Ibovespa fecha em alta impulsionada por Vale (VALE3) e Wall Street

O Ibovespa fechou em alta de 0,60%, aos 102.923 pontos

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Por Luca Boni

O Ibovespa (IBOV) encerrou a sessão desta quinta-feira em alta, impulsionado pela Vale. As ações da Petrobras recuaram e minimizaram os ganhos do índice. Investidores repercutiram uma série de dados de atividade econômica local e a bolsa brasileira seguiu o bom desempenho das americanas.

O Ibovespa fechou em alta de 0,60%, aos 102.923 pontos, interrompendo uma sequência de três quedas consecutivas. A sessão registrou fraco volume de negociação, de R$17,5 bilhões, abaixo da média de 50 pregões.

As ON da Vale subiram 2,12%, mesmo após a mineradora reportar resultados abaixo das expectativas no primeiro trimestre, em balanço divulgado ontem após o fechamento dos mercados. Hoje, a Vale informou a venda da sua participação na MRN, maior produtora e exportadora de bauxita do Brasil, o que possibilitou a eliminação de despesas anuais de até US$2 bilhões.

As ON da 3R Petroleum dispararam 11,91% e registraram um alto volume de negociação, apesar do balanço do primeiro trimestre divulgado ontem ter sido considerado fraco. A petroleira independente reportou lucro líquido de R$16,1 milhões entre janeiro e março, revertendo o resultado negativo de R$335,2 milhões do primeiro trimestre do ano passado. Analistas estão otimistas com as perspectivas futuras da 3R, que apontam para a conclusão da compra do Polo Potiguar, da Petrobras, e a normalização da produção.

O Índice Imobiliário da B3 avançou 3,21%, após o Supremo Tribunal Federal (STF) ter suspendido o julgamento sobre os índices de correção do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) na tarde de hoje. O tema tem influenciado as ações de construtoras na bolsa. As ON da MRV e Tenda ON subiram 8,59% e 8,43%, respectivamente.

Na ponta oposta, a Petrobras ON e PN caíram 2,66% e 2,43% na mesma ordem, retirando mais de 300 pontos do índice.

As ON da Petz recuaram 4,87% e lideraram as quedas percentuais do Ibovespa, após analistas do JPMorgan terem rebaixado a recomendação dos papéis de “compra” para “neutra”, reduzindo o preço-alvo em mais de 40%, de R$13 para R$7,50.

A forte alta dos principais índices acionários em Nova York hoje foi impulsionada pela divulgação de balanços corporativos positivos, que corroboraram para o Ibovespa encerrar no azul.

Segundo o estrategista de investimentos da Matriz Capital, Lucas de Caumont, o resultado da Meta no primeiro trimestre surpreendeu positivamente o mercado, deixando os investidores otimistas, apesar do Produto Interno Bruto (PIB) americano ter mostrado desaceleração, para uma taxa anualizada de 1,1% no primeiro trimestre, abaixo do consenso, que apontava expansão de 2%, e ante 2,6% no quarto trimestre.

Dólar

O dólar desvalorizou frente ao real nesta quinta-feira, encerrando as negociações abaixo de R$5, em sessão marcada por alta volatilidade. A moeda americana perdeu força perante seus pares emergentes devido a receios de uma recessão mais profunda nos Estados Unidos.

Ao fim da sessão, o dólar à vista fechou em queda de 1,56% na B3, cotado a R$4,9801.

A variação na taxa de câmbio ocorreu em razão da divulgação de dados da atividade econômica dos EUA. Mais cedo, o Departamento do Comércio americano informou que o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre subiu 1,1%, ante consenso de elevação de 2%. O dado mostrou a desaceleração da economia do país, que havia crescido 2,6% no quarto trimestre de 2022. Já os pedidos de seguro-desemprego caíram e atingiram 230 mil na semana encerrada em 22 de abril, abaixo do consenso de 248 mil, o que também mexeu com o sentimento global de investidores.

“Os indicadores vieram mistos, por isso, não há uma direção certeira. A queda do dólar está muito ligada à aversão ao risco menor aqui e lá fora. Quando os ativos de risco sobem, o dólar, que é um ativo de segurança, acaba perdendo força”, explicou o analista da Escola de Investimentos Rodrigo Cohen.

Os DIs encerraram a sessão desta quinta-feira em direções distintas no Brasil. A cauda mais curta fechou em alta, em razão da desaceleração mais fraca do mercado de trabalho brasileiro, após o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) apontar a abertura líquida de 195.171 postos de trabalho em março, acima do consenso do mercado, de 100 mil. A leitura dos dados fez os agentes financeiros apostarem na alta prolongada dos juros no curto prazo, devido à resiliência da economia com o remédio amargo de Selic em um patamar elevado há muito tempo.

As taxas dos contratos de juros futuros mais longos mantiveram a trajetória de queda dos últimos dias, com sinais de recuo nos preços do atacado. Os DIs de longo prazo refletiram a deflação de 0,95% do Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) em abril, mais forte que a redução de 0,74% esperada pelo consenso, indicando que a derrocada da inflação em algumas cadeias produtivas pode chegar em breve ao consumidor.