Mercado externo opera com cautela antes de balanços nos EUA e com expectativa de desaceleração no ritmo de alta das taxas americanas de juros

Exterior reflete expectativa de desaceleração no ritmo de alta dos juros americanos pelo Federal Reserve, o banco central dos EUA

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Por Patrícia Lara

São Paulo, 23/1/2023 – As bolsas europeias sobem e os futuros dos índices acionários americanos operam perto da estabilidade antes de uma semana intensa em balanços corporativos nos Estados Unidos e após o mercado consolidar a expectativa de que o Federal Reserve, o banco central americano, deve desacelerar o ritmo de alta das taxas de juros no país diante de uma sequência de dados de atividade econômica abaixo das expectativas.

Essa leitura de desaceleração do ritmo de aumento dos juros pune o dólar americano e o Índice Dólar DXY, que mede a variação da moeda ante uma cesta de divisas pares, recua abaixo de 102 pontos. Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de dez anos estão perto da estabilidade, ao redor de 3,48%.

No Brasil, a crise da Americanas continua no epicentro das atenções e o trio de principais acionistas da empresa publicou uma nota, neste domingo, em que dizem não ter tido conhecimento das inconsistências contábeis que levaram ao rombo bilionário da companhia. No documento, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, afirmam que estão empenhados “em trabalhar pela recuperação da empresa, com a maior brevidade possível, focados em garantir um futuro promissor”.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarcou ontem na Argentina para sua primeira viagem internacional, onde se encontrará com o mandatário do país, Alberto Fernández, e com um grupo de empresários.A Argentina é o terceiro principal destino das exportações brasileiras e também a terceira principal origem das importações feitas pelo Brasil, segundo o Ministério de Relações Exteriores.

Ainda na política, Lula demitiu no sábado o comandante do Exército, em desdobramento dos atos de invasão de prédios públicos em Brasília há duas semanas. O general Júlio César de Arruda foi exonerado e o cargo será ocupado pelo atual comandante do Sudeste, o general Tomás Miguel Ribeiro Paiva.

A agenda do dia traz a pesquisa Focus com as projeções dos economistas para os principais indicadores econômicos, após uma semana conturbada por declarações de Lula sobre a meta de inflação, o que antecipou uma tensão com o Banco Central, que persegue a meta fixada pelo Conselho Monetário Nacional.

No exterior, a semana é marcada pelas celebrações do Ano Novo Lunar chinês, que manteve várias bolsas fechadas hoje na Ásia e deixará o mercado da China sem negócios até a próxima segunda-feira. Com os feriados, não há referência firme para o preço do minério de ferro, tirando um importante balizador para os preços das ações da Vale e de siderúrgicas brasileiras.

Já o petróleo Brent era negociado em alta, próximo dos US$88 o barril. O cobre era cotado próximo da máxima em sete meses depois que a mina de cobre Antapaccay da Glencore, no Peru, suspendeu as operações na sexta-feira, após manifestantes atacaram as instalações pela terceira vez este mês, disse a gigante global de commodities, enquanto continuam os protestos no país contra a nova presidente, Dina Boluarte.

DESTAQUES

Após o presidente Lula questionar duas vez a autonomia do Banco Central na semana passada, o mercado está de olho na indicação do próximo diretor de política monetária. É a primeira vez que há escolha de um nome para o cargo desde que foi aprovada a lei que garante a autonomia do BC. Para esta semana está marcada uma reunião entre Haddad e o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, e, segundo fontes, o ministro da Fazenda busca nomes de forma consensual, enquanto a ala mais radical do PT e próxima a Lula quer que o presidente imponha as primeiras trocas de diretorias do BC. (Scoop by Mover/Valor)

O Brasil não tem nenhum plano de iniciar conversas com a Argentina para a adoção de uma moeda única latino-americana, nos moldes do euro, segundo fontes, conforme vem sugerindo o ministro da Economia do país vizinho, Sergio Massa. Em entrevista ao “Financial Times” publicada no domingo, Massa disse que os dois países decidiram “começar a estudar os parâmetros necessários para uma moeda comum. A discussão seria para a criação de uma moeda virtual para ser usada bilateralmente em transações financeiras e comerciais. (Valor)

Na sexta-feira passada, o Scoop by Mover já tinha adiantado junto a uma fonte ligada ao Itamaraty que o Brasil tem discutido com a Argentina o aprimoramento e a ampliação do Sistema de Pagamentos em Moeda Local, sistema internacional administrado pelo Banco Central do Brasil com os BCs da Argentina, Uruguai e Paraguai. (Scoop by Mover)

Em sua primeira viagem internacional no atual mandato, Lula participará, amanhã, da VII Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos, em Buenos Aires, em um ato que marca o retorno do Brasil ao grupo após três anos de afastamento do mecanismo. Segundo o Ministério de Relações Exteriores, a presença de Lula ratifica a importância central que o novo governo brasileiro confere às relações com a região e à integração latino-americana. (Mover)

No Peru, o governo fechou por prazo indeterminado o acesso a Machu Pichu em meio aos protestos que pedem a renúncia da presidente atual e a volta de Pedro Castillo, que sofreu impeachment e foi preso após tentar fechar o Congresso. (Mover)

Nos EUA, qualquer interrupção na alta de juros dependerá do comportamento da inflação, avaliou Christopher Waller, diretor do Federal Reserve, na sexta-feira. Ele, que é membro votante do Comitê Federal de Mercado Aberto, que toma as decisões de juros no país, também mostrou-se favorável a elevar os juros em 25 pontos-base na reunião de fevereiro. (Mover)

Seria a “maior tragédia” para a economia global os bancos centrais não terminarem o processo de ciclo de alta dos juros que começou a combater uma inflação persistentemente elevada nos mercados globais, avaliou Larry Summers, ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos, na sexta-feira. (CNBC)

EMPRESAS

Os acionistas de referência da Americanas, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, divulgaram uma nota pública negando que tivessem conhecimento de “quaisquer manobras ou dissimulações contábeis na companhia”. O trio de bilionários também disse que o comitê independente terá condições de apurar os fatos que redundaram nas inconsistências contábeis, bem como de avaliar a eventual quebra de simetria no diálogo entre os auditores e as instituições financeiras. (Agências)

O Santander Brasil informou a renúncia de Sergio Rial à presidência do conselho de administração. Ele tinha assumido o colegiado em 1 de janeiro de 2022, após sete anos como diretor executivo da instituição financeira. A vice-presidente do conselho banco, Deborah Vieitas, assumirá as funções até a Assembleia Geral Ordinária marcada para 28 de abril. (Mover)

Cotado para a presidência da Petrobras, o senador petista Jean Paul Prates negocia indicações para compor as diretorias da petroleira, incluindo o ex-diretor da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Brasil, Sérgio Leite, com quem tem sociedade em empresas, para a diretoria financeira, disseram fontes. Outros nomes seriam William Nozaki, Aurélio Amaral, Maurício Tolmasquim, William França, Claudio Schlosser, Magda Chambriard e Alcides Santoro, ainda segundo fontes. (Reuters)

A Natura &Co vai focar no crescimento de margens e na geração de caixa ante o crescimento das vendas, descartando discussões sobre programas de expansão ou novas geografias, disse Fábio Barbosa, CEO da companhia, em entrevista. (Financial Times)