Legacy vê risco de intervenção do governo em preços administrados e vende NTN-Bs

A gestora de recursos apontou risco de intervenção pelo governo

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Por: Artur Horta

A Legacy Capital, uma das principais gestoras de recursos do Brasil, está vendendo sua posição em Notas do Tesouro Nacional atreladas à inflação (NTN-Bs), por acreditar que há riscos significativos de intervenção do governo nos preços de serviços e produtos com reajustes definidos por contratos ou regulados pelo setor público, também chamados de preços administrados.

Em carta a cotistas sobre o desempenho dos seus fundos em fevereiro, a Legacy afirmou que as NTN-Bs “são particularmente perigosas em um ambiente de repressão financeira, que pode envolver maior intervenção do governo em preços administrados”.

A Legacy informou estar se desfazendo dos poucos lotes que detém desses títulos e que manteve posições vendidas no real e na bolsa brasileira, configurando um viés negativo para os preços dos ativos.

Chefiada pelo ex-diretor de Tesouraria do Santander Felipe Guerra, a gestora acredita que a inflação no Brasil tem dado sinais de estabilização em um patamar elevado, entre 5,5% e 6,0% ao ano. “A atividade econômica corrente ainda não dá mostras de contração, mas os índices de confiança em baixa, o aumento na inadimplência no crédito às famílias e às empresas, e o efeito do aperto monetário sugerem que em breve teremos sinais mais concretos nessa direção”, diz um trecho da carta. Para a Legacy, tal contração deve levar a uma nova rodada de pressão do governo sobre o Banco Central, para que este relaxe a política monetária.

A gestora também está cética com o novo arcabouço fiscal que deve ser apresentado pelo governo nas próximas semanas. “As indicações a seu respeito que vêm sendo veiculadas na mídia sugerem que ele será consistente com crescimento real da despesa superior a 2% ao ano, ritmo que implicará o crescimento acelerado da dívida.”

Segundo o time da asset, não há qualquer indicativo de que o arcabouço incluirá medidas compensatórias ou limitadoras de despesa no caso de eventual descumprimento da meta. A Legacy avaliou ainda que, “sem medidas punitivas como estas, qualquer meta ou arcabouço fiscal não passa de uma carta de boas intenções, perdendo quase a totalidade de seu valor”.

O Legacy Capital B FIC FIM rendeu 1,18% em fevereiro, equivalente a 128% do CDI. Nos últimos 12 meses, o veículo acumula retorno de 18,89%.