Por Patricia Lara
O Ibovespa cai e prolonga perdas de sexta-feira, com o ceticismo sobre o arcabouço fiscal. Papéis do setor financeiro estão entre os mais pressionados e as varejistas têm quedas acentuadas diante da preocupação sobre impacto da alta do petróleo no cenário prospectivo de inflação e nas taxas de juros. As ações das Petrobras e das empresas produtoras independentes de petróleo sustentam-se em alta após avanço dos preços do petróleo com corte da oferta por países importantes na produção da commodity. No exterior, os índices amplos da bolsa de Nova York sobem, enquanto o Nasdaq recua.
Perto das 11h46, o Ibovespa cedia 0,81%, aos 100.781 pontos. Os papéis preferenciais do Itaú e as ordinárias da Vale retiram quase 360 pontos do índice. As ações ordinárias das varejistas de vestuário Soma e Lojas Renner eram as maiores quedas em termos percentuais, com tombos de 7,89% e 6,16%, a R$7,50 e R$15,42, respectivamente.
Na contramão, as ações preferenciais e ordinárias da Petrobras contribuíam adicionando mais de 300 pontos ao Ibovespa, seguidas pelas “junior oils”. A ON da Petrobras avançava 3,74%, a R$27,47 e a preferencial, 3,28%, a R$24,21.
As maiores altas percentuais eram das ações ordinárias da PRIO avançavam 4,68%, a R$30,87, e as da 3R Petroleum, 4,65%, a R$32,64.
“Não há nada de concreto sobre o arcabouço fiscal e após se assimilar as intenções, o mercado não sabe de onde virão as receitas”, diz o sócio fundados e chefe de investimentos da Trígono Capital, Werner Roger. Para Roger, falta gatilho para o nosso mercado, o que poderá animar o é se houver queda da taxa de inflação que leve o Banco Central a se manifestar sobre uma queda de juros.
Em 30 de março, dia do anúncio das medidas fiscais, o fluxo de investidor estrangeiro para a bolsa no dia 30 de março foi positivo em US$1,1 bilhão, reduzindo para US$3,49 bilhões a saída acumulada de recursos estrangeiros da bolsa no mês até essa data. No dia 30, o Ibovespa subiu 1,89%, após a boa recepção à proposta fiscal apresentada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), que estabelece travas para aumento de gastos.
No exterior, os contratos futuros do petróleo Brent disparam 6,31%, a US$84,95 o barril, perto das 11h30. A Arábia Saudita e outras nações da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep) anunciaram ontem cortes inesperados de cerca de 1,16 milhão de barris por dia da produção. Os cortes de oferta entram em vigor em maio, em resposta ao recuo dos preços do petróleo no mês passado.
A ValeON recuava 0,81% após minério de ferro encerrar a sessão na Bolsa chinesa de Dalian em queda de 2,04%, a 890,50 iuanes, ou o equivalente a US$129,17 a tonelada, com preocupações sobre intervenção do governo para reprimir a especulação de preços.
Na pesquisa Focus, as expectativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2023 pioraram, de 5,93% para 5,96%, mas ficaram estáveis em 2024, 2025 e 2026. Hoje, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, tem encontro agendado com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), às 17h00, na sede da pasta.
Nos EUA, o Dow Jones acelerou a alta após dados de atividade. O Índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial dos EUA subir de 47,3 em fevereiro a 49,2 em março, segundo dados finais da S&P Global, divulgados nesta manhã. O dado perto do consenso de 49,3. O índice PMI ISM de atividade do setor manufatureiro caiu de 47,7 para 46,3 em março, abaixo do consenso de 47,5.
Os dados reduziram marginalmente a aposta em alta de 0,25pp da taxa de juros americana no próximo encontro do Federal Reserve, o Banco Central dos Estados Unidos, em maio. A aposta neste aumento era de 54,3%, ante quase 59% mais cedo.
O Dow Jones subia 0,94% e o S&P 500, 0,31%, enquanto o Nasdaq cedia 0,39%.