Ibovespa sobe e dólar cai com PIB mais forte no Brasil e Payroll nos EUA; DIs seguem sem direção única

Confira a movimentação dos mercados nesta sexta (1º)

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Por Fabricio Julião

O Ibovespa operava em alta, impulsionado pela surpresa com o crescimento econômico brasileiro e pelo ambiente externo favorável ao risco. Dados do mercado de trabalho americano reforçaram a tese de que há espaço para interromper o ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos, o que estimula a procura por ações e ativos emergentes. Por volta das 12h00 desta sexta (1º), o Ibovespa subia 1,52%, aos 117.500 pontos.

O principal índice da bolsa brasileira tinha alta generalizada. Os papéis de empresas ligadas ao varejo figuravam entre as maiores altas percentuais, devido ao destaque do consumo das famílias na leitura do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre, que avançou 3,40%, acima das expectativas de 2,70% do mercado, na comparação ano contra ano.

“Esse crescimento se deu em virtude do aumento da Bolsa Família, do reajuste do salário mínimo, bem em linha com o cronograma atual do presidente, de uma parte mais assistencialista, então o consumo das famílias aumentou. A área de serviços também voltou a performar positivamente, com variação de 0,6%, e a indústria também foi positiva”, comentou o especialista em mercado de capitais, Dierson Richetti.

As ON da CVC, da Lojas Renner e do Grupo Soma subiam, respectivamente, 7,26%, 4,62% e 3,87%, e lideravam as altas percentuais do Ibovespa. As ON da Via chegaram a disparar mais de 7% no início do pregão com o bom humor acerca do varejo, mas arrefeceram o movimento e avançavam 2,36% perto das 12h00. 

A Vale era a que mais contribuía para o avanço do Ibovespa, com 565 pontos. As ON da mineradora aceleravam 4,03%, em linha com o otimismo na cena local e em reflexo da alta do minério de ferro no mercado asiático. Entre as principais empresas do índice, Petrobras PN, Itaú PN e Bradesco PN também subiam 0,59%, 1,00% e 0,60%, respectivamente.

Na outra ponta, apenas quatro ações registravam queda: as ON de Meliuz, da Marfrig, do Pão de Açúcar e da Vivo. 

EXTERIOR 

Os principais índices acionários dos EUA operavam em leve alta, em reflexo da expectativa pelo afrouxamento do aperto monetário praticado pelo Federal Reserve. A perda do poder de compra médio dos americanos e o aumento da taxa de desemprego no país registrados no Payroll de agosto reforçaram as apostas de fim do ciclo de alta de juros por lá, o que eleva o apetite por investimentos.

Perto das 12h00, o Dow Jones, o S&P 500 e o Nasdaq 100 avançavam, respectivamente, 0,33%, 0,13% e 0,10%.

O relatório de emprego urbano americano conhecido como Payroll registrou a criação de 187 mil postos de trabalho em agosto, acima do consenso de 170 mil. Ainda que a criação de vagas tenha vindo maior que o esperado, outros indicadores divulgados pelo Departamento de Estatísticas Trabalhistas americano rompem com os sinais de pujança do mercado de trabalho do país.

Segundo o relatório, a taxa de desemprego avançou 3,8% na base mensal e há 6,4 milhões de pessoas sem emprego no país. O ganho médio por hora trabalhada subiu US$0,08 ou 0,2% na base mensal, para US$33,82, abaixo do consenso de 0,3%. Na base anual, os reajustes foram de 4,3%, enquanto a estimativa apontava para alta de 4,4% no período.

Do outro lado do mundo, o mercado global recebeu com bons olhos as notícias de novos estímulos da China à economia. O país asiático anunciou a redução das taxas hipotecárias como forma de incentivar o mercado imobiliário, que vem passando por forte pressão nos últimos meses. Além disso, o banco industrial chinês informou que a taxa de depósito de 1 ano será cortada em 10 pontos base, a 1,75%, e a taxa de depósito de 2 anos será reduzida em 20 pontos-base, para 2%.

JUROS 

As taxas de contratos dos juros futuros não tinham direção única na sessão desta sexta-feira. Investidores reagem tanto a um possível fim do aperto monetário nos EUA – o que daria espaço para o Banco Central brasileiro seguir com o ciclo de baixas da Selic estimado –, quanto ao PIB maior que o esperado, o que pode fechar o hiato do produto, pressionar a inflação e afetar cortes futuros na taxa básica de juros. 

Por volta das 12h10, os DIs com vencimentos em jan/24 operavam estáveis, a 12,39%, enquanto os para jan/25 e jan/27 subiam 4,0 pbs e 1,0 pb, respectivamente, a 10,58% e 10,39%. Já os vértices para jan/31 recuavam 3,0 pbs, a 11,09%. 

Em relação ao PIB brasileiro, por um lado o indicador acima do esperado traz mais confiança ao mercado em relação ao cenário fiscal do país – alvo de ressalvas nesta semana após o anúncio de R$168 bilhões de despesas adicionais para o ano que vem. Além disso, a promessa de déficit zero presente no Orçamento entregue pelo governo ao Congresso ontem gera dúvidas quanto à factibilidade da meta a ser perseguida. 

Por outro lado, o viés de alta do miolo da curva dos DIs ocorre devido às expectativas de que, com uma economia mais resiliente, a inflação volte a acelerar e, consequentemente, ocasione mudanças na direção do ciclo de cortes da Selic. 

CÂMBIO 

O dólar caía ante o real em razão do maior apetite ao risco relacionado à divisa brasileira na sessão de hoje. A entrada de fluxo estrangeiro no país, refletida na alta do Ibovespa, valorizava a moeda brasileira em detrimento da americana. 

Perto das 12h10, o dólar à vista recuava 0,43%, a R$4,9346, enquanto o dólar futuro tinha baixa de 0,44%, a R$4,955. 

A moeda brasileira tinha o melhor desempenho ante o dólar em uma cesta de 22 moedas acompanhada pela Mover. Apesar de ceder perante o real, o dólar ganhava terreno frente a 17 das 22 divisas em questão, o que aponta para a busca no exterior pela moeda mais negociada do mundo. 

O Índice DXY, que reflete a variação do dólar americano diante de pares mais fortes e líquidos como o euro e a libra, subia 0,35%, aos 103.993 pontos.