Mercados caem com dados fracos na China e cenário de aversão ao risco

Mercado segue atento à Ata do Copom

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Por: Leandro Tavares

Os mercados internacionais operam em queda nesta terça-feira, refletindo dados de inflação na Alemanha, balança comercial chinesa e à espera de balanços corporativos. No Brasil, a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) é o grande destaque.

Na Alemanha, a inflação, medida pelo índice de preço ao consumidor, teve variação de 6,2% na base mensal, em linha com o consenso. Uma pesquisa do Banco Central Europeu (BCE) mostra que a expectativa de consumidores para a inflação na zona do euro recuou em junho, tanto para os próximos em 12 meses, quanto para os próximos três anos, passando de 3,9% para 3,4%, e de 2,5% para 2,3%, respectivamente.

Na Ásia, os mercados fecharam sem direção única, reverberando dados mais fracos da balança comercial chinesa. Em julho, as exportações recuaram 14,5% na comparação anual, pior que a projeção, que esperava queda de 12,8%, enquanto as importações tiveram redução de 12,4% no período, superando em muito o consenso de baixa de 5,1%.

Os números fracos confirmam a dificuldade que a segunda maior economia do mundo tem tido para expandir os negócios, em meio às dificuldades ao redor do globo, que sofre com inflação e juros altos.

Além disso, o PBoC, banco central chinês, injetou 6 bilhões de yuans na economia, e ainda aumentou a taxa de paridade do dólar em 15 pontos, para 7,1365%. Todos os esforços voltados para aquecer a atividade econômica. Com isso, o “yuan onshore” caia 160 pontos-base em relação ao dólar, registrando a maior desvalorização desde o dia 20 de julho, segundo agências locais.

Nos Estados Unidos, a expectativa é pela divulgação da balança comercial de junho, às 9h30, no qual o consenso espera um déficit de US$65 bilhões, enquanto às 11h será a vez dos estoques do atacado de junho, que tem previsão de uma queda de 0,30%.

Os investidores vão acompanhar o discurso de dois membros do Federal Reserve (Fed): Patrick Harker, do distrito da Filadélfia, às 9h15, e Thomas Barkin, de Richmond, às 9h30.

Às 14h, o governo realiza o leilão de Treasury de três anos. Às 17h30, será divulgado os estoques de petróleo da API da semana passada.

No Brasil, o destaque do dia é a ata da decisão do Copom, às 8h, na qual o mercado espera que o documento forneça mais informações sobre o corte de 50 pontos da taxa de juros, além de mais detalhes sobre os riscos para inflação e algum indicativo sobre os próximos cortes da Selic.

Após o fechamento, serão divulgados resultados trimestrais de Engie Brasil, Raia Drogasil, Cury, Movida, Totvs, Gerdau, Méliuz, dentre outras. Nesta madrugada, a Eletrobras reportou lucro líquido de R$1,61 bilhões no segundo trimestre, uma alta anual de 16%.

Ontem, o Banco Central anunciou um leilão de rolagem com oferta de 16 mil contratos de swap cambial com vencimento em outubro, totalizando US$800 milhões.

Em relação às commodities, os futuros do minério de ferro negociados em Dalian, na China, caíram 0,28%, a 716,00 iuanes, ou US$99,10 por tonelada, dando continuidade ao movimento dos últimos dias. Já o petróleo tipo Brent operava em queda de 1,69%, a US$83,90, refletindo os números fracos da balança comercial chinesa, já que o país tem grande demanda pelo óleo.

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MERCADOS GLOBAIS

Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 operavam em queda de 0,45%, 0,48% e 0,47%, respectivamente.

O Índice Stoxx Europe 600 caía 0,72%, enquanto o índice alemão DAX tinha queda de 0,94% e o britânico FTSE-100 tinha baixa de 0,56%.

O dólar americano avança em comparação aos pares. O DXY tinha alta de 0,36%, a 102,436 pontos. No geral, as moedas operam em alta, com exceção do rand-sulafricano, que cai 0,57%.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, ou T-Notes, operam em queda de mais de 9 pontos-base, a 3.998%.

