Mercado local reage à suspensão das exportações brasileiras de carne vermelha para a China

Por Patrícia Lara

O mercado local abre sob efeito da decisão do governo brasileiro de suspender temporariamente a exportação de carne vermelha para a China a partir desta quinta-feira, após registro de caso da doença da “vaca louca” no Pará. O exterior segue refletindo cautela antes de dados do Produto Interno Bruto dos Estados Unidos e falas de membros do Federal Reserve.

O Ministério da Agricultura e Pecuária disse, em nota, que está tomando todas as providências após o caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina, conhecida como mal da “vaca louca”, em um animal macho de 9 anos em uma pequena propriedade no município de Marabá, no Pará. Amostras foram enviadas para o laboratório da Organização Mundial de Saúde Animal no Canadá, que poderá confirmar se o caso é atípico. A bolsa local despencou 1,85% ontem com ajuste depois de dois dias de feriado e sob o peso de papéis da Minerva, BRF e JBS, que já reagiram a notícias iniciais sobre o caso.

Os índices de Wall Street fecharam sem direção única após a ata da mais recente reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) mostrar que alguns membros do comitê foram favoráveis a uma elevação dos juros americanos de 50 pontos-base na decisão de fevereiro. Ainda assim, o documento pontuou que uma sólida maioria dos diretores endossou a alta de 25 pontos-base na mesma reunião.

Hoje, as bolsas europeias operam sem direção definida, mas os futuros dos índices acionários americanos têm alívio e sobem, com o do Nasdaq como destaque positivo após lucro e receita acima das expectativas da Nvidia, uma fabricante de peças de computador popularmente conhecida pelas suas placas de vídeo GeForce. O dia traz o dado do PIB e pedidos de auxílio-desemprego nos EUA, às 10h30.

Com a preocupação sobre um ciclo mais agressivo de alta de juros nos EUA, o Índice Dólar, que mede a variação da moeda ante pares, subia 0,11%, a 104,60 pontos, perto das 07h35. Os rendimentos dos títulos de dívida do Tesouro americano também apontavam alta.

Nas commodities, o contrato do petróleo Brent tenta uma recuperação leve após seis sessões em baixa diante da preocupação de que aumentos mais agressivos das taxas de juros pelos Bancos Centrais pressione o crescimento econômico e a demanda por combustíveis. O minério de ferro teve queda leve após medidas da Bolsa chinesa de Dalian para restringir atividade especulativa.

Os futuros de carvão para metalúrgicas dispararam 2,6% em Dalian e cravaram uma máxima de oito meses depois do colapso de uma mina de carvão de grande porte na região da Mongólia Interior, na China. Os líderes chineses buscaram uma investigação rápida sobre a causa do colapso que matou quatro pessoas e feriu outras seis, com 49 desaparecidos.

Outro ponto de atenção para os negócios é o encontro dos Ministros de Finanças e Presidentes de Bancos Centrais do G-20, o grupo dos 19 países mais desenvolvidos mais a União Europeia, em Bangalore, na Índia. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, participou de evento sobre o tema de Infraestrutura Digital organizado em paralelo ao encontro do G-20 nesta madrugada, segundo confirmou a assessoria do Banco Central.

No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem diversos encontros, incluindo um com o presidente da Petrobras, Jean-Paul Prates, às 17h30. A reunião ocorre em meio a notícias de que a equipe econômica deseja retomar tributos sobre combustíveis em março, segundo o G1.

O Tesouro Nacional faz leilão tradicional de títulos prefixados, com o mercado atento ao volume ofertado e à demanda. A Receita Federal apresenta o resultado da arrecadação em janeiro, às 10h30, seguido por coletiva de imprensa às 11h00.

MERCADOS GLOBAIS

-O futuro do petróleo Brent para entrega em abril subia 0,62%, a US$81,10 o barril.

-O minério de ferro caiu 0,5% na bolsa chinesa de Dalian, a 908,50 iuanes, ou o equivalente a US$131,90 a tonelada.

-O Bitcoin subia 0,83% nas últimas 24 horas, a US$24.307,10; o Ethereum 1,58% no mesmo período.

MERCADOS LOCAIS

-O índice EWZ, que replica as ações brasileiras no exterior, cedia 0,11% no pré-mercado americano.

-Os contratos de juros futuros na B3 podem seguir sustentados pela alta dos juros no exterior e pela expectativa de impacto na inflação da volta de impostos sobre os combustíveis.

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