu 0,61%.
O Bitcoin perdia 0,42% nas últimas 24 horas, a US$30.141,90; o Ethereum caía 0,33% no mesmo período.
MERCADOS LOCAIS
Bolsa: O Ibovespa futuro pode abrir em baixa, seguindo a desvalorização do minério de ferro e as bolsas internacionais sem direção, com cautela um dia antes dos dados de inflação aqui e nos EUA. O Ibovespa tem suporte na mínima dos últimos dias em 116.559 pontos e resistência nas médias de 9 e 21 dias ao redor de 118 mil pontos.
Câmbio: O dólar futuro também pode abrir em queda, dando continuidade ao movimento de sexta, diante da expectativa pela divulgação de dados da inflação americana.
Juros: Os contratos de juros futuros na B3 podem refletir as incertezas sobre a inflação brasileira e americana. Os juros futuros nos EUA operam mistos, podendo pressionar a curva DI.
DESTAQUES
Cresce aposta em corte mais intenso de juros. O mercado já começa a embutir nos preços uma Selic mais baixa à frente. (Valor)
Os dados do Payroll da última sexta-feira indicaram um crescimento salarial mais forte do que o esperado nos Estados Unidos em junho, reforçando a tese, entre operadores, de que o Federal Reserve deverá lançar mão de altas adicionais ao longo do segundo semestre deste ano. (Mover)
A nova mídia social da Meta, conhecida como Threads, ganhou mais de 70 milhões de usuários apenas dois dias após seu lançamento, de acordo com dados levantados pelo CEO da companhia, Mark Zuckerberg, na sexta-feira. (Mover)
As ações da montadora elétrica californiana Rivian Automotive encerraram no maior nível desde dezembro de 2022 na última sexta-feira, cotadas a US$24,70, após a companhia reportar dados acima do consenso para entregas trimestrais no segundo trimestre deste ano. (Mover)
A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, procurou na sexta-feira interromper uma deterioração dos laços entre os Estados Unidos e a China, oferecendo garantias de que os EUA não buscam se distanciar do país asiático. (Wall Street Journal)