Por: Patricia Lara e Luca Boni
O Ibovespa arrefecia o viés altista, tentando se manter acima do patamar dos 109 mil pontos, após tocar 110 mil mais cedo, impulsionado pelas ações da Petrobras e pressionado pela Vale. Investidores seguem repercutindo declarações do relator do projeto do arcabouço fiscal, Cláudio Cajado (Progressistas), na entrega do relatório à Câmara dos Deputados mais cedo e a divulgação de balanços corporativos.
Por volta das 12hoo o Ibovespa subia 0,14% a 109.186 pontos, caminhando para registrar a nona alta consecutiva. O volume de negócios projetado para a sessão é de R$26,5 bilhões, acima da média de 50 pregões.
Cajado apresentou hoje na Câmara um texto substitutivo e mais rígido, com mudanças importantes em relação ao original. Em sua apresentação, o relator afirmou ter confiado que as receitas previstas serão alcançadas pelo governo. “Os dados são factíveis, mas o marco fiscal não cuida dessa questão da receita, se forem frustradas.” afirmou.
As ON e PN da Petrobras avançavam 2,73% e 3,39%, respectivamente, com o anúncio de corte de preços dos combustíveis amenizando a alta mais cedo após a estatal apresentar sobre a nova estratégia para definição de preços, priorizando o custo alternativo do cliente e valor marginal para a companhia.
Segundo fontes disseram à Mover, o mercado já esperava que a política de Preço de Paridade de Importação (PPI), praticada desde 2016 fosse abandonada pelo novo governo, mas imaginava que a nova política de preços minasse os lucros da companhia. “Não foi o que aconteceu. Ao que tudo indica, eles trocaram seis por meia dúzia e essa mudança etérea é muito boa para os acionistas, que continuarão recebendo sua fatia sobre a lucratividade”, disse uma fonte que pediu para não ser identificada.
“É preciso tempo para comparar preços praticados com os valores do mercado internacional, e também impacto dos resultados”, disse Wagner Salaverry, gestor da Quantitas.
As ON da Hapvida saltavam 10,79%, liderando as altas percentuais do Ibovespa, e as ON da Rede D’or, 6,79%. Ontem, ambas reportaram lucro acima do consenso no primeiro trimestre.
Na ponta oposta, as ON da Vale perdiam 1,52%, na contramão do minério de ferro que subiu 1,12% na bolsa chinesa de Dalian na madrugada. O índice de Materiais Básicos da B3 recuava 1,11%.
As ON da Magazine Luiza despencavam 15,98%, projetando um forte volume de negociação e caminhando para registrar a maior queda desde novembro de 2021. Ontem, a varejista registrou prejuízo líquido no primeiro trimestre, acima do previsto pelo consenso Mover.
As ON do Banco do Brasil recuavam 1,85%, figurando entre as maiores quedas percentuais do índice. Ontem, após o fechamento do pregão, o banco estatal registrou lucro líquido no primeiro trimestre levemente abaixo do consenso Mover.
JUROS
As taxas de contratos de juros futuros operavam em alta nesta terça-feira, seguindo o rendimento das Treasuries americanas e com os anúncios sobre o arcabouço e Petrobras no radar. Os DIs, que subiram acentuadamente após os anúncios da nova regra fiscal e seguindo os títulos do Tesouro dos EUA, arrefeceram a alta por volta das 11h20, após a divulgação de corte de preços de combustíveis pela Petrobras.
Dados mostrando crescimento do setor de serviços também ajudam no movimento. O setor teve expansão de 0,9% em março, ante fevereiro.
Às 11h45, os DIs mais negociados com vencimento em Jan/25 tinham alta de 2 pontos-base, a 11,69%, enquanto os DIs com vencimento em Jan/33 subiam 12 pbs, a 11,83%.
O relatório sobre o marco fiscal anunciado foi mais duro que o apresentado inicialmente pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sem surpresas em relação ao que foi divulgado hoje de manhã pelo parlamentar.
“Acho mais uma realização natural dos DIs. O movimento de fechamento (das taxas) foi bem forte nas últimas semanas na ponta longa e tem alguns players ainda com certa dúvida da aprovação dentro do próprio PT desse arcabouço. Achando muito rígido”, disse Paulo Nepomuceno, operador da Terra Investimentos.
Para Bruno Marques, sócio gestor de fundos multimercados da XP, o mercado devolve um pouco o movimento da véspera. “Além dos dados fortes do setor de serviços”, completou.
O Tesouro Nacional voltou a elevar a oferta de títulos com rentabilidade atrelada à taxa básica de juros Selic e também à inflação, em meio a sinais de lentidão na desaceleração das pressões inflacionárias e de dados que mostram atividade ainda firme no Brasil, o que impede que o mercado antecipe a expectativa de alívio monetário.
O Tesouro anunciou e colocou integralmente a oferta de 500 mil Letras Financeiras do Tesouro (LFTs) para 2026 e 2029. O volume foi maior do que o oferecido na semana passada, quando a oferta totalizou até 300 mil LFTs e, na rodada anterior, em 2 de maio, quando o lote foi de 150 mil.
Também foram vendidas todas as 2,8 milhões de Notas do Tesouro Nacional – Série B (NTN-Bs).
CÂMBIO
O dólar era negociado em alta frente ao real, interrompendo a sequência de cinco sessões em queda e após a moeda à vista ser cotada abaixo de R$4,90 ontem.
Por volta de 12h35, o dólar futuro subia 0,51%, a R$4,935, enquanto o á vista subia 0,74% a 4,9261. A moeda americana subia perante 18 de 22 pares dentro de uma cesta de moedas acompanhadas pela Mover,
No mesmo horário, o Índice DXY, que acompanha o movimento do dólar diante de moedas fortes, subia 0,24%, a 102.67 pontos.
EXTERIOR
Os principais índices acionários em Wall Street operavam mistos com investidores atentos às discussões sobre o teto da dívida. Agentes de mercado também repercutem balanços corporativos e indicadores econômicos.
Perto das 12h00 o Dow Jones e o S&P500 recuavam 0,64% e 0,33%, já o Nasdaq 100 avançava 0,13%. Os rendimentos dos títulos do Tesouro americano de dez anos avançavam 4,7 pontos-base, a 3,555%, e os de dois anos, 6,5 pontos-base a 4,080%.
A atenção entre os investidores estão principalmente voltada para os avanços sobre a discussão sobre o teto da dívida. A secretário do tesouro americano, Janet Yellen, reafirmou ontem a possibilidade de um calote histórico caso não ocorra um acordo entre a Casa Branca e o Congresso.
Divulgado mais cedo, as vendas no varejo aumentaram 0,4% em abril, abaixo do consenso de 0,8% dentro de um cenário de uma política econômica contracionista, inflação e custos de crédito altos.
A manhã foi marcada ainda por falas de integrantes do Federal Reserve.
As ações da Home Depot recuavam 1,52%, arrefecendo parte das perdas registradas no início da sessão. A grande empresa de varejo nos EUA divulgou seu balanço referente ao primeiro trimestre e decepcionou os analistas depois de cortar suas perspectivas para o ano, mostrando que a incerteza econômica está levando a uma retração nos gastos com melhorias residenciais.