Na Ásia, o índice HSI de Hong Kong caiu 1,81%, enquanto o Xangai Composto teve queda 0,25%. O índice Nikkei 225, da bolsa de Tóquio, subiu 0,38%.

O Bitcoin tinha alta de 0,46% nas últimas 24 horas, a US$29.169,70; o Ethereum caía 0,20% no mesmo período.

MERCADOS LOCAIS

Bolsa: O Ibovespa futuro deve abrir o pregão volátil, mesmo movimento visto ontem, de olho na ata do Copom. Há dúvidas sobre a economia mundial e expectativas por balanços corporativos. O índice tem suporte na mínima em 117 mil pontos e resistência pouco acima de 123 mil pontos.

Câmbio: O dólar futuro deve abrir em alta, com os investidores ainda de olho no cenário de aversão ao risco no exterior e repercutindo a ata do Copom sobre a reunião da semana passada.

Juros: Os contratos de juros futuros na B3 devem continuar o movimento de alta. Os juros futuros nos EUA operam em baixa, com os investidores avaliando as perspectivas para a taxa de juros, antes do índice de preço ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), que será divulgado na quinta-feira.

DESTAQUES

O possível fim do pagamento de juros sobre capital próprio (JCP) deve trazer impactos para companhias listadas, principalmente bancos, empresas de telecomunicações e a Ambev, de acordo com um estudo do BTG Pactual, que analisa os efeitos da medida estudada pelo governo para aumentar a arrecadação federal. O banco estima que o fim do JCP possa trazer entre R$15 bilhões a R$20 bilhões aos cofres públicos em 2024. (MoVer)

O CFO da Petrobras, Sergio Caetano Leite, disse ontem que a companhia pode elevar os investimentos em até 10% no plano de negócios 2024-2028. Segundo ele, o aumento no plano depende de novos projetos e que isso poderia elevar o capex da estatal de US$1 bilhão a US$4 bilhões. Além disso, o executivo afirmou ainda que uma geração de caixa robusta abre espaço para um maior investimento. (Reuters)

O diretor financeiro da Tesla, Zachary Kirkhorn, renunciou ao posto após 13 anos na montadora elétrica, em um movimento surpreso que levantou questionamentos entre investidores sobre uma eventual sucessão no alto escalão da companhia. Kirkhorn deixou o posto em 4 de agosto. A montadora elétrica anunciou o diretor de contabilidade, Vaibhav Taneja, para o posto de diretor financeiro. (Mover)

Os papéis da Berkshire Hathaway, holding de Warren Buffet, renovaram máxima recorde na sessão da véspera, a US$544 mil, após a companhia anunciar lucro operacional recorde para o segundo trimestre, superior a US$10 bilhões. Ao fim do dia, os papéis, cotados na NYSE, subiram 3,43%. (Mover)

Grandes bancos em Wall Street, como Goldman Sachs e JP Morgan, têm endossado a compra de títulos do Tesouro após o forte movimento de venda ocorrido na semana passada, na esteira do rebaixamento do rating dos EUA pela agência de classificação de risco Fitch. (Agências)

Dois ataques com mísseis russos vitimaram ao menos cinco pessoas e feriram 31, quando atingiram prédios residenciais na cidade de Pokrovsk, no leste da Ucrânia, na região de Donetsk, afirmou o ministro do Interior da Ucrânia, Igor Klymenko, nesta segunda-feira. (Reuters)

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem dado sinais de que deseja retomar a construção da usina nuclear de Angra 3, projeto da estatal federal ENBPar em parceria com a Eletrobras, apesar de notícias recentes de que o projeto não deve entrar no Plano de Aceleração do Crescimento. Na Eletrobras, ainda não chegou nenhum aceno de Brasília sobre mudança nos planos de levar adiante a obra da terceira central nuclear brasileira. (Mover)

Vivara atrai cliente que troca chocolate por anel. Maior rede de joalheria do Brasil, a empresa inaugurou em julho uma fábrica mais ampla em Manaus, que demandou investimentos de R$25 milhões para ampliar sua produção. (Valor)

Governo se mexe por verba do PAC. Sem regra fiscal, Planalto tenta mudar Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias para liberar até R$4 bilhões. Para o relator, porém, a alteração ainda depende de arcabouço. (Estadão)