São Paulo, 27/11/2024 – A equipe de estratégia em ações para América Latina do banco americano JP Morgan reduziu ontem recomendação para Brasil, e disse preferir exposição ao México, por ver um ´Dia da Marmota´ nas preocupações fiscais do maior país da região.
O relatório cita filme de 1993 estrelado por Bill Murray em que o protagonista se vê acordando eternamente no mesmo dia – no Brasil, o nome foi ´O Feitiço do Tempo´. Para o JPM, esse é o sentimento em relação a temores com o fiscal no Brasil.
“Nos últimos dois anos o mercado tem visto ondas de preocupação no fiscal, e então o governo faz algo para aliviar a dor até que uma manchete atinge o fiscal novamente e então mais alguma coisa precisa ser feita”, escreveram os analistas.
“Neste estágio, acreditamos que seria muito ambicioso esperar mudanças estruturais que permitiriam estabilizar a dívida em um futuro visível…e, até que algo seja aprovado, o esforço provavelmente terá sido diluído”, acrescentou o JPM, mostrando algum ceticismo com o pacote fiscal em gestação no governo Lula.
Enquanto isso, o México “está relativamente mais barato e com lucros mais estáveis” para as empresas, e o país “merece o benefício da dúvida”, embora reformas institucionais do novo governo sejam monitoradas e apontadas como importante risco.
Os mexicanos, porém, estão reduzindo juros, enquanto o Brasil está aumentando, e deve levar a Selic a 13% até maio de 2025, destacou o JP Morgan.
Sobre tarifas prometidas pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump, os analistas do JPM disseram que não são necessariamente uma novidade e que o ´timing´ do anúncio acaba sendo bom, por “colocar o elefante na sala logo de cara”, permitindo negociações. “Continuamos vendo baixos riscos de uma tarifa ampla sobre as importações do México em geral”, escreveram os analistas.
AINDA SÃO ´COMPRA´
Apesar do maior ceticismo com o Brasil, que tem visto crescer o desânimo entre investidores estrangeiros, o JP Morgan disse ainda manter compra no setor de ´utilities´ do Brasil, com preferência para ações de Eletrobras e Sabesp, e em setor financeiro, com Itaú, Nubank, Porto Seguro e Stone.
“Em commodities, o banco está com recomendação de ´venda´ em geral, mas ainda gosta de Suzano.
O JPM, no entanto, alerta que o posicionamento de investidores em Brasil é “muito tênue, o que poderia rapidamente levar a um alto ´upside´ em caso de boas notícias”.
O banco americano também cita que uma eventual “bazuca fiscal” chinesa poderia ter implicações importantes sobre o mercado brasileiro, ajudando a impulsionar preços de commodities, e aumentando potencialmente alocação em emergentes.
(LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)