Mercados caem no exterior à espera de dados de inflação nos EUA

Dados de Caged devem chamar a atenção do mercado brasileiro

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Por: Leandro Tavares

As bolsas internacionais operam majoritariamente em baixa nesta quarta-feira, em dia carregado de indicadores ao redor do mundo, mas principalmente nos Estados Unidos, quando algumas informações podem dar sinais sobre a política monetária do Federal Reserve. No Brasil, estão previstas as divulgações do Caged, do IGP-M e do resultado primário do governo.

Na zona do euro, a confiança do consumidor teve retração de 16 pontos em agosto, em linha com o consenso. Já a confiança do investidor registrou 93,3 pontos e também frustrou as expectativas. Na Alemanha, as importações tiveram uma queda de 13,25%, enquanto as exportações recuaram 3,2%, em julho, na base mensal. 

Os dados reforçaram o pessimismo geral com a economia europeia. A inflação e os juros elevados ainda estão altos e têm pressionado a economia, o que coloca o Banco Central Europeu (BCE) em uma difícil posição em relação ao aperto monetário. Às 9h, ainda será divulgado o índice de preços ao consumidor de agosto na Alemanha. 

Na Ásia, os mercados fecharam sem direção única, de olho na possibilidade de interrupção do aperto monetário pelo Fed, uma vez que ontem dados de emprego e de confiança do consumidor nos EUA frustraram as projeções. As bolsas asiáticas monitoram a visita que a secretária de Comércio dos EUA, Gina Raimondo, faz à China. 

Segundo a Reuters, Raimondo relatou que companhias americanas têm reclamado de que a China se tornou uma opção em que não se pode investir, diante de multas, operações contra empresas e outras ações que dificultam as operações. 

Nos EUA, o dia está extremamente cheio quando o assunto é indicador econômico. Às 8h, será divulgada a taxa hipotecária de 30 anos da MBA da semana passada, enquanto às 9h15 a ADP divulga a variação de empregos privados de agosto, que tem consenso 195 mil novas vagas. 

A partir das 9h30, por sua vez, o mercado vai olhar com lupa para a segunda leitura do Produto Interno Bruto (PIB) americano e o índice de preços de gastos do consumidor (PCE, na sigla em inglês), ambos do segundo trimestre. 

Importante ressaltar que de hoje até a próxima sexta-feira serão divulgados dados nos EUA que o Federal Reserve olha com muita atenção para decidir a política monetária. Isso pode trazer maior volatilidade aos mercados.  

Para finalizar a agenda americana, às 11h será divulgado a variação das vendas pendentes de casas de julho, enquanto às 11h30 o Departamento de Energia divulga o estoque semanal de petróleo.  

No Brasil, às 8h, os investidores vão acompanhar a divulgação do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M). O consenso projeta uma alta de 0,15% em agosto. A sondagem da indústria será divulgada no mesmo horário. 

Às 9h, o Ministério do Trabalho vai divulgar os números do Caged de agosto, que tem como propósito aferir o registro de trabalhadores demitidos e admitidos no Brasil. O governo utiliza esses dados para a elaboração de políticas públicas e pode ser um termômetro do nível de atividade do país.

Por fim, às 14h30, serão divulgados o resultado primário do governo central e o fluxo cambial da semana.

Além disso, os olhos do mercado continuam voltados para o Congresso, após o governo enviar as propostas que alteram a tributação dos investimentos da parcela mais rica da população, por meio de fundos exclusivos, com ativos no Brasil, além de fundos offshore, com bens e aplicações no exterior. 

Na Câmara, os parlamentares aprovaram ontem à noite a urgência para votar o projeto que prorroga por quatro anos a desoneração da folha de pagamento. O requerimento teve 390 votos a favor e 15 contrários. 

No Senado, está prevista para hoje a votação do projeto de lei do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que tem como diretriz retomar o chamado voto de qualidade, que deve beneficiar o governo em caso de empate no órgão. 

Já a tão aguardada reforma ministerial deve sair do papel em breve. Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a criação de mais um ministério, com o objetivo de ampliar a base de apoio do governo no Congresso.

Ontem, o Ibovespa encerrou em alta, influenciado por Vale, Petrobras, bancos e exterior. No mercado de câmbio, o dólar fechou em baixa, de olho na economia americana e nos estímulos na China. 

Para mais informações, acesse os Panoramas Corporativo e Político no pré-abertura.

MERCADOS GLOBAIS

Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 operavam em queda de 0,07%, 0,19% e 0,30%, respectivamente. 

O Índice Stoxx Europe 600 caía 0,42%, enquanto o índice alemão DAX tinha queda de 0,65% e o britânico FTSE-100 subia 0,04%. Entre os setores, destaque para o segmento de consumo, que operava em baixa de 1,17%. 

