Inflação rege o mercado; Lula e Haddad viajam para a China

Saiba o que esperar do pregão desta terça-feira

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Por: Patricia Lara

A inflação está no centro das atenções dos investidores no Brasil e vai compor peça importante para ajuste das expectativas sobre se há espaço para corte da taxa básica de juros em meio a sinais de desaceleração da atividade econômica, enquanto o governo mantém pressão para início do alívio monetário. Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que continua achando que 13,75% é um patamar muito alto para a taxa de juros durante discurso em reunião ministerial de balanço dos 100 primeiros dias de governo.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março, que sai às 9h00, deve avançar 0,77% na base mensal, segundo levantamento feito pela Mover com 20 bancos e casas de análise, ante 0,84% registrado em fevereiro. Para o Credit Suisse, a inflação na comparação mensal deve ser explicada por preços mais elevados em gasolina e etanol, eletricidade residencial, alimentação fora de casa, reparação de automóveis, produtos de panificação e aves e ovos.

Hoje, Lula embarca para Lisboa, em Portugal, onde faz escala em seu caminho para uma visita à China, onde buscará consolidar as relações com o principal parceiro comercial do país.

E na virada do dia, a China abriu seus dados de inflação, que trouxeram a variação anual mais amena em 18 meses no mês de março, enquanto a recuperação da economia após a dura política de Covid zero permanece instável, o que pode abrir caminho para a adoção de mais medidas de estímulos pelo governo. O aumento anual do índice de preços ao consumidor ficou em 0,7%, abaixo das expectativas dos analistas de 1%, com o alívio da queda nos preços dos alimentos. Na base mensal, os preços ao consumidor caíram 0,3% em relação a fevereiro.

Na Europa, as bolsas sobem, com as mineradoras entre os destaques positivos. O DAX, referencial da Bolsa de Frankfurt, marca nesta manhã o maior patamar em 15 meses na volta do feriado prolongado de Páscoa. Os futuros dos índices acionários americanos apontam ganhos marginais antes da divulgação de dados de inflação ao consumidor americano amanhã.

O Índice Dólar DXY, que mede a variação da moeda americana ante uma cesta de divisas pares, se aprecia, rondando o patamar de 102,10 pontos. Os rendimentos dos títulos de dívida dos Estados Unidos de curto prazo avançam, enquanto as taxas longas recuam.

Em meio às expectativas com o dado de inflação americana, a Bitcoin atingiu a maior cotação desde junho do ano passado, superando os US$30 mil. Agora que a criptomoeda chegou a esse patamar, uma mudança para um nível mais alto será “provável” caso haja convicção no movimento, forçando os especuladores a descoberto a cobrir posições, além de estimular compras, disse James Lavish, sócio-gerente da Bitcoin Fundo de Oportunidades. “Alguns investidores estão tentando se posicionar antes disso”, disse ele à CNBC.

No mercado de commodities, o minério de ferro encerrou a sessão na Bolsa chinesa de Dalian em alta de 1,5%, a 798,50 iuanes, ou US$115,97 a tonelada, revertendo queda de 1,7% observada mais cedo, diante da preocupação sobre a oferta, já que um ciclone se desloca em direção ao porto de Hedland, um dos principais pontos de exportação do produto pela Austrália. Já o contrato do barril de petróleo Brent operava em leve alta, após recuar na véspera.

Na agenda doméstica do dia, além do IPCA, o Tesouro Nacional promove leilões de Notas do Tesouro Nacional – série B, com rentabilidade ligada à inflação, e de Letras Financeiras do Tesouro, com rendimento associado à taxa básica Selic.

Na agenda das autoridades brasileiras, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, viaja hoje para Washington, onde participa de encontro com investidores, organizado pelo Council of the Americas, e de reunião com Afonso Bevilaqua, diretor executivo no Fundo Monetário Internacional (FMI). Ambos eventos são fechados à imprensa. O FMI está promovendo o seu ciclo de reuniões da Primavera em Washington.

