Mercado internacional recua antes de dados do emprego

Bolsa local segue atenta á reforma tributária

Pixabay
Pixabay

Por: Felipe Corleta

Os investidores mantêm as atenções voltadas para o andamento da Reforma Tributária no Brasil, após o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), dizer que pretende votar nesta quinta-feira o texto em primeiro turno. Ontem, o relator da proposta, deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), apresentou um texto que detalha como seria alterado o regime de impostos no Brasil.

Em um movimento que embaralha a perspectiva fiscal, Lira disse ontem na saída da Câmara que a discussão em torno do Projeto de Lei que restabelece o voto de qualidade no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) ficará para depois da Reforma Tributária na Casa. O problema é que o novo arcabouço fiscal, cuja tramitação melhorou as perspectivas econômicas e ajudou a derrubar os juros futuros e o dólar, só pode ser aprovado após a discussão do Carf.

Aguinaldo Ribeiro apresentou a nova proposta de Reforma Tributária ontem, redesenhando os pontos mais polêmicos do texto preliminar. Ele zerou as alíquotas sobre produtos da cesta básica, antes projetadas em 50% da alíquota geral, e acenou à bancada do agronegócio ao retirar o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) de aviões e veículos agrícolas.

A nova proposta prevê a criação do CBS, imposto federal que unifica PIS, Cofins e Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), e do IBS, imposto regional que unifica o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) e o Imposto sobre Serviços (ISS).

Os novos impostos seriam criados já em 2026, com um período de transição em que os atuais seriam reduzidos gradualmente até serem extintos em 2033. A proposta mantém o valor de R$40 bilhões por ano a serem desembolsados pela União para o Fundo de Desenvolvimento Regional. Às 11h00, Lira abre sessão para continuar a discussão sobre a Reforma, para levá-la ao Plenário às 18h00.

No exterior, as bolsas europeias, asiáticas e os futuros dos índices americanos operam em baixa, após a ata da última reunião de juros americana elevar receios com o ciclo de aperto monetário. O dólar operava estável ante a maioria das moedas observadas pela Mover.

Segundo relatórios de bancos de investimentos, a dinâmica dos mercados é de cautela antes da divulgação, amanhã, do relatório formal de emprego nos Estados Unidos, o Payroll, e dos dados preliminares do mercado de trabalho que saem hoje.

Entre as commodities, o minério de ferro subiu 1% na bolsa de Dalian, na China, a 829,5 iuanes (US$114,52), ainda na expectativa por estímulos do governo Chinês. O petróleo do tipo Brent subia 0,29%, a US$76,87 por barril, em sua quinta alta em seis pregões.

A agenda econômica trouxe como destaques o crescimento das encomendas à indústria alemã, de 6,4%, ante consenso de 1,2%. As vendas no varejo na Zona do Euro ficaram estáveis. Às 09h30, será divulgado o relatório privado de empregos ADP nos Estados Unidos, com consenso apontando para a criação de 228 mil vagas de trabalho. Também hoje, saem dados da abertura de vagas de trabalho do relatório JOLTs e o Índice de Gerentes de Compras (PMI) de serviços dos Estados Unidos.

Para mais informações, acesse os Panoramas Corporativo e Político no pré-abertura.

MERCADOS GLOBAIS

Perto das 07h00, o futuro dos índices Dow Jones, S&P500 e Nasdaq 100 caíam 0,43%, 0,41% e 0,37%, respectivamente. O pré-mercado indicava um dia mais pesado nos setores financeiro, tecnológico e metalúrgico.

O Índice Stoxx Europe 600 recuava 1,15%, com as ações de consumo, bancos e saúde liderando as perdas. O índice alemão DAX caía 0,98% e o britânico FTSE100 cedia 1,22%.

O dólar americano não tinha direção clara em relação às demais moedas observadas pela Mover. Algumas divisas de proteção de capital, como o iene japonês e o franco suíço, se valorizavam, assim como o ouro. O DXY operava estável.

Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de 10 anos, ou T-Notes, subiam 4,3 pontos-base, a 3,979% – maior patamar desde março.

Na Ásia, as bolsas fecharam em firme queda, com o índice HSI de Hong Kong derretendo 3,02% e o Xangai Composto fechando em baixa de 0,54%. O índice Nikkei 225 da bolsa de Tóquio tombou 1,70%.

Em mais um sinal de descorrelação com os mercados tradicionais, o Bitcoin sobe 1,32% nas últimas 24 horas, a US$31.097,30; o Ethereum ganha 1,05% no mesmo período.

MERCADOS LOCAIS

Bolsa: A abertura do índice futuro é incerta, mas com viés de baixa pelo exterior. A interpretação inicial dos agentes de mercado acerca da aceleração do trâmite da Reforma Tributária pode elevar a sensação de incerteza. O Ibovespa à vista fechou em 119.549 pontos na quarta-feira e encontra como suportes técnicos as médias de 9 e 21 dias, perto dos 118.500 pontos, e como resistência o nível máximo recente, em 120.518 pontos.

Câmbio: A dinâmica técnica do mercado aponta para continuidade de um movimento de correção das quedas do dólar, com a moeda em alta em seis dos últimos sete pregões. O futuro do câmbio encontra suporte nas médias de 9 e 21 dias perto de R$4,82 e resistência na média de 50 dias aos R$4,93.

Juros: Os contratos de juros futuros na B3 devem seguir o sentimento dos mercados com o cenário político embaralhado. Se, por um lado, a perspectiva de aprovação de uma Reforma Tributária poderia animar os investidores, por outro a incerteza sobre a tramitação do texto e a postergação das discussões do Carf e do arcabouço fiscal pressionam os prêmios para cima.

DESTAQUES

As mudanças promovidas no texto da Reforma Tributária trouxeram de volta o apoio de lideranças de partidos como o Republicanos e o União Brasil, elevando as chances de aprovação. (Folha)

O Marco Legal das Garantias, em discussão no Plenário do Senado Federal, pode destravar bilhões em crédito no Brasil, ao permitir o uso de imóveis com garantia de crédito e não apenas para financiamentos imobiliários. (Estado)

A ata da mais recente reunião do FOMC apontou para uma divergência entre os membros participantes: alguns defenderam uma elevação dos juros em 25 pontos-base, embora a maioria tenha endossado a manutenção da taxa básica como forma de ganhar tempo para avaliar os efeitos das dez altas consecutivas aplicadas desde 2022. (Mover)

O Bank of America acredita que o Ibovespa possa encerrar o ano no patamar de 135 mil pontos. O índice tem espaço para subir mesmo após a alta nos últimos três meses, visto que os valuations, ou preço, do índice e de alguns setores seguem descontados e atrativos, de acordo com relatório divulgado ontem. (Mover)

A Legacy Capital passou a deter posição comprada na bolsa brasileira em junho, com o bom momento da economia local, além dos potenciais efeitos da iminente queda de juros sobre os ativos, de acordo com carta divulgada aos cotistas esta semana. (Mover).

A Genoa Capital passou a apostar em um corte de 0,50 ponto percentual da Selic na reunião do Copom de agosto, diante de uma série de choques desinflacionários na economia local, segundo carta divulgada aos cotistas esta semana. (Mover).