Ibovespa fecha em queda pressionado por Vale, Ambev e bancos

O Ibovespa encerrou o dia em queda de 1,20%, aos 112.073 pontos

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Por: Luca Boni e Gabriel Ponte

O Ibovespa fechou a quarta-feira em queda, com perdas disseminadas entre diversos setores. O índice afastou-se das mínimas intradiárias após discurso do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell,mas ainda assim terminou o dia em baixa de 1,20%, aos 112.073 pontos.

Na mínima intradiária, às 14h38, o índice alcançou 110.729 pontos, queda de 2,38%, momento em que os investidores aguardavam pela decisão de juros do Comitê Federal de Mercado Aberto.

Entre os destaques do dia, as ações ordinárias da Vale e Ambev recuaram 1,11% e 3,51%, respectivamente, desidratando o índice em cerca de 320 pontos. Após o fechamento do pregão de ontem, a mineradora reportou queda anual na produção de minério de ferro no quarto trimestre de 2022, fechando o ano com uma produção um pouco abaixo de sua meta , e mantendo a vice-liderança global na commodity siderúrgica, atrás da anglo-australiana Rio Tinto.

Já as ações da Ambev também registraram queda na sessão, após a notícia em coluna no site da revista Veja citar acusações da Associação Brasileira da Indústria da Cerveja, a CervBrasil, de que teria realizado “manobras tributárias”, o que foi veementemente negado pela companhia.

As ações de bancos também foram destaque negativo, refletindo o imbróglio envolvendo a Americanas. Segundo informou a Mover, a companhia entrou com uma petição na Justiça, em que acusa o BTG de ter agido com “conivência e culpa”. O banco negou a acusação. Ainda assim, as units do BTG cairam hoje 1,80%; enquanto as preferenciais do Bradesco cederam 1,93%; e preferenciais do Itaú recuaram 1,32%. Já as units do Santander, que divulga amanhã seu balanço relativo ao quarto trimestre, recuaram 5,53%.

Na ponta positiva, os papéis da BRF e da Eneva subiram 7,66% e 2,0%, respectivamente, adicionando cerca de 45 pontos ao índice.

O índice diminiuiu as perdas seguindo o comportamento do mercado externo, que reagiu à fala de Powell, que trouxe um tom mais “dovish” (menos inclinado ao aumento de juros). Ele reconheceu, em coletiva de imprensa, ser possível que a inflação americana retorne à meta de 2,0% sem uma desaceleração significativa da atividade econômica. “Podemos agora dizer pela primeira vez que o processo desinflacionário começou”, acrescentou Powell.

Antes, o comunicado da decisão do Fomc apontou que a inflação americana “diminuiu de alguma forma”, embora ainda permanecesse elevada. O Fed elevou os juros em 25 pontos-base, para o intervalo entre 4,50% e 4,75%, em linha com o consenso de mercado.

Ainda entre as empresas, Stone anunciou hoje que zerou sua posição no Inter, em uma operação em bloco na qual a ação do banco saiu a R$12,96, segundo apurado pelo Brazil Journal. Intermediado pela corretora do Citi, o leilão movimentou 16,8 milhões de BDRs, equivalente a R$217 milhões, cerca de 4% do capital do banco.

O dólar futuro passou a cair e encerrou em queda de 0,38% a R$5,081, no menor nível de fechamento do ano. Os contratos de dólar atingiram mínimas desde junho de 2022. Amanhã o Banco Central vai ofertar até 16 mil contratos de swap para rolagem de vencimentos em março, totalizando US$800 milhões, entre 11h30 e 11h40.

Amanhã, investidores ficarão atentos às decisões de juros do Banco da Inglaterrae do Banco Central Europeu, na manhã. No Brasil, o Tesouro também fará o leilão tradicional de LFT E NTN-F.

(Colaboração de Giovanni Porfírio e Clara Guimarães)