Ibovespa fecha em queda com críticas de Lula ao BC e perspectiva de juros alto no Brasil e nos EUA

O índice Bovespa fechou em queda de 1,47%, aos 108.523 pontos

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Por: Luca Boni e Clara Guimarães

O Ibovespa encerrou a sessão desta sexta-feira em queda, pressionado pelo mau desempenho das bolsas americanas após fortes dados de emprego nos Estados Unidos, que postergaram as perspectivas de corte de juros pelo Federal Reserve. Investidores repercutiram também as críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central, que sinalizou na última quarta-feira uma Selic elevada por mais tempo.

O índice Bovespa fechou em queda de 1,47%, aos 108.523 pontos. Desde segunda-feira, o Ibovespa acumulou desvalorização de 3,38%, interrompendo uma sequência de três semanas positivas. O índice apagou os ganhos do ano e acumulava queda de 1,10% em 2023 ao final da sessão de hoje.

As ações ordinárias da B3, Hapvida e Eletrobras desidrataram o índice em mais de 500 pontos. Já os preferenciais e ordinários da Petrobras e os ordinários da Suzano adicionaram quase 200 pontos.

As ações ordinárias da Suzano e as units da Klabin lideraram os ganhos percentuais, registrando altas de 2,87% e 2,27%, respectivamente. Ambas foram impulsionadas pelas projeções de choque de oferta no setor de papel e celulose devido a um incêndio de grandes proporções em uma importante fábrica da concorrente Arauco, no Chile.

No cenário político, Lula disse ontem em entrevista à RedeTV que não há razão para a manutenção da Selic. “Quero saber do que serviu a independência. Eu vou esperar esse cidadão (Campos Neto) terminar o mandato dele para a gente fazer uma avaliação do que significou o banco central independente”, disse Lula.

O sócio da Matriz Capital, Elcio Cardozo, chamou a atenção para o desempenho negativo dos setores mais sensíveis às altas de juros, como varejo, construção civil, transportes e tecnologia, após o tom mais duro adotado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) no comunicado após a decisão de juros da última quarta-feira, e as declarações de Lula na entrevista de ontem.

“O tom do pronunciamento não foi bem recebido pelo mercado, que esperava uma queda da Selic durante o ano. O tom do Copom foi bastante ‘hawkish’, indicando que, se necessário, não haverá queda na taxa de juros do país em 2023”, disse Cardozo.

Analistas consultados pela Mover também citaram a pressão do mercado acionário de Nova York, após o relatório do Payroll vir bem acima do esperado, indicando que o mercado de trabalho continua forte nos Estados Unidos, o que pode levar o banco central americano a subir o tom na batalha contra a inflação.

Segundo dados da Chicago Mercantile Exchange, as chances de um corte de juros pelo Fed ainda em 2023 caíram de cerca de 60% para em torno de 30% após a divulgação do menor índice de desemprego desde 1969.

No mercado de câmbio, o dólar futuro fechou em alta de 1,93% na B3, a R$5,170, próximo das máximas da sessão, emendando a segunda alta consecutiva e revertendo todas as perdas registradas no início da semana. Os contratos futuros acumularam alta na semana de 0,67%.

Na próxima semana, investidores seguem atentos à divulgação de balanços do quarto trimestre de 2022, com destaque para os resultados de Itaú, Bradesco, Klabin e BB Seguridade. Entre os indicadores econômicos, o destaque será a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de janeiro.