Juros prolongam forte alta após fala de Lula sobre Banco Central

Dólar futuro também sobe; exterior opera com cautela à espera do relatório do mercado de trabalho Payroll nos EUA

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Por Patrícia Lara

As taxas dos contratos futuros de juros abrem em forte alta após novas declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com críticas ao Banco Central. Mercado reflete ainda ambiente internacional cauteloso com balanços e espera pelo relatório do mercado de trabalho dos Estados Unidos, às 10h30. O dólar futuro subia, mesmo com a desvalorização da moeda americana ante maioria dos principais pares no exterior.

O DI com vencimento em Jan/25 subia 5 pontos, após ter avançado 28 pontos-base no fim da quinta-feira, acelerando uma alta que era de 18,5 pontos-base até o encerramento da sessão regular. A taxa do contrato Jan/27 avançava 13 pontos-base, a 13,04%; o de Jan/29, 14 pontos-base, a 13,21%; e o de Jan/31, 14 pontos-base, a 13,30%. Perto das 9h28, o dólar futuro operava em alta de 0,56% na B3, a R$5,101, enquanto o Índice Dóla cedia 0,16%, a 101,57 pontos.

Lula disse, em entrevista ontem à RedeTV!, não haver razão para a manutenção da taxa de juros em 13,75%. “Quero saber do que serviu a independência. Eu vou esperar esse cidadão (Campos Neto) terminar o mandato dele para a gente fazer uma avaliação do que significou o banco central independente”, disse Lula, que disse que inflação de 4,5% e 4% está de bom tamanho se a economia crescer. O presidente afirmou que não está na sua pauta uma mudança na autonomia do BC, mas sim da taxa de juros.

“Estratégia do presidente está atrapalhando os objetivos do governo”, disse Rogério Braga, sócio gestor da Quantitas, atribuindo a reação dos juros aos comentários de Lula.

No fim do dia de ontem, antes da entrevista ser divulgada na íntegra, as taxas dos contratos futuros já mostravam reação para cima em meio a pequenos trechos que já estavam sendo veiculados. Os juros prolongam efeito da mensagem mais dura do Comitê de Política Monetária do BC na quarta-feira, que esvaziou a expectativa de início do alívio da taxa básica Selic neste ano, levando muitas casas e bancos a revisarem seus cenários, passando prever que a primeira redução dos juros se materializará apenas em 2024.