Por Luca Boni
As taxas dos contratos de juros futuros e o dólar encerraram a sessão desta quarta-feira (28) em alta no Brasil, com investidores repercutindo declarações de banqueiros centrais no último dia do Fórum do Banco Central Europeu, em Sintra, Portugal – em especial as sinalizações de retomada nas altas dos juros americanos –, e no aguardo da reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) amanhã.
Os DIs com vencimentos em Jan/25 subiram 2,0 pontos-base a 10,99%, e os contratos para Jan/27 e Jan/31 avançaram 7,0 pbs e 5,0 pbs, a 10,39% e 10,87% respectivamente.
No Fórum do BCE, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse ser “certamente possível” que se concretize o cenário de recessão econômica nos EUA, embora ele não seja o “mais provável”. Powell também repetiu em Sintra que a maioria dos membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) vê duas altas dos juros americanos ainda neste ano.
Além de Powell, os presidentes do Banco Central Europeu, do BC da Inglaterra e do BC do Japão foram unânimes em dizer no evento que o foco das autoridades monetárias neste momento deve ser atingir as metas de inflação, e não discuti-las.
No cenário local, a expectativa é de substituição do atual ano-calendário pelo regime de metas de inflação contínuo na reunião de amanhã do CMN, segundo fontes ouvidas pela Mover. A mudança de meta central de inflação para 2024 e 2025 não é esperada, apesar de não ser considerada uma surpresa caso ocorra, de acordo com os economistas.
O dólar à vista avançou 1,09% ante o real, a R$4,8506, pelo segundo dia consecutivo. Em uma cesta de 22 divisas observada pela Mover, o real registrou o quarto pior desempenho ante o dólar.
A moeda americana operou em alta perante seus pares ao longo do dia. Perto das 17h00, o Índice DXY, que mede a variação do dólar frente a divisas fortes, avançava 0,43%, aos 102,9 pontos.
O real foi pressionado pelo fortalecimento do dólar no exterior e pelo recuo das commodities. Ainda que o petróleo Brent futuro esteja avançando, os contratos futuros de soja, milho, café, trigo e açúcar caíram mais de 2% hoje.
“Além do exterior e das commodities, existe aqui um movimento de proteção interna com a possível saída de investidores estrangeiros, que estão voltando para as suas origens para o fechamento do semestre”, afirmou o diretor de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik.