Por Eduardo Puccioni
O setor industrial brasileiro apresentou estabilidade, em linha com o projetado pelo consenso em dezembro, após resultado negativo de novembro. Com o atual número, o setor ainda se encontra 2,2% abaixo do patamar pré-pandemia, de fevereiro de 2020, e 18,5% abaixo do nível recorde, alcançado em maio de 2011.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o setor industrial apresentou variação nula em dezembro ante novembro, após um avanço negativa de 0,1% em novembro ante outubro. O consenso apontava para estabilidade na produção industrial de dezembro. Na comparação anual, a produção recuou 1,3%, ante expectativa de retração de 1,1%.
“Muito do crescimento de 2021, de 3,9%, tem relação direta com a queda significativa de 2020, ocasionada por conta do início da pandemia. Avançou em 2021, mas foi influenciada por uma base baixa de comparação e não superou as perdas de 2020”, explicou André Macedo, gerente da pesquisa.
O IBGE destaca que ao longo de 2022, o setor industrial respondeu às medidas de incentivo da renda realizado pelo governo federal, citando a antecipação do 13º para aposentados e pensionistas, liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), adoção de medidas de estímulo ao crédito, Auxílio-Brasil e auxílio concedido aos caminhoneiros.
“Ao longo do segundo semestre, essa resposta perdeu fôlego e a indústria teve um comportamento de menor intensidade e com maior frequência de resultados negativos”, afirma Macedo.
Entre as atividades, as influências positivas mais importantes vieram de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, com avanço de 3,4% e produtos farmoquímicos e farmacêuticos, com alta de 9,1%. A primeira registra o terceiro mês seguido de expansão na produção, período em que acumulou avanço de 6,8%. Já a segunda eliminou a queda de 0,4% verificada no mês anterior.
Outras contribuições positivas relevantes sobre o total da indústria vieram de produtos de metal, com alta de 5,6%, de veículos automotores, reboques e carrocerias, com avanço de 1,3%, de confecção de artigos do vestuário e acessórios, com alta de 8,0%, de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos, com crescimento de 4,7% e de couro, artigos para viagem e calçados, com avanço de 6,7%.
Por outro lado, entre as 15 atividades que apontaram redução na produção, produtos alimentícios, recuaram 2,6% e metalurgia, com retração de 5,1% exerceram os principais impactos em dezembro de 2022, com ambas interrompendo dois meses consecutivos de avanço, período em que acumularam expansão de 8,5% e 8,6%, respectivamente.