Mercado local aguarda reunião do Conselho Monetário Nacional em meio a rumores sobre discussão de meta da inflação

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negou que a mudança na meta de inflação vá entrar na pauta da reunião

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Por Patrícia Lara

O mercado local abre à espera do encontro do Conselho Monetário Nacional, o primeiro sob o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, negou que a mudança na meta de inflação vá entrar na pauta da reunião, o que trouxe um claro alívio aos mercados. Ainda assim, investidores vão aguardar com atenção o desenrolar dos votos a serem definidos pelo CMN.

A discussão sobre o nível da taxa de juros continua na pauta, com potencial para mexer com os ativos. Ontem, em jantar com empresários, Haddad teria dito que “taxa de juros real de 8% no Brasil não tem explicação”, segundo relato do jornal O Estado de S. Paulo. O ministro participará do encontro do CMN hoje, a partir das 15h00, no Ministério da Fazenda, junto com o presidente do Banco Central, Roberto Campos, e a ministra do Planejamento, Simone Tebet.

Reações a balanços e a expectativa pelo resultado da Vale, que será conhecido após o fechamento, também estarão na ordem do dia. O mercado estará atento ainda à reunião da Americanas com credores na tentativa de avançar em acordos para renegociar dívidas, após o caso contribuir para apertar as condições para concessão de empréstimos

No exterior, os futuros dos índices acionários americanos operam perto da estabilidade após as bolsas subirem ontem sob efeito de sinais de resiliência da economia americana vindos de dados fortes do varejo. As bolsas europeias também avançavam, incluindo a de Londres, onde o índice FTSE-100 prolongava os ganhos após marcar outra máxima histórica de fechamento ontem diante de sinais de moderação da inflação.

Com o ambiente favorável ao risco, o Índice Dólar, que mede a variação da moeda americana ante principais pares, e os rendimentos dos títulos de dívida do Tesouro dos EUA cediam.

O contrato futuro do minério de ferro voltou a subir na Bolsa chinesa de Dalian após movimentos voláteis à medida em que o otimismo com medidas de suporte à economia se contrapõe à incerteza sobre as perspectivas de demanda da China.

Autoridades do país disseram, nesta quinta-feira, que pretendem elaborar políticas destinadas a estimular os gastos com habitação e destravar economias que os consumidores acumularam durante a pandemia. As iniciativas devem incluir esforços para incentivar os casais a terem mais filhos, após um declínio histórico da população da China no ano passado, segundo a Reuters.

O petróleo Brent prolongava queda ainda sob efeito do aumento dos estoques da commodity nos EUA.

Agenda de indicadores nos EUA tem como destaque o índice de preços ao produtos, início de novas construções e pedidos de seguro-desemprego, todos com divulgação às 10h30. No Brasil, o Tesouro promove leilão tradicional de título prefixado. O BC divulga o IBC-Br dezembro, às 9h00.

MERCADOS GLOBAIS

-O futuro do petróleo Brent para entrega em abril cedia 0,54%, a US$84,91 o barril.

-O minério de ferro subiu 1,8% na bolsa chinesa de Dalian, a 880 iuanes, ou o equivalente a US$128,43 a tonelada.

-O Bitcoin subia 1,28% nas últimas 24 horas, a US$21.821,30; o Ethereum avançou 2,48% no mesmo período.

MERCADOS LOCAIS

-O índice EWZ, que replica as ações brasileiras no exterior, subia 0,56% no pré-mercado americano.

-Os contratos de juros futuros na B3 podem ter uma sessão volátil, com atenções voltadas aos lotes do leilão do Tesouro e reações a declarações antes do encontro do CMN.

DESTAQUES

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que “é ilusório achar que reforma administrativa vai representar grandes cortes de despesa”. A afirmação foi feita em jantar promovido pelo grupo Esfera Brasil, em Brasília, ontem à noite. Segundo ele, a reforma administrativa não precisa ir na frente da tributária. (Valor)

Depois de dias de conflito com o Banco Central, a ordem no governo é baixar a temperatura e deixar o assunto fora do Palácio do Planalto, uma posição que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que liderou as críticas, vem sendo convencido a abraçar e que já adota desde a viagem aos EUA, apontaram fontes ouvidas pela Reuters. A avaliação dentro do governo é que o caminho está traçado para mudar a meta, mas, de acordo com as fontes, isso não será feito agora, mas em junho. (Reuters)

O Tribunal de Contas da União liberou nesta quarta-feira a privatização dos portos de São Sebastião, no Estado de São Paulo, e de Itajaí, em Santa Catarina. A decisão foi unânime. (CNN Brasil)

O setor de saneamento básico e o governo federal discutem os termos de um decreto para alterar a atual regulamentação da atividade e nova rodada de negociação ocorre hoje. As divergências referem-se a contratos das estatais que foram considerados precários pela nova lei e que as empresas públicas buscam regularizar. (Valor)

A rede de móveis Tok&Stok contratou a Alvarez & Marsal para fazer uma reestruturação financeira, de acordo com fontes do setor. Segundo uma fonte, a empresa já estaria recebendo ordens de despejo por falta de pagamento. (O Globo)

O Assaí registrou lucro líquido de R$406 milhões no quarto trimestre de 2022, queda de 23% em relação ao mesmo período de 2021. (Agências)

A B3 anunciou nesta quarta-feira que seu lucro líquido recorrente de outubro a dezembro somou R$1,17 bilhão de reais, queda de 4,9% ante mesma etapa de 2021 (Agências)

Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu, a inflação na Zona do Euro permanece “muito elevada”, e a autoridade monetária irá manter a elevação dos juros para suavizar pressões inflacionárias. Também segundo ela, o núcleo de preços permanece “muito alto”. (Reuters|)

AGENDA

-IBC-Br (Brasil) – O Banco Central brasileiro publicará os dados de dezembro do Índice de Atividade Econômica, considerado um indicador prévio de desempenho do Produto Interno Bruto. Divulgação: 09h00. Anterior: -0,55%. Consenso: 0,1%.

-PPI (Estados Unidos) – O Birô de Estatísticas Trabalhistas americano divulgará o Índice de Inflação ao Produtor de janeiro. Divulgação: 10h30. Anterior: -0,5%. Consenso: 0,4%.

-Manufatura (EUA) – O Federal Reserve da Filadélfia publicará o Índice de Manufatura de fevereiro. Divulgação: 10h30. Anterior: -8,9 pontos. Consenso: -7,4 pontos.

-Seguro-desemprego (EUA) – O Departamento de Trabalho americano divulgará os novos pedidos de auxílio-desemprego da semana encerrada em 11 de fevereiro. Divulgação: 10h30. Anterior: 196 mil. Consenso: 200 mil.

-Casas novas (EUA) – O Departamento de Censo americano publicará ao dados de construção de casas novas em janeiro. Divulgação: 10h30. Anterior: 1,337 milhões.

-Discurso do Fed (EUA) – O presidente do Fed de St.Louis, James Bullard; a integrante do comitê de governadores do Fed, Lisa D. Cook; e a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, falarão em eventos. Horário: 15h30, 18h00 e 20h00, respectivamente.

-Balanços (Brasil) – Lojas Renner, Vale, XP, Engie, Hypera, Sanepar e Auren publicarão os resultados