O dólar americano operava estável em comparação aos pares. O DXY rodava aos 103,483 pontos. No geral, as moedas operam sem direção definida, com destaque para a lira turca, que sobe 0,93%.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, ou T-Notes, operam em alta de 2 pontos-base, a 4,151%. 

Na Ásia, o índice HSI de Hong Kong teve queda de 0,01%, enquanto o Xangai Composto subiu 0,04%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, teve alta de 0,33%.

O minério de ferro com teor de concentração de 62%, negociado na bolsa de Dalian, subia 1,97%, às 6h00, cotado a US$113,53.

O petróleo tipo Brent, que serve como referência para a Petrobras, operava em queda de 0,08%, a US$85,42. 

O Bitcoin tinha alta de 5,58% nas últimas 24 horas, a US$27.408,40; o Ethereum subia 4,34% no mesmo período. 

MERCADOS LOCAIS

Bolsa: O Ibovespa futuro deve abrir em queda, de olho no exterior e no aguardo de dados internos. Em relatório, o BB Investimentos destaca que o índice tem suporte mínimo em 114 mil pontos e resistência em 121.600 pontos. 

Câmbio: O dólar futuro deve abrir em alta, à espera de dados econômicos nos EUA. 

Juros: Os contratos de juros futuros na B3 devem continuar o movimento de queda. Os juros futuros nos EUA operam em alta, no aguardo de indicadores econômicos.  

DESTAQUES

O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal, Vanderlan Cardoso (PSD), concedeu ontem vistas coletivas ao relatório do Projeto de Lei 2.581/2023, que prevê incentivos e recompensa a informantes de crimes ou atos ilícitos no mercado de valores mobiliários ou em sociedades anônimas de capital aberto. A votação será retomada na semana que vem. (Mover)

Aprendizados decorrentes de investigações sobre um blecaute que atingiu praticamente todo o Brasil há duas semanas devem levar na prática a mudanças na operação do sistema elétrico, o que poderá exigir mais investimentos em linhas de transmissão e maior uso de termelétricas, disseram à Mover fontes especialistas no setor. Ainda de acordo com as fontes, a manutenção de uma operação nesses moldes poderá eventualmente favorecer empresas com usinas térmicas, como a Eneva. (Mover) 

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça-feira que está propondo a criação de um ministério para micro e pequenas empresas, cooperativas e empreendedores. “Queremos criar 2 milhões de empregos com carteira assinada ou mais neste ano, mas tem gente que não quer emprego, que é empreendedor. Precisamos cuidar delas”, justificou. (Mover) 

Após encaminhar ao Congresso as pautas relacionadas à taxação de ‘super-ricos’, Lula afirmou ontem que espera que o Congresso seja maduro para proteger os mais pobres, e não os mais ricos, ao falar das propostas sobre taxar os fundos exclusivos e o projeto de lei que propõe tributar as offshores, investimentos de brasileiros no exterior, muitas vezes em paraísos fiscais. O presidente lembrou que a participação nos lucros dos trabalhadores paga imposto, enquanto a participação dos empresários, não. (Mover) 

A dívida pública federal atingiu R$6,142 trilhões em julho, um recuou de 0,80% na comparação mensal, segundo dados reportados nesta terça-feira pelo Tesouro Nacional. Do montante, R$5,913 trilhões correspondem à dívida mobiliária interna e R$228,9 bilhões são relativos à dívida externa. (Mover) 

Em um movimento inesperado pelo mercado, a Marfrig e a Minerva acertaram uma transação que deve permitir que ambos os frigoríficos concentrem suas operações em segmentos nos quais já vinham investindo. Isso, porém, deve aumentar a sensibilidade das empresas aos ciclos característicos do setor pecuário no médio e longo prazo, segundo analistas e relatórios consultados. (Mover)

As ações da Nvidia subiram 4,16% na sessão da véspera, no maior avanço diário em mais de uma semana, após a companhia ter anunciado uma parceria com a Google, em um movimento que pode ampliar a distribuição tecnológica de sua Inteligência Artificial. Os papéis da Alphabet, holding controladora do Google, subiram 2,72% na sessão. (Mover)

Fundos exclusivos têm saídas de R$71,4 bilhões entre janeiro e julho. Os resgates das aplicações ocorreram no período em que se discutia taxar veículos fechados de investimento. (Valor)

Parte dos ministros quer mudar meta de déficit zero. A ala dos auxiliares do presidente Lula apoia a revisão para um déficit primário entre 0,5% e 0,75% do PIB; Haddad rechaçou a possibilidade de mudanças na meta. (Valor)

Indicação de ministros para a Tupy acende alerta para nomeações políticas. Lupi e Anielle Franco foram escolhidos pelo BNDES para conselho da metalúrgica. O governo busca ampliar a presença em colegiados. (O Globo)