Por: Luca Boni e Gabriel Ponte
O Ibovespa encerrou a sessão desta sexta-feira em alta, impulsionado pela trajetória positiva do exterior, após o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, apontar em discurso que a política monetária já se encontra em território “bastante restritivo”. No Brasil, o presidente do Banco Central, Campos Neto, citou a melhora na expectativa de inflação pelo mercado.
O Ibovespa avançou 0,67%, aos 128.184 pontos, encerrando a semana com alta de 2,13%, e no maior patamar desde novembro de 2021. Além disso, o índice também opera cerca de 2,40% abaixo da máxima histórica, de 131.190 pts, atingida em junho de 2021. A sessão teve volume de R$20,89 bilhões, acima da média de 50 pregões.
Segundo o chefe de renda variável da A7 Capital, Andre Fernandes, o início do ciclo de corte dos juros nos EUA pode vir mais rápido do que precificado pelos investidores, movimento este que impulsionou o Ibovespa na sessão.
“Além disso, devido ao recuo dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano, os ativos de risco voltam a ganhar força, com o mercado precificando um cenário de ‘soft landing’ nos EUA”, completou Fernandes. Dados da Refinitiv indicam que os investidores projetam o início de cortes de juros pelo Fed em março, com as Fed Funds operando em nível inferior ao patamar de 4% ao fim de 2024.
Já no cenário local, investidores reagiram às falas de Campos Neto, em evento da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Segundo ele, as expectativas de inflação implícitas têm mostrado ligeira melhora. Campos também alertou que o ritmo de corte de 0,50 ponto percentual da Selic segue sendo “apropriado”.
Entre as ações, as maiores contribuidoras por pontos do Ibovespa foram as ON da Vale (VALE3), da Ambev (ABEV3) e da B3 (B3SA3), que avançaram 1,86%, 2,85% e 1,73%, respectivamente. As ações da mineradora subiram em linha com o salto do minério de ferro no mercado asiatico, após dados positivos de atividade econômica na China.
Em termos percentuais, os destaques foram das ON da Cielo (CIEL3), da Magazine Luiza (MGLU3) e do Grupo Soma (SOMA3), que ganharam 7,96%, 7,43%, e 7,37%, nesta ordem.
Na ponta oposta, figuraram as ON da Suzano (SUZB3), as ON e PN da Petrobras (PETR3, PETR4), que recuaram 3,76%, 1,33% e 0,67%, na sequência.
As PNA da Braskem (BRKM5) recuaram 5,85% após autoridades alertarem sobre risco de rompimento de uma mina da empresa em Alagoas. Já as petroleiras cederam em linha com a desvalorização do preço do petróleo tipo Brent.
BOLSA EUA
Os principais índices acionários de Wall Street encerraram em alta, após as falas de Powell consolidarem as apostas, entre operadores, de que os juros já se encontram em nível terminal no atual ciclo de aperto monetário. Os índices S&P500, Dow Jones e Nasdaq 100 avançaram 0,59%, 0,82% e 0,31%, respectivamente. Em termos semanais, os índices avançaram 0,77%, 2,42% e 0,10%, na quinta alta semanal consecutiva.
Em evento promovido pela Spelman College, em Atlanta, Powell apontou que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) seguirá procedendo com cautela em suas próximas decisões de juros. Powell também observou ser “claro” que a política monetária contracionista aplicada pelo Fed tem desacelerado a atividade dos EUA.
Ele apontou, entretanto, ainda ser “prematuro” concluir com confiança que os juros já se encontram em nível “suficientemente restritivo”, ou especular sobre quando a política monetária poderá afrouxar. Ao fim da tarde, derivativos negociados na Chicago Mercantile Exchange (CME) apontavam para 57,3% de chances de um corte de 25 pbs em março, ante 41,5% na véspera.
(LB + GP | Edição: Luciano Costa | Comentários: equipemover@tc.com.br)