Já o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabriel Galípolo, segue com agenda em Nova York, onde ele participa nesta manhã de evento com investidores internacionais promovido pelo Itaú Unibanco. E a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), terá encontro com o líder do do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues, e com a senadora Daniella Ribeiro (PSD) para tratar do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) e do Plano Plurianual (PPA), às 12h15.

Nos Estados Unidos, vários membros do Federal Reserve, o banco central americano, falam em eventos durante o dia, incluindo Patrick Harker, presidente do Federal Reserve da Filadélfia, às 17h00, e Neel Kashkari, presidente do Federal Reserve de Minneapolis, às 20h30. As autoridades do Fed lidam com um cenário conflitante como base para sua próxima decisão de juros: de um lado, um mercado de trabalho que segue aquecido nos EUA. De outro, uma série de dados que indica esfriamento da atividade e um quadro financeiro incerto após a turbulência bancária de março.

Destaques

– Os municípios representados pela Frente Nacional dos Prefeitos querem que o governo federal antecipe em dois anos, até 2024, o pagamento de R$1,2 bilhão referente ao ressarcimento das perdas provocadas pela redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre os combustíveis no ano passado. (Valor)

– Os preços das apostas lotéricas ficarão R$0,50 mais caros. Para a Mega-Sena, a Lotofácil, a Quina e a Lotomania, os novos preços valerão a partir de 30 de abril. Para o Timemania e o Dia de Sorte, o aumento entrará em vigor em 3 de maio. De acordo com a Caixa, o reajuste foi necessário para repor a inflação acumulada desde novembro de 2019, quando ocorreu o último aumento. (Agência Brasil)

– Com o crescimento da inflação e a apreensão com a recessão como fator limitador de demanda, as empresas americanas devem ter a queda mais acentuada de lucros desde os estágios iniciais da pandemia, segundo projeções de Wall Street. As companhias com ações no índice S&P500 devem ter queda média de 6,8% no lucro do primeiro trimestre ante igual período de 2022, segundo levantamento da FactSet. (Financial Times)

– A mineradora de ouro americana Newmont elevou sua oferta pela rival australiana Newcrest para 29 bilhões de dólares australianos, o equivalente a US$ 19,5 bilhões, em uma tentativa de iniciar a consolidação do setor global de mineração de ouro. A Newmont abordou a empresa australiana, que já foi sua subsidiária, em janeiro, antes de lançar uma oferta de ações no mês seguinte. A oferta rejeitada avaliou a empresa em quase US$17 bilhões. (Financial Times)

– A BP adquiriu uma participação de 40% no projeto Viking CCS do Reino Unido da Harbour Energy, enquanto o governo procura acelerar os planos para desenvolver a captura e armazenamento de carbono. O projeto busca atingir até um terço da meta anual do Reino Unido de capturar 30 milhões de toneladas de dióxido de carbono até 2030, reaproveitando antigos campos de gás esgotados na costa da região de Humber. (Financial Times)

– O maior fundo de pensão da Suécia demitiu o seu presidente após perder US$2bilhões em aposta em um pequeno banco americano na sequência do colapso do Silicon Valley Bank e Signature Bank. O fundo Alecta, que tem US$110 bilhões sob gestão, informou nesta terça-feira que Magnus Billing foi demitido após as perdas prejudicarem a confiança na gestão dos ativos. (Financial Times)

– A transmissora de energia Taesa (TAEE11)disse que “não há qualquer decisão formal” sobre eventual oferta pública de novas ações ou debêntures, após questionamento da Comissão de Valores Mobiliários sobre reportagem do Brazil Journal, segundo a qual a companhia avalia levantar até R$2 bilhões com um follow-on. (Mover)

– A S&P rebaixou o perfil de crédito de duas emissões de debêntures da operadora de turismo CVC (CVCBR3) de ‘brCC’ para ‘D’, após o reperfilamento dos títulos com prorrogação do vencimento para 2026. “Vemos a transação como uma reestruturação de fato e equivalente a um default”, afirmou a S&P, acrescentando que reavaliará a qualidade de crédito da CVC “nos próximos dias”. A agência destacou, no entanto, que a conclusão do reperfilamento “beneficia a estrutura de capital e liquidez da CVC”. (Mover)