Ibovespa (IBOV) derrete 2,3% após tom duro do Copom

Bolsa fecha abaixo dos 100 mil pontos, pior patamar desde julho de 2022

Mercados sobem com Fed no foco e China no radar
Mercados sobem com Fed no foco e China no radar

Por Luca Boni

O Ibovespa (IBOV) encerrou a sessão desta quinta-feira em forte queda, perdendo o patamar dos 100 mil pontos, pressionado por ações do setor Financeiro e da Vale. Investidores repercutiram o tom mais duro empregado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na decisão de juros de ontem e os consequentes ataques de membros do governo à autarquia.

O índice Bovespa fechou em queda de 2,29%, aos 97.926 pontos, pior patamar de pontos de fechamento desde a sessão de 18 de julho de 2022. O índice registrou o segundo pior desempenho deste ano, e apenas 12 dos 88 papéis que compõem o Ibovespa fecharam no campo positivo.

Mais cedo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse em entrevista que os integrantes do Copom “pagarão o preço pelo que estão fazendo”, em referência ao patamar elevado da taxa Selic, que foi mantida em 13,75% ao ano ontem pelo Copom.

Lula disse que quem tem que cuidar do destino do presidente do BC, Roberto Campos Neto, é o Senado, e afirmou que a autoridade monetária não está cumprindo com a sua função. “Ele só tem que cumprir a lei que estabeleceu a autonomia do BC. Ele precisa cuidar da política monetária, do emprego, da inflação e da renda do povo. É isso o que está na lei”.

Investidores ampliaram a aversão ao risco, com temores de que o confronto entre o BC e o governo escale para além do nível retórico. Pesou também sobre papéis ligados ao ciclo doméstico a perspectiva de manutenção de um custo de crédito elevado na economia brasileira, após o duro comunicado do Copom de ontem.

Os papéis ordinários da B3 recuaram 5,62% e os preferenciais do Itaú, 2,49%. O Índice Financeiro (IFNC) caiu 2,63%. Já os papéis ordinários da Vale cederam 2,57% e retiraram mais de 450 pontos do Ibovespa, na esteira da desvalorização de 2,01% do minério de ferro na bolsa chinesa de Dalian.

As ações dos setores de Varejo, Imobiliário e de Aéreo foram penalizadas pelo avanço das taxas dos contratos de juros futuros, após o Copom não sinalizar, de forma concreta, alguma perspectiva para o eventual corte da taxa Selic. Os ordinários da Magazine Luiza e da Via e os preferenciais da Gol foram uns dos principais destaques negativos do índice, despencando 13,37%, 7,04% e 10,08%, respectivamente.

Já as ordinárias da Embraer subiram 1,78% e lideraram as altas do índice, após agências de notícias informarem que o Brasil negocia a venda de aviões da companhia para chineses e que o negócio pode ser fechado na visita de Lula ao país asiático.